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BARREIRO – Agressor de mulheres foi internado compulsivamente

O caso do ‘monstro do Barreiro’ foi levado na noite de terça-feira à Assembleia Municipal extraordinária do concelho, e foi neste órgão que um dos elementos do grupo de intervenção cívica «Acção Contra a Violência de Género – Barreiro», explicou que o homem está «internado compulsivamente».

João Pedro Silva, explicou que “este movimento cívico foi criado depois da manifestação que teve lugar frente ao Tribunal do Barreiro contra Bruno Miguel Costa, um homem que há quinze anos anda a espancar mulheres no concelho do Barreiro e contra quem a Justiça nada fez.”

O munícipe explicou depois que “Bruno Miguel Costa está neste momento internado compulsivamente no Hospital do Barreiro, na ala de psiquiatria. Mas ao longo destes anos foi várias vezes internado mas continuou a cometer os mesmos crimes.

Foram feitas 50 queixas ao longo destes anos e devem existir mais que não o fizeram, mas estas mulheres viram os seus casos arquivados. É isso que este movimento quer que não torne a acontecer, que este caso ou outros não caiam no silêncio.”

No período aberto à população, interveio ainda Catarina Correia, de 19 anos, que frisou o fundamento da criação deste grupo cívico “criado devido a este caso, mas queremos abranger mais situações de violência de género. É cansativo não poder andar sozinha na rua por apenas ser mulher, porque há um indivíduo a agredir mulheres na rua e o Tribunal nada faz. Do que estão à espera? De um acto desesperado de um qualquer familiar? Temos direito de viver em paz e liberdade.”

Catarina Correia foi assediada pelas redes sociais pelo homem “no dia 16 de Setembro, mas a que não respondi só apresentei queixa na PSP”.

‘Senti que ia morrer ali’

Marta Ferreira foi outra das jovens que foi atacada pelo ‘monstro’, no dia 28 de Setembro, situação que levou depois à organização da manifestação frente ao tribunal do Barreiro.

Visivelmente emocionada, a jovem relembrou com dificuldade o espancamento que sofreu às mãos de Bruno Miguel Costa. “Nessa sexta-feira, saí da escola e apanhei o barco para o Barreiro, porque tinha combinado ir almoçar com uma familiar em Lisboa. Era suposto ser um dia feliz e não foi isso que aconteceu. O Bruno seguiu-me do barco até ao Chiado e quando entrei no prédio entrou atrás de mim, fechou a porta do prédio e começou a esmurrar-me, sem dizer uma única palavra.

Só tive tempo de gritar pela minha vida e senti o que ninguém deve sentir, que ia morrer ali. Ouviram os meus gritos, e ele fugiu, mas como havia umas obras por perto, o agente da PSP que ali estava apanhou o Bruno, mas apenas o identificou e deixou-o ir.

Fiquei com vários hematomas e decidi mostrar isso nas redes sociais, e por isso recebi ameaças do Bruno que me ia matar e que as mulheres do Barreiro mereciam todas morrer.”

A jovem lamentou ainda que “de todas as outras vítimas com quem tenho falado, a resposta é sempre a mesma às queixas que apresentaram: o processo tem sido arquivado”, e fez questão de falar “das feridas de que custa mais falar, as que ficaram por dentro, porque as da pele curam-se. Despedi-me do meu trabalho, tenho medo de estar na escola e em casa sozinha, tenho pesadelos de noite e ninguém me ajuda com isto.

Estou aqui porque quero fazer um apelo: quero sentir-se segura na rua. Eu vivo com medo como todas as dezenas de vítimas do Bruno Miguel Costa. E não faz sentido o que nos diz a PSP para gritarmos e não andarmos sozinhas, porque como mulher e como pessoa estou farta de ser oprimida e não ter liberdade. Há um mês fui eu, daqui a outro mês pode ser a vossa filha, irmã ou mãe. Se tivessem parado com isto há quinze anos, não estávamos aqui hoje nem esta conversa existia.”

No final das intervenções, André Pinotes, presidente da Assembleia Municipal do Barreiro, agradeceu “a vossa coragem porque não é fácil vir aqui expor essa situação e à vossa associação dizer que estamos disponíveis para procurar respostas, mas dizer também com franqueza que uma das piores coisas em política é dizer que temos uma solução quando não a temos. Os relatos que trouxeram aqui são arrepiantes e acreditem que ninguém ficou indiferente ao que aqui disseram.

O Estado falha aqui onde não pode falhar e aquilo em que nos podemos comprometer é que vamos reunir extraordinariamente com os líderes de bancadas e ver que coisas concretas podemos fazer, porque além de políticos também temos áreas profissionais diversas. Não vos podemos dar palavras doces, porque isso seria desrespeitar a vossa vinda aqui, porque não temos soluções, mas iremos ver o que podemos fazer por vós.”

 


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