Opinião

Vacinas – entre a esperança e o medo!

Uma crónica de Isabel de Almeida.

Portugal iniciou hoje, dia 27 de Dezembro de 2020, a campanha de Vacinação contra a Covid-19, iniciando-se o processo de vacinação pelos profissionais de saúde e ainda pelas equipas que asseguram o trabalho em lares.

Nota positiva para as autoridades de saúde na divulgação e sensibilização da população nacional relativamente à administração da vacina, porquanto foi devidamente respeitado o livre arbítrio e auto-determinação de cada indivíduo sendo aconselhada a vacinação esta é gratuita mas facultativa, deixando a cada um de nós, Portugueses, o poder de decidir quando nos sentimos preparados para aderir a tal campanha de vacinação.

É certo que a vacina é, por todo o mundo, um factor transversal comum que alimenta a esperança numa solução ao menos a médio prazo para o controle da pandemia, com a expectativa de ser criada a tão propalada imunidade de grupo que permitiria ir atenuando, gradualmente os perigos inerentes ao contágio crescente.

Todavia, as opiniões, as crenças pessoais e o resultado final de decisões individuais dividem-se entre quem deseja, desde já, aderir à vacinação, e entre todos aqueles que receiam ser ainda precoce por receio de não se encontrarem ainda totalmente definidos e conhecidos os riscos de inoculação da vacina, bem como o grau efectivo (e não apenas previsto cientificamente) da sua eficácia, bem como a necessária relação de risco/benefício quanto à administração.

Esta dualidade de opiniões e decisões na fase pandémica que agora vivenciamos parece-me perfeitamente razoável, humano e compreensível, também por força de diversas variáveis contextuais diferentes inerentes a cada pessoa e ao respectivo modo de vida, meio profissional e familiar onde se mova. Há que ponderar prós e contras, e entendo ser de suma relevância que cada pessoa possa procurar avaliação dos riscos pessoais tendo em devida consideração o historial clínico e o risco potencial de infecção versus risco potencial de que algo possa correr menos bem em termos de reacção à vacina. A decisão de ser ou não vacinado deve, com toda a pertinência e legitimidade, e uma vez que se trata de um procedimento médico, ser tomada de forma consentida mas devidamente informada após uma análise casuística.

Naturalmente ciente de que o mundo não é perfeito e de que nem sempre será viável proceder a esta avaliação prévia e individualizada dos prós e contras da vacinação para cada utente do SNS, tanto mais que a pressão é elevada, estamos numa corrida contra o tempo, e mal estamos ainda a tentar compreender as estirpes iniciais do Corona Vírus, já surgem, infelizmente, relatos de novas estirpes com formas de contágio ainda mais rápidas para a sua propagação.

Na minha opinião é razoável e natural que seja nos meios clínicos, na primeira linha e ainda entre os profissionais que trabalham em lares ou outras estruturas de prestação de cuidados a idosos ou a diversas faixas etárias da população, que seja percepcionada uma necessidade imediata de recorrer à vacina, também porque o risco de contágio é, desde logo, elevado em termos probabilísticos pelos perigos de exposição em massa e sem receitas mágicas para o evitar. Aliás, há já relatos conhecidos de pessoas que foram infectadas pese embora respeitassem à risca todas as medidas de protecção recomendadas. O que mais assusta e faz pensar e reconhecer a gravidade de lidarmos com um inimigo invisível, silencioso e…para agravar o cenário, que já não estava brilhante, é mutante!

A verdade é que, por ironia de um génio maligno à boa maneira de Descartes, vamos terminar este anus horribilus exactamente como o começámos, divididos entre a esperança e o medo!


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