Opinião

“UM OLHO NO BURRO, OUTRO NO CIGANO”

Esta semana Bruno Fialho fala-nos no estado atual em que se encontra o Estado da Nação.

Já sei que alguns vão criticar a escolha do título, porque hoje em dia, à mínima coisa, tudo é considerado preconceituoso, discriminatório ou racista, mas eu não alinho nessas idiotices de quem não quer que se continue a utilizar alguns provérbios portugueses, como este, ou expressões similares, para daí tentarem retirar proveitos políticos ou pessoais.

Tenho o mesmo princípio para as estátuas ou monumentos, mas esse assunto não é o que me leva a escrever hoje.

O meu texto é sobre as acções e comportamentos de um líder de um partido político que faz da comunidade cigana um dos seus alvos preferidos, responsabilizando-a por quase todo o mal que acontece em Portugal e como se os seus membros fossem os únicos a receber o RSI (Rendimento Social de Inserção), por isso, o título adequa-se.

No início da pandemia esse partido quis confinar uma determinada comunidade cigana, tendo sofrido uma enorme contestação de quase todos os partidos políticos, em particular daqueles que têm assento na Assembleia da República.

Concordo que em Portugal existem problemas graves com alguns membros da comunidade cigana, tal como existem com outras comunidades ou em determinados bairros, onde a própria polícia, às vezes, tem medo de entrar, o que é inaceitável.

Todavia, os únicos responsáveis pela perpetuação dos problemas com a comunidade cigana ou outras, foram os sucessivos governos do PS e do PSD, com algumas ajudas do CDS pelo meio, que sempre estiveram mais interessados em garantir empregos para os “boys” do que resolver os problemas do país.

Relembro que o líder do partido que tem como alvo preferido a comunidade cigana esteve no PSD muitos anos, até sair, devido a uma birra, porque não era escolhido para lugares de destaque.

Acontece que esse líder partidário, que é contra os ciganos e outras minorias, barafusta muito, mas produz quase nada e tem conseguido enganar alguns portugueses com slogans que têm “muita parra e pouca uva”, pois, até hoje, ainda não apresentou qualquer medida que fosse legal ou exequível e que pudesse ajudar a resolver os problemas que existem com a comunidade cigana ou a situação do país.

É fácil atirar areia para os olhos das pessoas apresentando medidas que são inconstitucionais, fazendo-se posteriormente de vítima, gritando que só ele quer eliminar “os parasitas”, o crime e a corrupção, quando na verdade, já como deputado, continuou a trabalhar para uma firma especializada em ajudar os clientes a escapar aos impostos em Portugal, prejudicando o país.

A medida apresentada sobre a castração química, que qualquer aluno do primeiro ano de direito sabe que é inconstitucional, quanto mais um professor da faculdade, é disso um exemplo flagrante.

A castração química não resolve o problema para ninguém e também não permite salvaguardar as crianças dos pedófilos ou as mulheres dos violadores.

Pugnar pelo aumento das penas de prisão dos agressores sexuais e pela impossibilidade de estes poderem ter direito a uma pena suspensa é exequível e não fere a nossa Constituição. Então, porque não se tenta este caminho?

Eu digo o porquê! Desejo de protagonismo fácil, pois é mais cativante falar em castração química, do que apresentar medidas que são possíveis de ser aplicadas.

O povo diz e com razão: “com papas e bolos se enganam os tolos”. Pois, o que dizer do programa desse partido que, caso fosse governo, propõe aumentar os impostos aos trabalhadores que auferem entre 800 e 1.500 euros e reduzir os daqueles que recebem mais de 4.000 euros? Ou que quer facilitar os despedimentos para criar mais emprego? Ou que ambiciona privatizar o Sistema Nacional de Saúde?

Penso que ninguém deseja passar pelo mesmo que está a suceder com a família da funcionária do lar de Reguengos de Monsaraz, que viu o seguro recusar pagar pela sua morte.

Será que alguém, no seu perfeito juízo ou que não seja milionário, quer que sejamos iguais aos Estados Unidos da América em questões de saúde, em que são os seguros que decidem quem vive e quem morre?

Só estes 3 temas do programa fariam qualquer português menosprezar esse partido, mas parece que as pessoas só vêem o ódio que é destilado pelo seu líder, quase como se estivéssemos no Coliseu de Roma Antiga a festejar a morte dos gladiadores.

Eu também ambiciono acabar a subsidiodependência, mas existem formas legais de obrigar a trabalhar quem não o quer fazer ou travar a concessão de subsídios como o RSI, em vez de mandar ideias surrealistas para o ar.

Nesse sentido, o que dizer sobre o líder desse partido que anda há meses a falar sobre a Festa do Avante, mas já realizou e ainda tem agendado vários jantares/sunset onde estiveram e estarão presentes milhares de apoiantes?

E se lhe contar que a “rentrée” desse partido se realizou no local onde uma semana antes tinha sido proibida uma festa particular e não o vimos a criticar essa situação de discriminação, como o vemos a atacar a Festa do Avante?

Na política existem muitas máscaras, mas a pior, na minha opinião, é a que mascara a falta de honestidade que alguém pode ter com os portugueses.

Assim, temos de ficar sempre com “um olho no burro e outro no cigano” para não sermos enganados.


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comentário

  1. Se a estupidez fosse música, quem escreveu este artigo seria o maestro de uma orquestra de músicos falhados

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