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‘Saúde é um direito Setúbal merece respeito!’

Foi sob este mote que cerca de três dezenas de pessoas se reuniram na tarde deste sábado frente ao Centro Hospitalar de Setúbal, “para lutar por um tratamento digno neste Hospital, que enfrenta várias dificuldades”, referiu ao Diário do Distrito Dina Castanheiro, uma das organizadoras do protesto.

Entre os problemas indicados “está o facto de chover na zona das urgências, a falta de macas e de cadeiras de rodas, de batas, lençóis e cobertores. Há muita falta de material cirúrgico e sabemos que até algum do que tem vindo a ser comprado, é de tão baixa qualidade que não pode ser utilizado.

A somar a isto, a urgência é assegurada por uma equipa de jovens que acabaram agora os cursos e que foram literalmente jogados aos lobos. Por isso a nossa urgência está a entrar em caos total.”

Mas segundo Dina Castanheira, os problemas estendem-se “à oncologia e pediatria, que estão em vias de fechar por falta de condições e de pessoal”.

O protesto teve como objectivo “levar o Ministério da Saúde a abrir os olhos para esta situação e que faça alguma coisa. Não podemos ficar à espera até 2023 para que o Hospital no Outão seja vendido e passe para aqui, e sejam feitas as tais obras de alargamento e reabilitação que andam a prometer.”

Segundo Alexandre Correia, outro dos organizadores, “estamos também aqui para dar voz a Setúbal e mostrar que temos uma voz activa na resolução dos problemas, mas também dar uma voz aos profissionais de saúde, mal apoiados e que sofrem represálias quando tentam dar a conhecer o que se passa.

Já não estamos a pedir, neste momento estamos a exigir e que nos digam o que se vai passar até 2023, se vão ou não reforçar todo o pessoal médico e auxiliares de saúde.”

Leitura do Manifesto dos Médicos

Alexandre Correia explicou também que “o ano passado o Orçamento de Estado não tinha verba para as tais obras, de repetente este aparece, um valor de cerca de 17 milhões de euros, mas que estava dependente da venda do Outão, ao abrigo do Programa REVIVE.

A meio deste ano já se falava em 1,800 milhões de euros para ampliar o hospital, depois esse valor não era suficiente e passou a 13 milhões, mas desde o ano passado até agora nada foi feito.”

Deu ainda um exemplo concreto “em que na passada semana tive de vir às urgências de pediatria com o meu filho de dois anos, a pulseira verde tinha três horas de tempo de espera, e a meio tiveram de vir as enfermeiras com sopas para dar às crianças que aguardavam atendimento. Acabei por ter de sair sem ser o meu filho ser atendido, mas o que podia fazer? Virar-me contra as enfermeiras que têm de fazer serviço de auxiliares?

Mas é isso que o Governo está a pretender, que as pessoas critiquem os profissionais, mas as populações devem vir para a rua defender quem nos salva a vida. Bater as palmas e monumentos é muito giro, mas não chega.”

O protesto durou cerca de uma hora, com a presença de elementos da Associação Portuguesa dos Técnicos Auxiliares de Saúde e do grupo Motard de Setúbal, além de vários médicos do Hospital S. Bernardo.

As intervenções contaram com a leitura de um manifesto dos médicos do Centro Hospitalar, o qual alerta para o decréscimo de médicos em várias especialidades, frisando que «os 87 médicos que pediram a demissão das funções de direção, chefia e coordenação têm o apoio da esmagadora maioria dos seus colegas. Não se despediram e mantêm a actividade clínica e toda a assistência que conseguiram prestar.

Estamos a defender o SNS. Apenas pretendemos condições dignas para atender e tratar a tempo nas melhores condições, quem nos procura.

Queremos trabalhar no SNS e não nos estão a deixar. Estamos com vocês, este alerta é por vocês e por todos nós, pessoas de Setúbal, de Sesimbra, de Palmela, Alcácer e todas as outras que nos procuram.

Opomo-nos à perda de especialidades e competências. Batemo-nos para que o CHS seja reclassificado e promovido para um nível acima. Só assim poderemos aumentar o grau de diferenciação com especialidades necessárias, algumas ainda inexistentes. Só assim, o Hospital pode ser financiado pelo que faz e deixe de ser uma fonte de prejuízo, cada ano que passa».

No final, Dina Castanheira agradeceu aos presentes e à PSP, e deixou uma promessa: “se não formos ouvidos, iremos fazer mais protestos. Setúbal é capital de distrito e tem de ter um serviço de saúde à altura. E deixo um recado à ministra Marta Temido: isto vai ter de mudar e não iremos desistir.”


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