Opinião

PROFESSOR, PROFISSÃO: DURO!

Uma crónica de Bruno Fialho

Se viu o filme de 1989 “Profissão: Duro”, em que o protagonista era o saudoso Patrick Swayze, irá perceber parte dos perigos a que hoje em dia os nossos professores são sujeitos.

E se esta semana muitos julgavam que seria obrigatório falar sobre a questão da aplicação STAY WAY COVID, apenas digo que  isso é o que o Governo mais deseja, que se fale e debata uma aplicação que não faz aquilo que se imagina, ou seja: não avisa imediatamente se estamos perto de alguém que está infectado e não diz qual o local onde estivemos em contacto com alguém infectado, entre outras incongruências.

Por tudo isso, recuso-me a entrar neste circo que António Costa montou para desviar as atenções do Orçamento do Estado, pelo que, prefiro falar sobre um assunto muito mais interessante do que uma aplicação obsoleta, ou seja, a profissão de professor.

Assim, hoje vou abordar a situação dos professores, que de profissão muito respeitada no passado, devido às políticas de facilitismo escolar e social ou à falta de apoio e respeito dos sucessivos governos, passou a ser olhada de lado por muitos portugueses

As políticas de desculpabilização, quer dos pais quer dos alunos, a falta de punição daqueles que os desrespeitam, bem como a retirada de autoridade, ajudaram a tornar a profissão de professor uma das mais duras do mundo.

Desde Março que as políticas deste governo no combate à pandemia nas escolas aumentaram os riscos que os professores sofrem diariamente, seja por causa das contraordenações (multas em dinheiro) que já foram aplicadas a alguns docentes que foram acusados por alunos ou pais de alunos de não terem a máscara bem colocada e foram sancionados sem direito a contraditório, ou porque são obrigados a usar máscaras durante todo dia, com efectivos prejuízos para a sua saúde, ou porque passaram a ter horários ainda mais desregulados e com uma permanente disponibilidade, ou porque passaram a ser obrigados a pagar ainda mais material escolar do seu próprio bolso, entre outras situações dantescas.

Mas se escrevo sobre os professores, permitam-me que deixe algumas considerações sobre o que se passa com as nossas crianças.

Muitos dizem que as crianças são o nosso maior tesouro, mas poucos são aqueles que efectivamente as defendem como elas merecem ou necessitam.

E se havia, ou há para alguns, receio que as crianças possam ser infectadas pelo vírus, por que razão não se fizeram testes semanais aos professores desde Março?

Ou porque é que se manteve o mesmo número de funcionários e professores nas escolas, se dizem que querem dar os melhores cuidados às nossas crianças?

Quem conhece a realidade dos estabelecimentos escolares em Portugal sabe que é impossível cumprir a maior parte das regras estabelecidas pela DGS e pelo Governo, mas, na minha opinião, é criminoso obrigar as crianças a usar máscaras nas salas da aula, visto que não respiram de frente umas para as outras, ou exigir que mantenham o distanciamento social no recreio, já que as privamos dos afectos e de serem felizes, com o risco de ficarem com cicatrizes profundas ao nível psicológico.

Mas regressando ao tema principal, que é a profissão de professor, não posso aceitar que um docente tenha de se sujeitar a humilhações diárias sem que o aluno seja exemplarmente punido, ou que o professor tenha receio de ser atacado pelos pais do aluno, somente porque o colocou de castigo ou o repreendeu, ou que os alunos possam passar de ano sem terem adquirido os conhecimentos mínimos, criando dificuldades nas aulas dos anos seguintes, ou dezenas de outras situações que os professores não merecem passar.

Antigamente era professor quem tinha essa vocação, hoje em dia ainda acredito que assim seja, pelo menos para a maioria, mas cada vez é mais difícil cativar alguém a prosseguir numa carreira na qual não tem segurança, seja ela laboral, social ou física, que não aufere um salário justo, porque muitas vezes está deslocado e tem de pagar duas casas sem ter contacto diário com a sua própria família ou porque os sucessivos governos os têm enganado.

Ser professor não é apenas ter a profissão: Duro. É ser alguém que estabelece vínculos afectivos com os nossos filhos e que também pode ser um modelo para eles.

Um professor pode fazer a diferença na vida de centenas de crianças, quantas profissões podem dizer o mesmo?


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