Opinião

Nesta estrada?

Nesta estrada vulgarmente coberta pelo alcatrão trivial e suas respetivas marcas brancas que permitem uma certa ordem passam carros. Uns de modelo mais recente e outros seus antecessores passam a velocidades diferentes.

No interior desses mesmos carros encontram-se pessoas ou, pelo menos, o tão necessário condutor. Condutor esse que, por vias que desconhecemos, almeja chegar a um destino, seja ele qual for. Para isso, enfrenta a estrada.

Essa mesma estrada que representa a distância entre um local e outro, no entanto, para quem a frequenta, essa estrada será também a estrada que encerrará a distância. A condição para que exista uma solução é o problema criado e a consequente vontade de o ultrapassar. Faz o pisca. Acelera. Cuidado.

A distância é o que queremos que ela seja. Naturalmente, e falando de um modo talvez físico, a distância em concreto existe, porém a atuação perante esta é, no fim de contas, o que definirá a sua existência. O problema criado tem em si mesmo a solução. O tempo e a História tratarão disso. Mãos no volante. Atenção à gasolina. Cuidado.

Quantas vezes não estamos perto de tanta gente mas distantes, noutro lugar, noutra hora, noutra distância e seu caminho? Da mesma forma que alguém está perto mas distante, é possível que alguém distante se sinta mais perto da sua ausência em relação à sua vontade de onde queria estar. Costuma dizer-se que o desconhecido é temido. A distância é conhecida. Olha a velocidade. Atenção à curva. Cuidado.

Em certas situações bem queriamos a distância perto e a proximidade distante. Nem sempre, ou até raramente, é assim. A distância está onde tem que estar e, na maior parte das vezes, assim o é. Até porque se quisermos a distância perto podemos muito bem construi-la dessa forma. É possível. Basta fazermo-nos à estrada. Pode começar a chover. Reduz a velocidade. Cuidado. Enganaste-te no caminho? Não era por aqui? Tudo bem. Haverá, então, outra distância por percorrer para além desta. E isso contará quando vires o destino final. Começou a chover. Não aceleres tanto. Cuidado.

Com que então a distância agora será, inevitavelmente, maior depois de tanta estrada percorrida…claro. Mas então não era só fazermo-nos à estrada? Não. Nunca foi. Seria até peculiar excluir qualquer outro modo de percorrer distâncias. Podes voar até lá. Podes apanhar o comboio. Podes ir de barco. Todavia, não é disto que estamos a falar, pois não? Estradas, aviões, comboios, barcos…nada disto. A distância não é, concretamente, a estrada, não é a rota aérea, não é a linha ferroviária e não é o caminho marítimo. Nunca foi. O meio usado para a percorrer é indiferente. Não ligues a quem te ultrapassa. Larga o telemóvel. Cuidado.

A distância somos também nós porque a entendemos. Sem esta razão a distância não seria senão um mero conceito. Somos o que compreendemos. Tudo está em nós porque, tal como sucede na nossa vida, tudo nascerá, viverá e morrerá para dar lugar a outro ciclo. A distância, fisicamente falando, separa um ponto de outro. Podemos é fazer dessa distância o que bem desejamos e daí ela ser o que queremos que seja. O ponto pode ser um Ser Humano, uma Faculdade, uma Casa, numa Entrevista de Emprego, um Familiar, um Amigo, um Sentimento. Já falta pouco para chegares. Desliga o rádio. Cuidado.

Se fossemos esperar pelos meios existentes que percorrem distâncias bem podiamos esperar. Quem percorre a distância somos nós. Chegaste. Tens outras distâncias a percorrer.

Percorre. Distância maldita que engana tanta gente.


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