Mais de 4800 abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa, anuncia comissão independente
O pedopsiquiatra Pedro Strecht, da comissão independente que investigou os abusos sexuais na Igreja, revelou esta segunda-feira de manhã os números do estudo. No total, foram validados 512 testemunhos, havendo um total de 4.815 vítimas, sendo que apenas 25 casos foram reencaminhados para o Ministério Público.
Foram também identificados sete casos de suicídios cometidos pelas vítimas, informou a Comissão Independente, decidida pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em Novembro de 2021.
A investigação decorreu ao longo de todo o ano de 2022, integrando figuras sem ligação à Igreja, entre outros, um antigo ministro da Justiça, uma socióloga e uma assistente social.
Mal começou a operar em Janeiro surgiram numa semana mais de uma centena de denúncias. Até Outubro, já eram mais de 400. Pedro Strecht avisava que o número seria muito maior. A janela temporal dos casos começa em 1950, abrangendo vítimas que têm hoje 88 anos. Isso significa a prescrição para grande parte das vítimas. Mas outros testemunhos foram enviados para o Ministério Público (25), para a abertura de processos penais.
Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria foram os distritos onde se registaram mais casos, sendo que há “verdadeiras zonas negras” no país, como “certos seminários ou instituições religiosas”. O estudo indica que os crimes ocorreram sobretudo em seminários, colégios internos, instituições de acolhimento, confessionários, casas do padre e também no exterior, tais como agrupamentos de escuteiros.
O documento foi entregue este domingo à Conferência Episcopal Portuguesa, presidida pelo bispo José Ornelas. Para dia 3 de Março está marcada uma assembleia plenária para analisar em conjunto as implicações do relatório, que pode ser consultado na íntegra aqui.
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