AlmadaReportagem

Hospital Garcia de Orta comemora 28.º aniversário com jornalistas

O Hospital Garcia de Orta está a comemorar o 28.º aniversário da sua construção, com diversas iniciativas, que se iniciaram esta segunda-feira, com um debate sob o tema «As Boas Notícias não são notícia?».

O deabate teve como convidados os jornalistas José Manuel Fernandes (Observador), Anabela Gois (Rádio Renascença), Paulo Santos (Correio da Manhã e CMTV), Paulo Martins (Professor ISCSP) e Eduardo Cintra Torres (comentador jornalista), com moderação de Vanessa Gil.

O objectivo do debate foi de que os profissionais de saúde compreendessem o olhar e a forma de trabalho dos jornalistas e também o motivo porque são mais procuradas e divulgadas as notícias com carácter menos positivo, do ponto de vista dos profissionais, quando é depois dado menor ênfase a outras notícias de feitos alcançados pelas equipas hospitalares.

Isso foi o tema do discurso de abertura de Luís Amaro, presidente do Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, ao dar exemplos de “temas muito positivos, que considero dignos de serem transmitidos pelos meios de comunicação social, que ocorreram neste hospital, como os desenvolvimentos em medicina nuclear, em operações com lasik, mas que depois recebem apenas, quando recebem, duas a três linhas nos jornais.

Com este debate, pretendemos pensar um pouco ‘fora da caixa’ e saber a forma como somos vistos, mas também o que podemos fazer para melhorar essa ligação, estabelecendo pontes entre o Hospital e a comunicação social, mas também como podemos exigir que a informação que é divulgada, seja fidedigna.

Mas também quero agradecer pela forma como outras notícias são divulgadas, e que ajudam a desbloquear certas situações junto do Governo, levando a que sejam tomadas as decisões que aguardamos.”

José Manuel Fernandes frisou a necessidade de “explicarem as coisas aos jornalistas, procurando ser didáticos, e terem a certeza de que este vos compreendeu. Actualmente a formação no jornalismo é muito generalista e poucos são os que se especializam em algum assunto. E depois há que ter em conta que «boas notícias não são notícias»”.

Para Paulo Martins “o rigor é um valor ético, mas por vezes, nos dias de hoje com a informação digital, muitos caem no erro de querer dar primeiro a notícia e nem sempre com os dados correctos. O que é necessário é coerência na notícia, porque se é necessário denunciar o que não está bem, a obrigação dos média é também servir de ponte entre os dois lados: os cidadãos que querem ser devidamente informados e o alvo da informação.”

Já Paulo Santos considerou que “não há boas nem más notícias, há notícias. A diferença está naquelas que têm apetência de leitura. Os jornais vivem das notícias e daqueles que os compram. Mas também têm de nos dar a informação, até nos casos em que são aqui tratadas figuras públicas.”

Anabela Gois esclareceu que “temos feito na RR vários estudos sobre o que as pessoas querem ouvir e a saúde é um tema que interessa a todos. Mas esse tema tem de ser passado com algum cuidado porque do outro lado nem sempre conseguem chegar ao nível daqueles que nos ouvem.”

Sobre o factor de peso das notícias, Eduardo Cintra Torres definiu “como palavra chave o ‘Interesse’. Na notícia o que conta é o inesperado, é isso que capta a atenção do leitor, ouvinte ou espectador.

O jornalismo tem valores de notícias que são universais e o imediatismo e o inesperado são fundamentais. Sobre serem positivos ou não, a notícia limita-se a divulgar os factos, e estes é que podem ser positivos ou negativos, mas também aqui temos de ter um certo cuidado, senão deixa de ser informação para ser propaganda.”

Um dos assuntos que levou a maior debate entre profissionais da saúde e da comunicação foi o recente internamento do actor Ângelo Rodrigues neste hospital, com alguns responsáveis a criticar o mediatismo que se criou em torno do internamento e Paulo Santos a criticar a gestão do hospital “por nos terem ignorado por completo. Trata-se de uma figura pública, que não é notícia apenas quando quer, porque está na praia com a nova namorada. É notícia também porque ia perdendo uma perna. E cabia ao hospital ter dado informação sobre o assunto, até para evitarmos que outras pessoas fizessem o mesmo.

Um bom exemplo das notícias boas’ que pretendem, seria informarem por exemplo quantos dos doentes do HGO foram submetidos ao tratamento em câmara hiperbárica e qual a taxa de sucesso, e o tipo de doenças que ali podem ser tratados. Mas remeteram-se ao silêncio, alegando que a família e o doente, uma figura pública, pedia sigilo.”

Também Anabela Gois e Eduardo Cintra Torres criticaram o silêncio da administração do Hospital neste caso, com o segundo a frisar que “não se pode considerar o jornalista como o inimigo”.


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