Opinião

Grande praga, pá!

Uma crónica de Vera Esperança.

Sabe o que são pragas? São seres vivos que se conseguem adaptar à presença humana, tiram vantagem dessa proximidade e podem desenvolver-se a um ritmo de tal forma rápido que passam a ser considerados excessivos, incomodativos. É isto. Praga.

Se, por um lado, o ser humano não quer pragas por perto, por outro é ele que não raras vezes lhes proporciona boas condições de abrigo, bebida e alimento. Mas como pode o meu amigo evitar ser “praguejado”?

A primeira das medidas passa pela correta seleção do local onde o ser humano se pretende estabelecer – por exemplo, se optar por construir em cima de formigueiros não deixe cair o queixo quando vir formigas. Elas já lá estavam! Mas pode sempre dizer – ah, mas e tal, eu vou construir aqui a minha toca porque tenho materiais que vão afastar estes seres aborrecidos… fica tu a saber que vou comprar portas e janelas bem adaptadas ou até estanques, ralos de escoamento providos de grelhas de malha estreita, redes mosquiteiras nas janelas, chaminés e orifícios de ventilação protegidos contra a entrada de aves e insectos! Toma – vai buscar!

Ok, mas nunca vai abrir as janelas e portas? Vai ficar trancado dentro de casa até apodrecer por falta de vitamina D? Há maneiras mais agradáveis de ser notícia na comunicação social. E o que vai fazer com os resíduos que produz? Que para além de alimentarem pragas atraem-nas pelo odor que libertam? Ah, e tal, vou removê-los com frequência do interior da minha toca, vou comprar recipientes para o lixo com tampa que limitem a propagação de odores e previnam a atração das pragas, não vou deixar comida espalhada por aí, fica tudo muito bem fechado em caixas… Vai estar tudo muito limpinho.

Certo… de facto a higiene condiciona o comportamento destes animais, evita a sua aproximação. Mas não chega – por exemplo, no caso dos roedores é ainda preciso que a área envolvente à sua toca seja livre de vegetação, já que as clareiras não lhes inspiram segurança, ficando à mercê dos seus predadores.  

Mas a verdade é apenas uma: quando não são adotadas medidas preventivas as pragas vêm e instalam-se sem pudor. Não, por favor, não me venha falar em empresas de desratização e outras. Para além do sofrimento animal que provocam, não são eficazes. Veja por exemplo o que se passa com as caixas providas de iscos envenenados ingeridos pelos roedores que vão morrer sabe-se lá onde! Tanto podem apodrecer dentro da sua habitação, como podem vir jazer para o exterior. E quando, já meio atordoados, cambaleiam até ao exterior, existe o sério risco de serem engolidos por um qualquer predador natural, envenenando-o também. E depois… bem, depois lá aparece o miau morto ou um outro qualquer animal, quicá até de espécie protegida, como a águia de Bonelli, contribuindo-se para a extinção de espécies.

Não menos grave é também a utilização de produtos químicos para o controlo de pragas que facilmente contaminam os solos e as águas, comprometendo a sua qualidade e a sobrevivência de imensas outras espécies. E, em última instância, até a sua!

Em suma, ao respeitar os outros habitantes do planeta terra, está a respeitar-se a si. Cuide de todos. Cuide de si.

Voltarei, porque, afinal, “somos todos iguais”. 


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