Cultura

Festival Sementes estreia hoje a sua 27ª edição

O Diário do Distrito conversou com Rui Cerveira, o seu director e programador

Entre 20 de Maio e 5 de Junho realiza-se mais uma edição do Festival Sementes – Mostra Internacional de Artes para o Pequeno Público. Organizado pelo Teatro Extremo, a sua 27ª edição arranca dia 20 de Maio às 21h00, no Museu de Almada – Casa da Cidade, com “Aletria – Biblioteca Itinerante” da companhia Casa Invisível, seguindo-se o espetáculo “Viva Raphaël!” da Compagnie Krak às 22h00. Estes dois espectáculos inaugurais são fruto de uma parceria entre o Teatro Extremo e a Câmara Municipal de Almada, para a comemoração do Dia Internacional dos Museus, contribuindo este festival de teatro para a sua programação cultural, levando as artes cénicas ao património museológico da cidade.

“A Câmara Municipal de Almada acarinhou o Festival desde sempre, daí fazer todo o sentido esta parceria. Há o Festival de Teatro de Almada mais vocacionado para um público adulto e, o Sementes para o público infantil. A Câmara sente-se grata em ter estes dois festivais de teatro, que se complementam entre si a nível de público, no concelho”, diz Rui Cerveira, director e programador do Sementes, numa conversa exclusiva com o Diário do Distrito.

À pergunta qual o balanço que faz destes 27 anos, Rui não hesita. “São muitos anos, criámos público, contribuímos para a formação pública das pessoas através do teatro. Muitos miúdos que vieram ao festival com a família seguem o nosso serviço educativo, por terem tido este contacto com o teatro desde muito jovens. Os nossos alunos criam todos os anos um espectáculo integrado na programação do Sementes. Criámos assim actores que ficam na profissão. Qualquer dia temos uma companhia de Teatro do Sementes. Fica sempre a semente do contacto com o teatro”, diz com orgulho.

Como nos tem vindo a habituar ao longo dos anos, o Sementes tem uma programação para toda a família, incluindo a comemoração do Dia Mundial da Criança no dia 1 de Junho.“Quando o dia 1 de Junho calha a um fim-de-semana há sempre uma programação mais dedicada a este tema. Por norma ao fim-de-semana temos mais famílias e de semana mais escolas. Costumam vir famílias inteiras. Há famílias que trouxeram os filhos e agora já vêm com os netos, o que é muito gratificante.”, continua Rui Cerveira. “Uma plateia de famílias é muito importante. Por norma as crianças falam mais com os pais do que viram juntos, do que quando vêm com a escola”

Este evento anual é desenvolvido maioritariamente em Almada, sede do Teatro Extremo, mas também se estende a diversos outros municípios. Desde 2009 o Sementes já se descentralizou por Aveiro, Barreiro, Cascais, Castro Verde, Lisboa, Montemor-o-Novo, Moita, Odivelas, Santarém, Seixal e Sesimbra, apresentando a sua programação em equipamentos e espaços públicos dos referidos municípios. Em Almada, o evento descentraliza-se pelas várias freguesias do concelho.

“Este ano vamos estar pela primeira vez em Setúbal.”, diz Rui levantando um pouco a cortina sobre o espectáculo que poderá ser visto nesta cidade. “A peça Lluvia dos Markeline encerra o Sementes no Fórum Municipal Luísa Tody. Os Markeline são uma companhia habitué do festival. Têm sempre espectáculos muito visuais, sem palavras, muito cénicos e nos quais incorporam a dança. São visualmente impactantes”

A programação do Sementes é sempre diversificada e, este ano conta com espectáculos de teatro, música, dança, circo, palhaços, ópera, marionetas, artes de rua, oficinas de expressões artísticas e exposição de artes plásticas, num total de 51 actividades, 18 espectáculos de 16 companhias oriundas de Portugal, Bélgica, Brasil, Canadá, Espanha e Itália.

Tem também na sua programação vários espetáculos premiados. Rui Cerveira dá como exemplo a peça “Mininu” de Fernando Mota, prémio nacional da crítica 2004 e prémio de melhor espectáculo para o público no Festival Avignon de 2005 e, que poderá ser visto dia 21 de Maio às 11h e 16h no Teatro-Estúdio António Assunção em Almada. “Esta peça fala sobre as migrações, a mudança nas nossas vidas. Um tema muito actual. Nunca definimos um tema para o Sementes, até porque os artistas em geral gostam de falar do que está a acontecer no mundo, dos temas actuais. Mas este sempre foi um festival onde se propõe a reflexão sobre os fenómenos extremos que acontecem no mundo actualmente. Em família”, explica.

Já “Nube, Nube” da companhia Periferia Teatro de Espanha foi prémio Drac D’Or para melhor espectáculo infantil/familiar, na Feira de Titeres de Lérida em 2021, prémio de melhor espectáculo pelo júri infantil do 33º Festitíteres Alicante 2020 e prémio de melhor espetáculo de títeres e objetos FETEN 2020 e, vai a cena no dia 22 de Maio às 11h e 16h no Teatro-Estúdio António Assunção em Almada. Rui Cerveira revela-nos alguns dos seus pormenores. “Esta peça fala de um tema mais universal e intemporal: do que somos capazes de fazer para que os outros gostem de nós. Aborda o amor na forma da aceitação social”

“Zapatos Nuevos” de Tian Gombau, da companhia L’Homme Dibuixat de Espanha, foi prémio MAX Melhor Espectáculo para Público Infantil e Familiar em 2020 em Espanha, e prémio do Público Profissional na International Puppet Theatres Festival, e realiza-se  no dia 1 de Junho às 10h30 no Teatro-Estúdio António Assunção em Almada. “ É um espectáculo que aborda o crescimento da criança até esta se tornar adulta. É uma viagem sobre o crescimento das pessoas. À medida que as pessoas crescem, tudo cresce…até as caixas dos sapatos”, diz Rui Cerveira com uma gargalhada.

“Lluvia” da companhia espanhola Markeliñe foi prémio Cornel Todea para Melhor Espectáculo FITC em 2018, e prémio FETEN 2017 para Melhor Espectáculo.

Quando lhe pedimos para descrever o Sementes numa palavra, pensa um pouco e escolhe Viagem. “O Sementes é uma grande viagem interior e exterior. A arte e, mais especificamente o teatro, são muito importantes no desenvolvimento da personalidade, do caracter. Temos de ver, ler, visitar, conhecer outras culturas e modos diferentes de estar na vida. Nos espectáculos para crianças temos muita atenção aos valores universais positivos que abordamos, para que estas se assumam no futuro como pessoas únicas”. Também é assim o Sementes: único e parte do ADN almadense.


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