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Executivo da Moita acompanha instituições e trabalhos em época de pandemia

Podia ser um dia ‘normal’ e mais uma reportagem daquelas a que nós, jornalistas, estamos habituados, a acompanhar um executivo municipal em visitas ou inaugurações.

Mas não era. A começar pelos cumprimentos, em que o hábito do ‘beijinho’ quase falava mais alto por segundos, até nos lembrarmos que um vírus impede esse contacto. E depois, nas instalações onde se faz a primeira reunião da manhã, neste caso os Paços do Concelho da Moita, que conhecemos habitualmente cheio de vida, e desta feita encontramos de luzes apagadas e vazio, em hora que seria de expediente.

O Diário do Distrito escolheu o concelho da Moita para conhecer aquela que agora passou a ser a ‘normalidade’ nos municípios, acompanhando o presidente Rui Garcia, e alguns vereadores nos trabalhos de um dia em Estado de Emergência devido ao coronavírus 19.

Cerca das 9h00 chegam aos Paços do Concelho Rui Garcia, Daniel Figueiredo e Manuel Canudo. “Esta agora é a nossa sala de reuniões” explicou o presidente. “Reunimos presencialmente duas vezes por semana, e no início foi um pouco mais complicado porque tivemos de nos ajustar até encontrar o modelo que melhor funciona para esta nova forma de estar. Decidimos os contactos a fazer no exterior, com os vereadores com pelouros nas várias áreas, e se ainda tenho tempo, volto à Câmara para despachar processos, acabando depois a almoçar no refeitório dos serviços, que continua aberto. De tarde, tentamos fazer a quarentena, em teletrabalho, no qual também já estão muitos dos nossos funcionários, porque ninguém está imune.”

O primeiro ponto de paragem foi o Balcão do Munícipe “que continua a funcionar, mas apenas por marcação, e com as pessoas a aguardar no exterior. Há situações que podem ser resolvidas à distância, mas outras exigem a presença das pessoas e por isso não encerrámos este serviço na totalidade.”

Inicio do dia com reunião nos Paços do Concelho.

Balcão do Municipe a funcionar com marcações.

Seguimos para o Bairro Brejos Faria, em Alhos Vedros, e para o Vale da Amoreira, onde equipas da autarquia procediam à desinfeção diária das ruas com equipamentos de sulfatar individuais e com uma máquina industrial “que permite uma enorme rapidez para cobrir todo o território e nos foi cedida pelo empresário de produção de leite, João Macarrão, um homem que nunca nos nega nada, e a quem temos muito a agradecer.

As equipas individuais fazem a desinfeção em locais de maior concentração de pessoas, junto a farmácias, supermercados, etc.

Usamos o hipoclorito de sódio, um desinfectante com a mesma base do que se utiliza para o tratamento da água para o consumo humano e embora aqui seja utilizado numa concentração mais elevada para o processo de higienização, não causa problemas a animais ou plantas. E também não tem um custo muito elevado para a autarquia, sendo que as equipas que estão aqui a trabalhar são os funcionários da Câmara Municipal, que foram desafectados de outros serviços, como a limpeza urbana e a conservação do espaço público, embora esses mantenham uma manutenção mínima, através de um processo de rotatividade, em que alguns trabalhadores também estão em casa.”

Desinfeção das ruas na Moita

Viatura emprestada pelo empresário João Macarrão

 Bombeiros pedem equipamentos individuais de segurança

A reunião seguinte decorreu nos Bombeiros Voluntários da Moita, a quem Rui Garcia dirigiu “umas palavras de agradecimento e ânimo, por todo o trabalho que fazem e sobretudo neste momento que estamos a atravessar, e que ninguém imaginaria quando há menos de dois meses brincávamos ao Carnaval.

Os Bombeiros são chamados à primeira linha e por isso o nosso obrigado, e deixo a disponibilidade da autarquia para o que precisarem. Da parte do executivo vamos avaliar o reforço financeiro à corporação e à vossa Equipa de Intervenção Permanente, porque aquilo que já não era fácil, ainda ficou mais difícil.”

Uma das queixas que Rui Garcia recebeu dos responsáveis da corporação foi relativa à falta de equipamento de proteção em altura de pandemia, como luvas, máscaras e fatos completos.

O Comandante da Corporação, Sérgio Moura, agradeceu as palavras do edil e explicou que “estamos a trabalhar com equipas em 24 horas, o que significa que os operacionais que estão agora aqui entraram hoje às 08h00 e sairão amanhã por essa hora. Todos estamos preparados para responder rapidamente ao que for necessário.”

Já o presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros, Carlos Santos, depois de agradecer ao edil, frisou as dificuldades que se deparam “para comprarmos ou termos acesso a equipamentos de protecção individual.

E porque temos uma boa relação com a comunidade, já pedimos até a uma empresa de pintura automóvel para nos ceder alguns dos fatos que usam e também ao empresário João Macarrão, que saiu daqui destroçado porque de momento não nos pode arranjar esses fatos. Felizmente temos luvas, e já cedemos algumas à Unidade de Cuidados Continuados de Alhos Vedros, porque neste momento o que é preciso é entreajuda, porque se estivermos à espera do Governo, esperamos sentados.”

Em resposta Rui Garcia explicou que “a autarquia tem os meios para adquirir esses equipamentos, o problema é que os fornecedores não garantem as entregas. Mesmo o avião que nos disseram chegaria da China com equipamento no domingo, agora está programado apenas para o final desta semana, mas iremos também reforçar o pedido junto da AML com mais alguns itens que nos têm solicitado.

A Câmara Municipal também já tem um acordo com um laboratório para iniciar os testes ao COVID 19, que irá abranger os bombeiros, de forma a garantir mais segurança a quem trabalha. Temos de ir fazendo o caminho à medida do que vai surgindo, e esperar que tudo isto não dure muito mais tempo.”

E também neste campo a especulação surge, com o Comandante Sérgio Moura a referir que “encomendámos lençóis para as macas das ambulâncias, que custavam cerca de 25 euros por embalagem e estão a pedir-nos 77 euros”, ao que Rui Garcia respondeu que “as máscaras que comprávamos para os serviços a 0,30 cêntimos, estão a pedir-nos agora 1,40 euros”.

Carlos Santos lamentou ainda que “as corporações de voluntários sejam equiparadas a outras, na hora de pagar impostos. Dependemos quase exclusivamente dos nossos sócios para obter verbas, e por isso o Governo devia tomar medidas. Se no período de fogos, as nossas equipas com cinco bombeiros ficam isentas de IRS, porque não fazerem o mesmo neste período? Não somos todos iguais.”

Resposta social em tempo de pandemia

A próxima paragem, na companhia da vereadora Viviana Nunes, serviu para verificar como decorre o atendimento na recém-lançada «Linha de Apoio Informativo – 800 102 200» para a qual os munícipes podem ligar para obter informações diversas, desde as novas datas para pagamento da factura da água, até aos pedidos de entrega de refeições ao domicílio.

“Esta linha, além de prestar informações, encaminha ainda os casos de pessoas que deixaram de poder ir às compras ou até terem acesso a refeições, encaminhado os casos ou para apoio social ou para as Juntas de Freguesia, que prestam esse auxílio, e nos casos de pessoas sem recursos, para a rede social”, explicou a vereadora.

“O comércio local aderiu muito bem, enviado os dados para a base de dados que criámos, mas também adaptando-se à entrega de refeições ao domicilio nestes casos.”

Segundo um dos técnicos no atendimento “há pessoas que ligam também apenas para conversar um pouco, embora nem sempre seja possível dar-lhes toda a atenção porque as chamadas têm sido bastantes”.

Neste atendimento trabalham 12 técnicos superiores “em turnos rotativos de equipas de duas pessoas uma vez por semana, estando o resto do tempo em teletrabalho, para garantir as normas de quarentena” explicou Viviana Nunes.

No mesmo edifício funciona a equipa da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, cujas técnicas revelam que “as situações têm diminuído um pouco, até porque as escolas estão fechadas, e muitos dos casos chegavam-nos por aí. A violência doméstica continua a ser uma realidade, e é essa que nos preocupa mais neste momento.

Técnicos no atendimento da linha de apoio

Uma das respostas sociais com maior risco nesta pandemia são os lares sociais, e Rui Garcia visitou as funcionárias do Lar de S. José Operário, na Baixa da Banheira, pertencente à rede da Santa Casa da Misericórdia da Moita.

A estas o edil deixou também uma palavra “de agradecimento, ânimo e solidariedade para com o trabalho que aqui fazem. Compreendo os vossos receios em relação aos riscos, que são muitos, não apenas para cada um de vós, como para os utentes que agora têm de estar em quarentena total. É nestas alturas que vem ao de cimo as diferenças porque estas funcionárias, tal como os profissionais de saúde, estão em situação na qual não podem simplesmente encerrar e ir para suas casas. Da parte da Câmara Municipal só podemos ir apoiando no que for possível, porque todos temos de fazer a nossa parte.”

Também desta instituição o presidente recebeu queixas relativas à falta de material de proteção, como luvas e máscaras, explicando a situação como fizera na corporação de Bombeiros.

A visita da manhã terminou na Escola Básica N.º 1 Vale da Amoreira, onde estão a ser distribuídas refeições aos alunos carenciados. “Uma escola de cada agrupamento está a fornecer estas refeições, com três funcionárias por escola”, explicou a vereadora. “Os alunos continuam a não pagar a refeição, que é constituída por prato para o almoço, com fruta, um pão e leite. No entanto, estas não têm tido uma procura muito alta, entre 19 pedidos nesta escola e 7/8 nas outras. Esta escola está também preparada para receber alunos filhos de profissionais de saúde ou bombeiros, mas até agora não foi necessário.”

Em jeito de balanço Rui Garcia, que esta quinta-feira apresentou um vídeo sobre a situação no concelho, congratulou-se porque “felizmente até agora não temos qualquer trabalhador em quarentena ou confirmação de infeção nos serviços municipais. Temos conseguido manter longe o vírus.”

Lar de S. José Operário, na Baixa da Banheira


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