Opinião

Ensino à distância (e à beira de um ataque de nervos) e (pelo menos) um raio de luz e esperança!

No presente de muitas famílias e profissionais da área do ensino e formação surgem palavras como “Teams” ou “Zoom”, imprescindíveis ferramentas mais ou menos complexas de ensino e formação à distância, com possibilidade de aulas por videoconferência, armazenamento e partilha de ficheiros, e um verdadeiro choque tecnológico para muitos, ou gerador de maiores desigualdades noutros casos, e aqui temos meios de trabalho do presente e do futuro.

Do passadp ressurgiu o formato de aulas através da televisão, a célebre tele-escola, conceito totalmente novo para as actuais gerações, mas bem conhecida e trazendo até alguma nostalgia para os membros das gerações anteriores. Tratam-se de aulas, sistematizadas por disciplina e por ciclo de ensino, uniformes e com maior ou menor fidelidade aos programas oficiais preparados e pensados para aulas em formato presencial clássico, que permitem fazer chegar o ensino à distância em especial a todos os alunos que não possuem equipamentos informáticos ou smartphones, ou sequer ligação à internet.

Desde já é justo que se reconheça o imenso esforço e se preste a devida homenagem a todos os professores que em pouco tempo aderiram a estas tecnologias, prepararam materiais adequados para partilhar com os seus alunos e com o apoio dos pais vão entrando num mundo que, para muitos era absolutamente novo.

Reconheço que, na impossibilidade de serem dadas aulas presencialmente, alguma solução teria de ser implementada para salvar o ano lectivo corrente, já de si atípico e interrompido violentamente por extrema necessidade de preservar a saúde de toda a comunidade escolar e respectivas famílias.

Se me perguntarem: haveria melhores soluções? Há soluções mágicas que não estão a ser ponderadas? As respostas a estas perguntas são, obviamente negativas, é impossível prever algo como o que nos está a acontecer.

Mas olhando para a realidade que encontramos, após pouco mais de uma semana de aplicação prática dos formatos escolhidos o que encontramos de alarmante ou perturbador? Pois bem, alunos e pais literalmente “à beira de um ataque de nervos”. Primeiro ponto: assimetrias entre os alunos são evidentes, e ainda mais ostensivas neste momento, pois há quem não tenha computador, nem internet. Há quem tenha mais do que um educando, a frequentar ciclos de ensino diferentes e só tenha um computador ou nenhum e podem decorrer aulas em simultâneo para diferentes anos. Soluções: das duas uma, ou se faz, como em alguns casos já está a acontecer, um levantamento da situação caso a caso, para prover meios tecnológicos a estas famílias, ou terá que ser ponderado um modelo diferente e mais simplificado e motivador para trabalhar com estes alunos: e aqui é importante a tele-escola.

Segundo ponto: conheço pessoalmente pais e alunos que vivem em permanente ansiedade e pressão tecnológica com a imposição de objectivos e prazos apertados para entrega de trabalhos que contam para a avaliação e nota final dos educandos. Não seria mais justo, mais motivador os trabalhos poderem ser entregues até ao fim do ano lectivo, com tempo para serem corrigidos (e aqui vão perdoar os mais fundamentalistas) mas os trabalhos e a capacidade de aprendizagem dos alunos não podem ser avaliados pela quantidade mas sim pela essência e pela qualidade, sendo as fichas elaboradas dentro dos critérios a considerar em termos de avaliação é possível.

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Terceiro ponto: como se pode esperar que os pais consigam acompanhar os menores nestas tarefas com o pesos das tecnologias e dos prazos apertados, e ao mesmo tempo consigam trabalhar (presencialmente ou em regime de teletrabalho) se têm horários para cumprir e uma família para sustentar. Não seria o momento para começar a mudar a rigidez dos programas e criar tarefas que desenvolvam a autonomia dos jovens, e criar hábitos de leitura autónoma em papel?, por exemplo?

Quarto ponto: e uma especial preocupação começa a inquietar-nos ou deveria inquietar-nos a todos – será que em muitos lares não existem já dificuldades financeiras ostensivas, todos os alunos estão a alimentar-se condignamente? Muito duvido, embora tal não seja fácil de assumir e de abordar. Para estas famílias o ano letivo, salvo o devido respeito, é de somenos importância e que enorme desespero deve estar a ser vivido em muitos lares, a somar a toda a ansiedade, medo e limitações que, democraticamente, todos vivemos nestes tempos.

A este último propósito, quero destacar uma iniciativa solidária que poderá fazer muita diferença, foi lançada recentemente a iniciativa “Caixa Solidária”, eu tomei conhecimento do projecto através de um convite para o respectivo grupo no Facebook. O conceito é simples, estão a ser colocadas em vários pontos do pais caixas onde podem ser deixados bens de primeira necessidade (alimentos para pessoas e para animais, produtos de higiene pessoal e também roupas), com especial destaque para alimentos. Existe um sistema de registo (promovido pelos organizadores centrais da iniciativa) onde são mapeadas as caixas, e espontaneamente elas começam a nascer por todo o território num contágio desejável e positivo, iluminado pela solidariedade que ainda é muito presente no povo Português. A ideia é que, discretamente, sem se expor, quem mais precisa possa recolher bens que não pode adquirir, e prover ao respectivo sustento por via da entreajuda comunitária. Uma ideia tão simples e tão brilhante, são ainda ideias como esta que nos transmitem a luz de alguma esperança no meio da imensa solidão que nos assola. Bem hajam!


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