Opinião

ECONOMIA OU PANDEMIA?

Uma opinião de Bruno Fialho

Os Governos de todo o mundo, excepto o da República Popular da China, onde o covid-19 foi erradicado há meses, vá-se lá saber como, continuam a fazer passar a mensagem que temos de que para combatermos a pandemia temos de destruir a economia, o que é um erro inqualificável e grotesco.

Assim, antes de responder à questão que está no título deste texto, peço-lhe que pondere e responda a todas as perguntas que faço abaixo.

Confiaria num Governo ou numa Direcção Geral de Saúde que, para eliminar um problema de saúde pública, apresentam como solução a destruição da economia; a ruina de negócios dos pequenos e médios empresários que, muitas vezes, passaram uma vida de sacrifícios para os manter a funcionar; a proibição de eventos familiares com mais de 5 pessoas; o afastamento físico das crianças nas escolas; a proibição de circulação entre concelhos; a proibição de mercados e feiras ao ar-livre; que incumprem a Constituição, entre outras situações caricatas?

E se lhe disser que esse Governo e essa Direcção Geral de Saúde, que proíbem as situações acima referidas, são as mesmas entidades que permitem a realização de eventos culturais e desportivos, como o da fórmula 1 em Portimão; os jantares de grupo com 6 pessoas; os Hipermercados e Centros Comerciais abertos; os transportes públicos a circular sobrelotados e a permissão de se retirar máscaras quando estamos sentados num café ou em restaurantes, desde que se esteja a comer ou beber, tudo isto, entre outras incoerências dignas de um filme de ficção científica.

Eu jamais confiaria num Governo ou numa Direcção Geral de Saúde que tivesse este tipo de actuação e ficaria convicto que tudo o que estão a fazer tem de ser alterado ou, pelo menos, questionado, para que possamos fazer um combate eficaz à pandemia.

Assim, qual a razão para que ainda não se tenha decretado uma requisição civil aos Hospitais privados, pois é única forma do SNS não entrar em colapso e deixarmos de ter os milhares de mortos que tivemos a mais, em comparação com anos anteriores, bem como, aos laboratórios que fazem análises ao covid-19, para que todos aqueles que desejam fazer o teste o possam fazê-lo sem ter que vender as “joias da família” ou pagar seguros de saúde privados?

Ou seja, como podemos observar, é possível combater a pandemia sem prejudicar de forma irremediável a economia, sendo que, evidentemente, quem suportaria a maior peso desse esforço seriam os grandes grupos empresariais que também são donos de Hospitais Privados ou de laboratórios de análises clínicas.

Esta opção tem um senão, pois o Governo tem interesse em proteger os grandes grupos empresariais, pois, é público e notório que é para as empresas desses grupos que quase todos os ex-governantes vão trabalhar e ganhar uma reforma dourada.

Assim, o Governo em vez de exigir a esses grupos empresariais que apoiem o país, prefere sacrificar os portugueses, principalmente os da classe média, pois, não daqui por pouco tempo iremos constatar que vão querer apoiar uma redução dos direitos constitucionais e laborais ou dos salários com a desculpa da pandemia, tal como aconteceu no tempo da Troika.

Desta forma, iremos continuar a exigir sacrifícios a quem já não os pode fazer, em vez de colocarem esse ónus naqueles que mais podem e que têm mais capacidade de os superar.

Mais uma vez, vamos sobrecarregar aqueles que lutam diariamente para viver com o mínimo de dignidade e atacar os rendimentos dos que menos têm, deixando mais ricos aqueles que já o eram antes da pandemia.

Por último, quero chamar a vossa atenção para a falta de capacidade deste Governo em lidar com a pandemia, pelo que, deixo-vos mais algumas questões para refletirem sobre o que se tem passado.

Se em Março, com apenas 1 morto por covid-19, o Presidente da República e o Governo decidiram encerrar o país e não houve qualquer redução do número de infectados ou de mortos, bem pelo contrário, qual a lógica de, nos dias de hoje com mais 3000% de mortes, irem decretar novo Estado de Emergência para tentar reduzir o número de casos da pandemia?

Se na Europa os países com maiores restrições são precisamente aqueles que têm o maior número de infectados e de mortos, qual a lógica de irmos optar por esse caminho, que também destrói as economias?

Se tudo o que fizeram até agora foi restringir os direitos daqueles que quase já só tinham deveres, qual a lógica de se continuar a exigir mais sacrifícios aos mesmos?

Espero, sinceramente, que os portugueses não se deixem subjugar pelo medo e não permitam que os seus direitos constitucionais e laborais continuem a ser espezinhados, pois, daqui por uns tempos, podem estar a dizer-me: tinha razão, cortaram-me metade do meu salário para poderem comprar uns ventiladores à China, que só irão chegar a Portugal em 2050, e só posso ir até à varanda da minha casa, para quem a tenha, varanda e casa, pois só os privilegiados podem sair à rua quando querem.


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