Montijo

Concelho do Montijo teve ‘redução significativa de casos positivos de covid19’

Numa reunião onde se debateu a habitação social e a Festa da Senhora da Atalaia, o presidente da autarquia deu conta da situação de covid19 no concelho.

A reunião camarária desta quarta-feira no Montijo iniciou-se, como tem vindo a ser habitual, com uma declaração do presidente Nuno Canta sobre a situação do concelho relativa ao covid19.

Nesta o autarca informou que “o número de casos tem tido uma redução significativa, e neste momento não existem transmissões comunitárias.

Há agora 8 casos activos no concelho, muito menos do que os números que já chegaram a existir com perto de 30 casos, e a taxa de transmissão é inferior a 1%, o que significa que os casos estão a regredir e a diminuir.”

A vereadora Maria Clara Silva (PS) apresentou também duas situações ocorridas na autarquia, “e que convém esclarecer até porque o STAL já veio pedir esclarecimentos. Uma ocorreu com um funcionário que apresentou sintomas, a quem a Linha de Apoio recomendou ir para casa em isolamento e fazer o teste no Centro de Testes de Coina, sendo que este recusou e voltou ao trabalho ao fim de três dias. Perante um certo receio que foi gerado junto dos outros funcionários, foi indicado a este trabalhador para fazer o isolamento profilático por 14 dias, com os dias de falta pagos pela autarquia.

Outro caso foi de um trabalhador que testou positivo após vir de baixa, e durante os três dias que trabalhou, esteve em contacto com outros 15 funcionários, um deles a própria esposa. A todos foram feitos testes com resultado negativo.”

Nuno Canta lembrou que “não podemos pensar que o problema está ultrapassado, por isso no Montijo continuamos a efectuar testes e a garantir que se cumpram, como até agora, as normas de segurança, e a fazer um planeamento para o pior cenário que o Inverno pode trazer, porque temos de nos preparar para novos surtos e novas vagas.

Poderá ser necessário confrontar-nos com novos confinamentos pontuais, porque não faz sentido encerrar uma cidade inteira quando os surtos forem identificados apenas em determinados locais.”

Outro aspecto que Nuno Canta destacou no seu discurso foi “a necessidade de derrotar o medo, racismo e os ódios que se têm vindo a revelar sobretudo ao nível das redes sociais e contra várias culturas e que o covid19 veio aumentar”.

Em termos económicos, o presidente frisou que “é preciso garantir que os nossos empresários se recomponham e por isso estamos a trabalhar para que o comércio possa reabrir em novos horários, face às novas medidas que o Governo já decretou e das quais encarregou as autarquias”.

Os dados não convenceram o vereador João Afonso (PSD), que afirmou “não consigo perceber como indica que há apenas 8 casos quando eu apenas nas minhas relações familiares e de amizade, sei de 6 casos que estão neste preciso momento em confinamento.

Até no meu escritório recebi uma pessoa que me disse que toda a sua família foi infectada, durante o surto na empresa de transformação de carnes, de que resultou a morte de um dos familiares. Por isso não compreendo porque diz que no Montijo não há transmissão comunitária.

A situação do Covid19 no concelho está mal referenciada e mal contada aos montijenses.”

Em resposta, Nuno Canta frisou que “a Câmara Municipal não tem responsabilidade na recolha dos dados, existem autoridades responsáveis para isso, e é com base nesses dados que falo. O número de casos activos neste momento é de 8. Quer dizer que estamos livres do covid19? Não.

E vou contrariar o que diz, porque no Montijo é possível saber as redes das infeções e até posso dizer que dois destes casos activos são pessoas que regressaram de Angola.”

Festas da Senhora da Atalaia

O presidente abordou também a vitória na competição regional da Festa da Senhora da Atalaia para a iniciativa ‘7 Maravilhas da Cultura Popular’, relembrando a história da que é também conhecida como ‘Festa Grande’, e deixou uma palavra de reconhecimento “a todos os que trabalharam para essa candidatura, dos círios à paróquia, passando pelas autarquias e a Diocese de Setúbal”.

O vereador João Afonso e a vereadora Ana Baliza (CDU) congratularam o executivo pela vitória da ‘Festa Grande’, e a vereadora comunista relembrou que “não podemos esquecer a necessidade de propor a Festa Grande a património imaterial da Humanidade” ao que Nuno Canta respondeu que “já temos um apoio de uma universidade para preparar a candidatura a Património Imaterial Nacional e depois a essa grande ambição de ser também património da Unesco”.

Ana Baliza colocou depois duas questões ligadas à obra no cemitério “que faz com que ocorram faltas de abastecimento de água para as pessoas cuidarem das campas”, e agradeceu a retirada de canas na Rua Cidade de Setúbal, “mas faltou retirar aquelas que estavam mais perto das garagens, o que causa algum receio aos moradores, embora tudo indique que se trata de um terreno privado”.

Sobre o primeiro assunto, Nuno Canta garantiu que “iremos repor o abastecimento com um novo ponto de acesso de água. A obra irá também permitir aumentar o espaço para os ossários, e esperamos que tudo esteja concluído no final de Setembro.”

Acerca das canas, o autarca explicou que iria procurar saber a propriedade do terreno, “para ser notificados, com um prazo, para procederem à limpeza”.

Ainda relativamente à festa da Senhora da Atalaia, foi aprovada por unanimidade a oferta do livro «Narrativa Histórica da Imagem de Nossa Senhora da Atalaya», do Reverendo Padre Manuel Frederico Ribeiro da Costa, ao Santuário de Nossa Senhora da Atalaia.

Nuno Canta explicou que “trata-se de um livro que foi facsimilado do original, onde é explicada a história dos Círios e da Festa, que a Câmara Municipal do Montijo editou há alguns anos e que passa agora a estar disponível para venda aos visitantes do Santuário”.

Habitação social no concelho

Um dos grandes temas de discussão da tarde foi levantada por João Afonso, que apresentou “as estórias de três mulheres do concelho, com filhos menores e sozinhas, que além de terem perdido empregos, foram ou estão na iminência de ser despejada porque os senhorios das casas aumentaram as rendas ou porque deixaram de conseguir pagar as rendas.

Todas elas recorreram aos serviços sociais da Câmara Municipal mas não lhes foi encontrada qualquer solução de habitação.”

Para o social-democrata “está a criar-se um problema no Montijo, que o covid19 veio aumentar, acelerando situações sociais já de si muito débeis, e a que se junta também a exploração das rendas por parte dos senhorios devido à probabilidade do novo aeroporto.

Está a aproximar-se do país um tsunami que irá afectar particularmente mulheres sozinhas com filhos menores e não podemos estar à espera de concursos públicos nos próximos anos para dar soluções.”

Todos os vereadores se mostraram solidários para com os casos apresentados, com o presidente a explicar que “por muito que tudo nos toque, enquanto autarquia não podemos atribuir casas sem concursos públicos, sem ir contra os preceitos legais. Pessoalmente estou inteiramente solidário com essas e outras situações que sabemos existirem no concelho.

Ao nível autárquico, o que temos são casas de arrendamento social, que só podem ser atribuídas por concurso público, cabendo à Segurança Social de Setúbal a responsabilidade de encontrar casas. Os nossos serviços apenas podem informar e encaminhar os casos que nos chegam. Mas também sabemos que não há resposta dessa parte e por isso estamos a tentar criar uma solução com uma ‘casa temporária’ para este tipo de casos.”

O edil não deixou de frisar que, “embora tenhamos muitas famílias com problemas financeiros, o Montijo não tem uma situação de desemprego tão gravosa como outros municípios, mas isto requer uma política nacional e não local”.

Maria Clara Silva relembrou que “no anterior mandato tínhamos uma parceria com a Associação de Mulheres Juristas para apoiarem alguns casos ao nível jurídico, de forma gratuita, mas tivemos de terminar essa parceria porque o vereador Carlos Almeida (CDU) considerou que isso era ilegal”.

A vereadora garantiu ainda que “qualquer pessoa que ligue para a linha da Segurança Social não fica sem alojamento imediato, seja numa pensão ou uma solução semelhante.

É verdade que estes casos vão aumentar no Montijo, mas temos de lhes indicar os caminhos correctos e quem nos procura fica a saber que pode concorrer ao concurso em vigor para atribuição de casas que irá terminar no final do ano

Também ao nível do concelho ninguém ficou sem refeições, porque além das pessoas em confinamento obrigatório, a distribuição foi feita a famílias com dificuldades económicas que as solicitaram, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia e a Associação de Reformados.

Sobre as casas, os casos que o vereador João Afonso refere são apenas três amostras de muitos casos que existem no concelho e para os quais a Câmara Municipal  não tem realmente resposta, porque esta tem de ser alcançada a nível  nacional, ou então através de delegação de competências  para as autarquias poderem tomar determinadas decisões.


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