Opinião

Como assim não responde?

No seguimento do escândalo dos refugiados ucranianos, um dos males que veio por bem foi um momentâneo melhor escrutínio à nossa autarquia, por parte da comunicação social nacional, tendo em conta as limitações dos meios regionais. Nas últimas semanas a Revista Sábado trouxe a público algumas informações alarmantes, acerca de contratações na Câmara Municipal de Setúbal.

A primeira que surgiu, levantou algumas questões acerca da contratação da filha de André Martins (autarca da CDU); a segunda acerca da contratação da filha de um ex-presidente da Câmara Municipal do Barreiro (CDU), também para Setúbal, para o gabinete de André Martins (à época vereador); e a última peça da revista dirigida por Sandra Felgueiras, “1 concurso, 3 empregos para a CDU”, que levanta mais uma vez dúvidas acerca dos critérios que os Executivos comunistas adotam para contratar funcionários com o dinheiro dos seus munícipes.

Pode-se dizer que é coincidência? Pode. Que há mérito apesar das sonantes ligações familiares e partidárias? Claro que sim. No entanto também é legítimo que um setubalense, um eleitor e munícipe do concelho, quando se depara com estas informações se questione: Poderá ser coincidência que estas famílias tenham todas tanta vontade de trabalhar na Câmara Municipal de Setúbal? Será genético? Terá a CDU uma formação única para técnicos municipais, com especialidade em assuntos camarários, que os torna sempre melhores que os outros candidatos aos lugares?

O problema é que, para mal dos pecados do munícipe que coloca estas questões quando termina de ler os artigos sobre a autarquia que gere a sua terra, encontra sempre o mesmo elemento comum no final de cada uma delas: “Questionado o presidente da Câmara Muinicipal de Setúbal, André Martins não respondeu a nenhuma pergunta”. Como assim, não responde?

Ficam depois os dirigentes e autarcas CDU muito surpreendidos e ofendidos por existir alguém que ouse pensar que o passaporte principal para os quadros do Câmara de Setúbal é a cunha e o carimbo partidário, mas recusam-se a esclarecer quando questionados sobre situações flagrantes e duvidosas.

Não é de somenos referir que ainda o ano passado, a Câmara Municipal de Setúbal foi, segundo um estudo da plataforma Dyntra, considerada uma das menos transparentes de Portugal.

Esta recusa, por exemplo, do presidente da Câmara em responder acerca da contratação da sua filha, à Sábado, assim como aos restantes episódios denunciados, é para além de um indicador coerente com a conclusão do estudo (que nos envergonha), como uma mensagem nítida para nós todos: “vocês têm o direito de votar em mim e de pagar impostos para eu gerir o vosso dinheiro,  quanto ao resto, reduzam-se à vossa insignificância”.  Os munícipes não têm direito a quaisquer respostas ou justificações.


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