Os Bombeiros Voluntários do Montijo enviaram ao Diário do Distrito uma comunicação acerca da situação que se vive na corporação e sobre a qual têm dado conhecimento também à Câmara Municipal do Montijo, em carta aberta datada de 8 de Março.
«É sabido que o Corpo de Bombeiros do Montijo já há alguns anos não tem prestado um socorro de qualidade à população do Montijo, pela falta de efetivos nos seus quadros, por más decisões de gestão e por falta de equipamentos e formação» refere a nota.
A 29 de janeiro foi anunciado através as redes sociais a cessão de funções do Comandante Américo Moreira, de 64 anos de idade, enquanto Comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários do Montijo «decisão da direção da Associação Humanitária», mantendo-se em funções na corporação.
Esta decisão, segundo a nota, causou «um clima de instabilidade no corpo de bombeiros», gerado sobretudo pela Direção da Associação, que não só não clarifica a situação, como constantemente ameaça os Bombeiros de dificuldades financeiras, nomeadamente com o pagamento dos seus ordenados».
Em carta também enviada ao presidente da Direção da Associação Humanitária, e assinada por mais de 40 operacionais, foram solicitadas informações sobre a aplicação dos fundos atribuídos pela Câmara Municipal do Montijo e expostos vários problemas, como a falta de manutenção do quartel, dos equipamentos informáticos, falta de climatização, viaturas com problemas mecânicos, bem como falta de equipamentos de proteção individual e aparelhos respiratórios para o combate a incêndios, e lamentam que até o fardamento tenha sido adquirido pelos próprios ou com ajuda de empresas.
«Diversos Bombeiros afirmam não ter disponibilidade para continuar a colaborar com esta Associação nos moldes que tem funcionado, que já constantemente colocam em causa o socorro e que já nem se espera ver resolvido com a nomeação de qualquer novo Comandante» refere ainda a comunicação» e deixam o aviso de que «alguns Bombeiros Voluntários preparam-se para pedir a sua inatividade ao quadro e deixarem de cooperar com as atividades do Corpo de Bombeiros, enquanto não ocorrer a demissão de todos os Órgãos da Direção da Associação.
Algo que poderá colocar em causa o socorro direto à população do Montijo: Missão do corpo de Bombeiros e responsabilidade da Câmara Municipal.»
Nuno Canta garante que socorro à população não está em causa
O assunto foi abordado pelo presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta, na reunião camarária que está a decorrer esta quarta-feira.
O autarca lamento a “discussão que foi gradualmente colocada na praça pública, quando este é um processo interno dos Bombeiros do Montijo e lá devia ficar, mas alguns quiseram mediatizar esta situação que apenas prejudica os Bombeiros e a cidade”.
Nuno Canta relembrou que o assunto já tinha sido abordado na anterior reunião camarária pelo vereador João Afonso (PSD/CDS-PP), e que posteriormente “recebi uma carta assinada por vários bombeiros onde colocavam várias questões sobre a possível interrupção no socorro à população e os protocolos financeiros. Perante isto, solicitámos esclarecimentos por escrito ao presidente da Direção, Amável Pires, e também ao CDOS de Setúbal, para avaliarmos os possíveis riscos para o Montijo, no que me foi garantido que o socorro no Montijo não está colocado em causa, mas um processo para garantir a proteção civil dos cidadãos, caso ocorra alguma medida menos ‘inteligente’”.
Relembrando os protocolos realizados entre a autarquia e os Bombeiros, além da compra de viaturas, o autarca frisou que “da reunião que tive com Amável Pires, foi-me garantido que as verbas estão a ser utilizadas conforme os protocolos estabelecidos com a Câmara Municipal.
O que se passa na corporação é uma divergência de opiniões e de matéria operacional. Da parte da Câmara Municipal temos financiado o que nos pedem, como camas e colchões ou rádios, e isso deveria ser tratado com os comandos nas reuniões com o executivo. Neste mandato tem sido bastante a ajuda da autarquia às corporações do Montijo e de Canha.
Em resposta à carta que nos enviaram, fizemos questão de responder também por escrito, agradecendo todo o trabalho e o desafio que enfrentam durante a pandemia, e reconhecendo a proteção dos cidadãos que esta instituição centenária tem sempre feito, e da qual temos um enorme orgulho.
No entanto, frisámos que não podemos ter qualquer intervenção directa, porque há que respeitar a sua autonomia de funcionamento, e as decisões cabem aos associados, à direção e ao corpo de Bombeiros.”
Nuno Canta explicou também que reuniu com o presidente da Associação Humanitária, Amável Pires, “a quem manifestámos a preocupação sobre a intranquilidade ali vivida, e que nos explicou que decorre um processo de substituição no comando sobre o qual há divergências, assunto sobre o qual tem sido feita uma tentativa de mediatização da questão sem qualquer beneficio para a corporação e para a cidade e solicitámos também que o presidente procurasse mais diálogo com os seus bombeiros, para ultrapassarem esta situação.”
O presidente referiu ainda que “foi-nos também solicitada uma reunião com os bombeiros, e recebemos um oficial e dois chefes, que manifestaram as suas preocupações que já tinham exposto na carta, das divergências com a gestão operacional. Apelámos a alguma lucidez e consciência na gestão destes problemas.
E após essa reunião, voltámos a solicitar ao presidente da Associação para receber os bombeiros e entrar em conversações. Esperamos que o processo não origine outro tipo de consequências na actividade de socorro e que isto seja ultrapassado com rapidez, chegando a direção e os bombeiros a um entendimento.”
O Diário do Distrito tentou esta quarta-feira obter um esclarecimento via email junto do presidente da Direção, Amável Pires, mas até ao momento não obtivemos resposta.
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