Decorreu esta sexta-feira o lançamento do I Volume dos ‘Cadernos do Arquivo’, dedicado ao trabalho do arquitecto Paulo Cunha, «pioneiro do planeamento portuário e do ordenamento das orlas ribeirinhas e autor de parte significativa dos edifícios portuários em Portugal e nos países africanos de língua oficial portuguesa».
O livro é da autoria do também arquitecto José Luís de Saldanha, e foi apresentado no espaço ‘Barreiro, a Cidade dos Arquivos’, num momento que assinalou o terceiro aniversário do Arquivo do Porto de Lisboa, Setúbal e Sesimbra.
Numa “casa cheia”, conforme fez questão de sublinhar José Castel-Branco, administrador da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra – APSS, foi apresentado o livro, e também explicado o processo que levou ao culminar da criação do Arquivo do Porto de Lisboa, Setúbal e Sesimbra (APLSS).
“A intenção das entidades envolvidas não foi arquivar simplesmente os documentos na nossa posse, num arquivo-morto. Em boa hora foi desenvolvido o projecto que coloca o espólio da APSS ao serviço de toda a comunidade, contando o seu passado.
Os portos são o início das cidades, e ao preservar a sua memória, preserva-se a memória das cidades e do seu desenvolvimento.”
José Castel-Branco agradeceu também aos parceiros “que contribuíram para que nos instalássemos na ‘Cidade dos Arquivos’, sobretudo o nosso vizinho mais próximo, José Pacheco Pereira e a sua Ephemera, mas também a Câmara Municipal do Barreiro, o Centro de Documentação do Museu Industrial da Baía do Tejo, o Espaço Memória e ainda o Arquivo da Fundação Amélia de Mello”.
Também Ricardo Medeiros, administrador da APSS, relembrou o processo que levou “à junção dos arquivos dos portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra num único espaço, e no qual tivemos a sorte de encontrar este espaço no Barreiro, além de um conjunto de parcerias que facilitaram todos os passos para fazer chegar os arquivos a um público alargado.”
Relativamente ao lançamento do livro sobre Paulo Cunha, destacou que “hoje, quando olhamos para edifícios icónicos nos portos, vemos que a maioria são projectos do arquitecto, e isso foi surgindo ao longo da investigação que estava a ser feita sobre os diferentes portos, que não tinha como objectivo específico o seu trabalho.
E também isso demonstra a importância deste arquivo, porque proporciona inúmeras possibilidades de pesquisa.”
O autor e arquitecto Luís Saldanha explicou depois o processo de investigação que deu origem ao primeiro volume dos ‘Cadernos do Arquivo’, “e que decorreu de um conjunto de aspectos muito felizes, que permitiram que o livro viesse a ser feito como foi”.
Após os agradecimentos “sobretudo à filha de Paulo Cunha, que aceitou o meu segundo telefonema”, mas também algumas críticas “ao facto de ser ainda proibido consultar determinados arquivos, sob a égide da ‘proteção de dados’”, Luís Saldanha deixou ainda a informação de que se prepara “um outro volume sobre Paulo Cunha e os trabalhos realizados na margem sul. Entre eles estão edifícios muito belos, como o do mercado e paragem de autocarros no Montijo.”
Sobre o processo de pesquisa, realizado na ‘Cidade dos Arquivos’, brincou dizendo que “foram dos melhores dias da minha vida, também graças ao restaurante dos Bombeiros do Sul e Sueste onde comi as melhores sardinhas”.
O Centro de Documentação e Arquivo do Porto de Lisboa, Setúbal e Sesimbra é composto por 4.400 títulos que incluem monografias, relatórios, estudos, fotografias, filmes e publicações periódicas da área marítimo-portuária.
Em junho de 2019, as Administrações dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra centralizaram os arquivos intermédio e histórico dos respetivos portos num único espaço, localizado na Baía do Tejo, Barreiro.
No arquivo está patente a exposição ‘Os Tesouros dos Arquivos’, inaugurada no Dia Internacional dos Arquivos, a 9 de junho.
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