Distrito de Lisboa

Uma centena de pessoas em marcha para defender direitos dos animais

Cerca de uma centena de manifestantes participaram hoje numa “marcha fúnebre” em defesa dos direitos dos animais, uma iniciativa que decorre anualmente por todo o mundo e que em Portugal se realizou pela primeira vez, em Lisboa.

Criado pela organização ‘Our Planet Theirs Too’, esta iniciativa designada NARD (The National Animals Rights Day /Dia Internacional dos Direitos dos Animais) pretende protestar contra a “exploração e tratamento dos animais como objetos”, mas também ser um “momento de homenagem”, em que cada pessoa faça uma retrospetiva do passado e analise onde pode melhorar os seus comportamentos, de forma a “alinhar os seus valores com o que faz no dia-a-dia”, disse à Lusa Anita, membro da organização, que em Portugal está a cargo da FALA (Frente Ativa de Libertação Animal).

O NARD começou há cerca de dez anos nos Estados Unidos, em São Francisco, e acontece atualmente em 60 cidades do mundo, somando mais de 100 mil participantes e 10 milhões de pessoas alcançadas através da internet, de acordo com os organizadores.

Em Lisboa, a iniciativa teve como ponto de partida a praça do Rossio, onde perto de uma centena de pessoas, maioritariamente jovens, algumas acompanhadas pelos seus cães, se juntaram ordeiramente, mantendo a distância de segurança, em lugares previamente marcados com flores de jacarandá.

O desfile “tem duas partes essenciais”, uma delas “é um memorial, em que fazemos uma espécie de funeral aos animais que temos connosco: vamos ter alguns corpos de animais a que chamamos anjos, é uma forma de os homenagear”, explicou a organizadora.

Envergando camisolas pretas com a inscrição a azul “Our Planet Theirs Too” e ostentando cartazes com fotografias de animais, ao fim de alguns discursos e canções, os manifestantes perfilaram-se para um desfile lento e silencioso pela Rua Augusta até à Praça do Comércio, simulando uma marcha fúnebre.

Nos braços transportavam alguns animais mortos (patos, galinhas, gatos, coelhos e até um ratinho), deitados sobre panos brancos.

“Nós sabemos que os animais são explorados de todas as formas, seja para comida, para cosmética, para jardim zoológico, e estão sempre a ser explorados e a morrer nestas condições horríveis em que se encontram”, lamentou Anita, explicando que conseguiram ter alguns animais que “infelizmente” morreram e, deste modo, quiseram “prestar-lhes homenagem, como sempre prestam homenagem a animais que morrem de forma que não deviam”.

Além da componente de protesto, a iniciativa tem também uma “parte de celebração, para celebrar o facto de estarmos aqui a lutar por eles”.

“Os animais não podem lutar por eles mesmos, precisam de nós para isso. Vamos querer celebrar esses momentos” e também a “paixão de lutar pelo que acreditamos que é o melhor para o mundo”.

O grande objetivo final deste grupo é conseguir que as pessoas comecem a “olhar para os animais de outra forma, que não os vissem como um objeto, como uma coisa disponível para nos dar algo”, porque “são seres que têm consciência de que estão aqui como nós e têm emoções e sentem tudo como nós sentimos”, afirmou.

Dirigindo-se a quem tem cães e gatos em casa, que gosta deles e os trata bem, a responsável apelou a que se pense sobre os “outros animais também, porque alguns são ainda mais sociáveis do que cães ou gatos, mas são vistos como meros objetos ou comida ou um pedaço de pele”.

“Os animais não estão aqui para nos servir, estão aqui a partilhar o planeta connosco. Gostaríamos que as pessoas pensassem sobre estas questões, sobre os hábitos de consumo diários, numa época em que tudo é muito industrializado e à base de exploração. Sabemos que a exploração é má, seja de pessoas, seja de animais, mas depois as nossas práticas nem sempre correspondem aos nossos valores”, considerou, salientando que é esta consciência que o movimento e a iniciativa NARD pretendem criar.

A organização mostrou-se satisfeita com a adesão à iniciativa, atendendo que foi a primeira vez que aconteceu em Portugal e as circunstâncias que se vivem devido à pandemia, confessando que o número de pessoas que se reuniu no Rossio, às quais se vão juntar mais da parte da tarde na Praça do Comércio, “superou as expectativas”.


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