Distrito de SetúbalReportagem

‘Um marco que abre novos caminhos’

A segunda fase das obras de requalificação do Convento de Jesus/ Museu de Setúbal estão completas e o momento foi assinalado este sábado, com uma cerimónia solene na qual participaram várias individualidades, entre elas da Família Real Portuguesa.

O discurso emocionado da presidente da Câmara Municipal de Setúbal relembrou os bons e os maus momentos de um monumento que “faz parte da história da cidade e de Portugal”, frisou a edil.

Antes desta cerimónia, teve lugar a leitura de algumas mensagens enviadas ao município por entidades como da Secretária Geral da Europa Nostra, da Casa Real Espanhola e ainda do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que destacou o empenho da autarquia e de todos «os profissionais incansáveis que contribuíram para a obra de recuperação do monumento, parte integrante na História de Portugal, transformando este num local inesquecível para quem o visitar pela primeira vez e ainda mais prazeroso para quem o conhece bem».

Maria das Dores Meira

Maria das Dores Meira salientou o trabalho realizado pelos técnicos, especialistas e ainda “quem manobrou os equipamentos e limpou o espaço, todos eles contribuíram para fazer a história deste momento. Quem faz história são os que fazem mais do que sonhar e metem as mãos na realidade e deixam marcas nos tempos que estão para vir. E hoje lembramos a coragem e o arrojo de todos eles.

Porque foi preciso coragem e arrojo para fazer face a todos os problemas que ao longo de anos foram sendo levantados por alguns, que não queriam ver esta obra avançar e devolver aos setubalenses uma parte central da sua cidade e da sua identidade e cultura”, lembrando depois alguns dos aspectos da história recente do edifício.

Com um périplo “que se iniciou em 2012, com o protocolo com a Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo para iniciar as obras de requalificação, que sendo da responsabilidade do Estado Central, a autarquia assumiu, com apoios comunitários”, até à ao dia de hoje, “em que decorreram dez anos de reuniões, projectos, perícia negocial e muita vontade, foi possível também em 2015 ter realizado intervenções na cobertura, ala poente e noutras zonas do convento, mas devido aos perigos, o mesmo teve de ser encerrado.”

Maria das Dores Meira descreveu depois a 2.ª fase destas obras que incluíram a recuperação da zona dos claustros, sala do capítulo, coro alto e espaço envolvente do convento.

“Falta agora consignar a 3.ª fase, com intervenções nas alas norte e nascente, e posso afirmar que no final da obra, com apoios comunitários e do programa Lisboa 2020, a obra ficará num total de 8 milhões, 750 mil euros, dos quais a autarquia assumiu metade.”

A terminar, com voz embargada, Maria das Dores Meira deixou ainda a mensagem de que “é agora, em 2020, que deixamos este marco que abre novos caminhos e uma nova fase neste monumento que tem feito a nossa história. Foi uma obra de muitos para muitos mais, que ajudará a fazer mais cidade e mais Setúbal.”

Uma história com 531 anos

Fundado em 1489, o Convento de Jesus foi um convento feminino português das freiras da Ordem das Clarissas.

Foi neste local que foi ratificado o Tratado de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha, a 5 de Setembro de 1494 pelo rei D. João II, e em 1994 ali decorreram as cerimónias das Comemorações do V Centenário da assinatura do Tratado.

No edifício do Convento de Jesus funcionou até 1959 o Hospital de Setúbal, tendo posteriormente sido adaptado para a instalação do Museu de Setúbal, por iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal e com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal e do Governo Civil, que abriu em 1961.

Após o 25 de Abril de 1974, serviu como centro cultural, tendo a sua tutela passado para o município de Setúbal em 1980.

Do conjunto conventual subsistem a sua Igreja, o claustro e construções envolventes de recorte manuelino onde está atualmente instalado o Museu de Setúbal.

Durante décadas o espaço esteve encerrado devido à degradação e ao risco de ruína.

Em 2012 a Câmara de Setúbal assumiu a liderança do processo de requalificação do Convento de Jesus através da assinatura de um protocolo com a Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo (DRCLVT), o que permitiu lançar o concurso público e adjudicar a empreitada da primeira fase das obras de recuperação e valorização, concluídas em 2015. 

As primeiras empreitadas de reabilitação e estabilização do edifício permitiram reabrir o Convento de Jesus em 20 de Junho de 2015, após 23 anos de ter sido encerrado, no entanto apenas dois anos depois, em 2017, foi necessário voltar a encerrar o monumento devido ao arranque da segunda fase dos trabalhos, agora concluídas.


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