Opinião

Transportes e Mobilidade na Cidade de Montijo

Uma opinião da inteira responsabilidade de Virgílio Oliveira

Montijo tendo um traçado geométrico regular com ruas direitas e perpendiculares, formando entre si ângulos rectos , apresenta uma morfologia própria com uma Planta Ortogonal bem caracterizada. Este tipo de traçado , com acessibilidades curtas e já de inúmeras vias de Trânsito de Sentido Único, entre outras causas, tem sido um factor para privilegiar o uso do automóvel privado.

Acontece no entanto, que o sistema de transportes, em Montijo, tem sofrido ao longo do tempo uma evolução sinuosa, sobressaindo a descoordenação dos múltiplos agentes que intervêm no planeamento e gestão do sistema, a desarticulação mesmo entre os diferentes modos de transporte, as dificuldades de mobilidade, pelos mais variados motivos e, um congestionamento crescente da urbe devido ao aumento de utilização do transporte individual.

Os transportes ditos urbanos em Montijo, de percursos incaracterísticos ( com algumas falhas de informação ) e demorados , são actualmente ainda descoordenados, face do movimento pendular das pessoas , sendo difícil de compreender a longa ausência de debates e ainda, a inexistência de uma autoridade citadina permanente de transportes.

Um dos factores relevantes para um desenvolvimento sustentado da cidade de Montijo, será sem dúvida a intermodalidade e a mobilidade, tendo em consideração a necessidade de promover-se o aumento da velocidade comercial de exploração, a gestão diferenciada das capacidades viárias e a melhoria, sempre constante, da acessibilidade dos utentes à rede.

Por outro lado, as perspectivas de financiamento do transporte público de passageiros, apontando para um sistema tarifário intermodal deveria ter uma comparticipação mais equilibrada, nesta cidade em que se privilegia as linhas de transporte independentes, em detrimento de uma conjugação que se queria eficaz e concertada.

Nos últimos anos, o parque automóvel utilizador do perímetro da cidade de Montijo, teve um crescimento muito acentuado. Para este aumento significativo e algo preocupante mesmo, contribuiram os seguintes factores :

– A Ponte Vasco da Gama – O desenvolvimento urbano do Concelho – O progressivo afastamento entre os centros produtores e consumidores – O afastamento entre a residência e o local de trabalho – A ainda deficiente rede de transportes públicos ( rodoviários e fluviais ) – O status social.

Também não deverá ser deixado fora de questão os tão necessários como imprescindíveis, planos de investimento e estudos exaustivos de mobilidade, reflectindo a necessidade de se assegurar a articulação nos sectores dos transportes rodoviários dito urbanos e de longo curso e os marítimos costeiros , ditos fluviais , e das vias de comunicação de âmbito citadino / periférico e residencial / local.
Torna-se cada vez mais importante, acabar com a ditadura do automóvel, na cidade . E, para que tal possa ser possível torna-se necessário criar uma malha de transportes públicos que deveria circular em duas “ redes “ distintas ; uma “externa” [ periferia ] e outra interna [ urbana ], com ligações múltiplas .
Também e como entrave ao “ BUG “ do automóvel na cidade, poderá estar a obrigatoriedade de fazer-se com que os automobilistas realizem um círculo, [ o chamado carrocel ] antes de atingirem determinado ponto da cidade, ao mesmo tempo em que os transportes públicos dito urbanos efectuariam essas mesmas ligações, em vias privilegiadas, não necessariamente em corredores BUS, logo em muito menor tempo e de forma quase que directa e rápida, potenciando a oferta. Aqui sugeria , por exemplo, a utilização dos mini-autocarros, escalonados e com capacidade para 15/20 pessoas, aproximadamente. Não um ou outro por ai ao acaso..!

Para complementar, o núcleo histórico citadino, deveria ser contemplado progressivamente , com o alargamento de parquímetros, mas de eficácia absoluta, não essencialmente nas áreas de comércio e serviços mas e também nas periferias adjacentes directas, preferencialmente nos enlaces ao centro histórico.

Contudo e aqui à atenção da Carris Metropolitana ( de quem a gere ) , as exigências que crescerão em termos de deslocação, poderão relançar os transportes públicos, que provocam menores danos ambientais e permitirão assim, descongestionar as áreas urbanas do tráfego rodoviário privado. Mas para que os potenciais utentes , entre outros, dos transportes públicos ditos urbanos considerem que vale a pena trocar o transporte privado pelo público, ai vai mesmo ser necessário melhorar significativamente as condições actuais de transporte e considerar cada meio como parte integrante de uma cadeia multimodal de deslocação, ou seja, é necessário definir o conceito de complementaridade, de forma a garantir as condições adequadas de acesso e mobilidade.


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