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«Tive um órgão de comunicação social que não descansou enquanto não pôs Portugal a considerar-me culpado» – Bruno de Carvalho | Entrevista prt. V

No início de 2021, Bruno de Carvalho processou o grupo Cofina, pedindo uma indemnização milionária. Em entrevista ao Diário do Distrito, o ex-presidente do Sporting abordou o processo. 

É muito complexo, estamos a falar de milhares de notícias que para nós são de calúnia e difamação. Eu não sei se alguém no mundo inteiro sofreu milhares de  notícias em vários jornais distintos e em televisão, neste caso tudo do grupo Cofina.

«Está na altura de separar o trigo do joio»

Bruno de Carvalho espera que a comunicação social não interprete o processo como um ataque ao jornalismo, mas como um combate ao que considera mau jornalismo.

Eu espero que a comunicação social  não tenha a tentação de achar que este processo é um processo que atenta à sua liberdade enquanto comunicação social e enquanto jornalismo. Espero que a comunicação social isenta olhe para este processo e entenda que está na altura de separar o trigo do joio, porque nem todos os jornalistas são bons, nem maus, mas não podemos achar que no jornalismo só estão puros e incautos e devotos a deus… Há gente muito mal formada no mundo do jornalismo… E há gente que não está lá pelos princípios e missões que se devem reger… Há pessoas que estão para ganharem dinheiro extra e lutarem por interesses particulares e não pelo bem comum. A própria comunicação social devia ser a primeira a querer essa separação… Teres um instrumento como um órgão de comunicação social e utilizá-lo para difamar, caluniar, humilhar seja quem for, não deve ser visto como jornalismo… E não estou a dizer que as pessoas não devem olhar para a Cofina como par ou não par, entendam que a Cofina é juridicamente uma responsável por solidariedade, porque estão dentro dela todas estas publicações onde pessoas específicas cometeram essa atrocidade da difamação. É como tudo na vida, se eu escrever para um órgão de comunicação social e difamar e caluniar alguém, eu posso ser condenado e a minha entidade patronal também, por isso é que os jornais e as televisões têm editores e diretores, para haver uma cadeia de comando que tente mitigar a vontade um jornalista poder fazer isto.

Para mim ficou claro, quanto estamos a falar de cerca de mil notícias, não me parece que seja normal dizer que falhou a supervisão… Falha uma, duas, mas mil? O que aconteceu no caso Alcochete… Foram mais de mil notícias onde me condenaram completamente na praça pública, que é o pior sítio. A condenação na sociedade é uma condenação muito complicada, és inocente, tens um processo onde devias ter a possibilidade de estar calmo, e de lidar com ele e só de ter preocupação nisso, mas não… Tive um órgão de comunicação social que não descansou enquanto não pôs Portugal a considerar-me culpado. E quando dizem com uma grande lata que não foram eles… Claro que foram. O julgamento popular, a condenação popular… Eu não me posso esquecer de uma capa onde estava a dizer “Culpado”, só porque fui levado a julgamento, isto é a subversão daquilo que é a comunicação social… Ires a julgamento não significa que és culpado… Atacaram-me a mim,a minha filha mais velha, as minhas ex-mulheres, a minha mãe, a mim enquanto Homem, enquanto marido, enquanto pai, enquanto profissional… Conseguiram para cada segmento falar de mim, definiram-me como um indivíduo que bate em mulheres, um mau pai, um drogado, um bêbado, um descompensado, um fazedor de falências, um péssimo gestor, um homem que roubou o Sporting… Um homem que manda bater, que é terrorista…

«A comunicação social permitiu que, desde 2011, digam que eu sou o homem das falências enquanto eu não tive uma falência nem uma insolvência»

Deu o exemplo de uma situação onde foi acusado de falir empresa e, segundo o próprio, não houve interesse em desmentir tal informação por parte de qualquer órgão de comunicação social.

Eu não acredito que os outros grupos não soubesse do que se estava a passar, não acredito… É tão fácil saber se é verdade ou não… Qualquer pessoa por 20€, com o meu número de contribuinte, sabe perfeitamente se eu alguma vez fali alguma empresa…. E a comunicação social permitiu que, desde 2011, digam que sou o homem das falências, enquanto eu não tive uma falência nem uma insolvência. Permitiram que se dissesse, por exemplo, que quando eu saí do Sporting, para dar a entender que roubei o Sporting, que tinha pago três milhões em dívidas fiscais… Isto cola, porque o povo já estava tão cansado… Explico como é que se faz uma notícia destas: Primeiro, nenhuma comunicação social deu ênfase àquilo que já disse várias vezes, que tenho contencioso fiscal, é quando as finanças acham que tu deves, e tu achas que não deves, não é dívida… O tribunal irá decidir. A partir do momento em que a Cofina inventou que eu tinha três milhões em dívida, se forem às finanças e pedirem uma declaração com o meu número de contribuinte, diz que não sou devedor…  Se fores um bom jornalista, admites que andavas a mentir; se fores um mau jornalista, utilizas o documento para dizer que não deve nada porque já pagou… Se não deve, é porque já pagou… Inventam o caso, e quando dá jeito vão buscar a certidão… Isto não é manipular as pessoas contra mim? Eu saí do Sporting suspenso, expulso e destituído, e a seguir fui pagar três milhões em dívida… Uma narrativa pode pegar em ti e fazer-te candidato a Presidente da República, e também pode pegar em ti e passares de presidente de um clube a um mandante terrorista… Por acaso, do mesmo grupo…

Sobre o valor milionário, Bruno de Carvalho diz que o mesmo foi apurado pelos advogados, e que «são valores que são divididos por cada um dos jornalistas em função dos conteúdos».

1ª parte da entrevista – «Não tenho dúvida nenhuma que o Sporting vai ser campeão» – Bruno Carvalho | Entrevista prt. I
2ª parte da entrevista – «A nível de gestão, duvido que tenha existido pior do que estes órgãos sociais» – Bruno Carvalho | Entrevista prt. II
3ª parte da entrevista – «Para mim, enquanto cidadão, Alcochete não está resolvido» – Bruno de Carvalho | Entrevista prt. III
4ª parte da entrevista – «A seguir a Pinto da Costa, António Salvador é o melhor presidente em Portugal» – Bruno de Carvalho | Entrevista prt. IV


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