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TAPAS – A solidariedade que nasceu no Facebook

Conheça com o Diário do Distrito um grupo que auxilia famílias carenciadas em Almada e Seixal

Portugal já várias vezes demonstrou ter um dos mais solidários povos, e a cada crise que atravessa, consolida-se esse aspecto.

A pandemia de covid19 veio mais uma vez demonstrar essa solidariedade, e são inúmeros os exemplos que se encontram nas redes sociais, de quem não tendo muito, mesmo assim consegue ajudar quem nada tem.

“O TAPAS – Trindade Apoio Para Almada Seixal nasceu de uma noite em que estávamos a ver televisão, como muitos portugueses e vimos imagens com os bombeiros a aguardar durante horas junto do Hospital Garcia de Orta” explica ao Diário do Distrito Tânia Gomes.

“Tenho vários amigos bombeiros, como os outros membros do grupo, e uma de nós colocou um alerta num grupo de mães no Facebook, a questionar como poderíamos ajudar.

Eu, a Patrícia Silva e a Ana Rita Costa não nos conhecíamos pessoalmente, mas acabámos por falar em privado e decidimos ‘vamos fazer!’”.

Surgiu assim um grupo no Facebook de ajuda aos Bombeiros, “que ficaram ‘esquecidos’ durante horas na porta da Urgência e com doentes no interior das ambulâncias.

Foi a eles que ajudámos primeiramente e desencadeou-se com o alcance do grupo uma enorme onda de solidariedade, com muitos dos seguidores a fazerem doações particulares.”

Criada a página no Facebook para organizar as doações “começámos também a receber muitas solicitações de famílias com pedidos de ajuda para comida”.

Após a situação no Hospital ter sido regularizada, este trio de mulheres focou-se nesses pedidos que lhes foram sendo feitos. “A nossa direção é ajudar quem precisa, e por isso começamos a focar-nos no apoio a essas famílias carenciadas.

O nosso grupo tem o propósito de divulgar e angariar o máximo de bens alimentares e outros, necessários para quem mais precisa no imediato e o alcance de partilhas, visualizações, pessoas conhecidas, fez do grupo um veículo de ajuda, que era exatamente o pretendido.”

É através desse grupo nas redes sociais que chegam os pedidos “ou pessoalmente, de pessoas que já nos conhecem, e nos pedem” refere Tânia Gomes, “embora muitas pessoas não tenham ainda a coragem para pedir ajuda, há casos que vamos encontrando através de outros grupos, com pessoas que procuram algum tipo de ajuda”.

A página do TAPAS serve também para lançarem os apelos dos pedidos que lhes vão chegando e para quem tenha interesse em entregar bens o possa divulgar.

“As dádivas têm vindo através de amigos e familiares, mas também de pessoas que não conhecíamos. Em poucos dias conseguimos juntar ali quase 1.700, e muitas pessoas contactam-nos para nos ajudarem.”

Neste momento, após um mês da sua criação, estão a apoiar com carácter regular mais de dez famílias, sendo que “o número de pedidos tem vindo sempre a aumentar”.

«Pedem-nos sobretudo comida»

Sobre que tipo de pedidos lhes chegam, Tânia Gomes responde rapidamente: “Comida. Esse é praticamente o principal pedido, e depois trabalho.”

Para além dos bens alimentares básicos “pedem-nos também muitos frescos, o que é mais difícil de obterem. Na dispensa há quase sempre a ‘mercearia seca’, ao passo que legumes e fruta é sempre um pouco mais difícil.”

Além dos apoios de particulares, também algumas empresas se têm oferecido para ajudar “como é o caso da Frutaria Desfrutar, em Corroios, que nos tem ajudado com pão e legumes, e vamos enviado pedidos para talhos, e outras lojas, de forma a complementar os pedidos.

E há coisas que quem dá nem se lembra que pode também adicionar à dádiva, como uma simples lata de tomate.”

Por enquanto ainda não solicitaram ajuda às entidades oficiais, “porque temos recebido as dádivas de particulares e porque também sabemos que nessas há listas de espera intermináveis, e entre sermos nós, enquanto grupo, a pedir ou ser o próprio, se calhar é mais fácil se o fizer a título individual.”

A triagem dos pedidos decorre “através de algumas conversas com as pessoas, porque achamos que é a falar que as pessoas se entendem, e tentamos com isso saber quais as necessidades exactas” explica Tânia Gomes.

“Depois tentamos verificar, acima de tudo, se as pessoas já fizeram algo para solicitar apoio, se contactaram os serviços sociais da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal, se as pessoas já pediram RSI, subsídios de desemprego, se este está atrasado, e porque sabemos que há pessoas que não procuram estas ajudas.

A nossa intenção é ajudar, mas apenas conseguimos ajudar pontualmente e com essas perguntas, queremos garantir que as pessoas possam ter uma continuidade nesse apoio, até porque temos conhecimentos com assistentes sociais e podemos ajudar no encaminhamento.

Mas as pessoas não podem ter vergonha de pedir ajuda, porque há sempre quem consiga ajudar com algo.”

Este domingo, 7 de Março, o Grupo TAPAS vai estar na Quinta da Marialva, na entrada de Corroios – Vale de Milhaços, entre as 10h30 e as 12h30, para receber bens alimentares e de higiene e limpeza.

«Não tive vergonha de pedir ajuda no Facebook»

O Diário do Distrito acompanhou uma tarde de entregas na freguesia de Corroios, e falou brevemente com uma das famílias que recebe apoio do TAPAS.

“Sem vergonha nenhuma pedi ajuda pelo Facebook, porque a minha mulher está a lutar com um cancro e tenho um filho de seis anos. Com esse pedido, recebi apoio de algumas pessoas conhecidas” explicou Vítor Oliveira.

“Depois fui contactado por elementos do TAPAS, que terão visto o meu apelo através de amigos, e começaram a ajudar-me.”

Vítor Oliveira não poupa agradecimentos. “Elas são espectaculares e não têm deixado que me falte nada. Têm sido sempre muito atenciosas para connosco, são pessoas maravilhosas.”

Sobre o futuro, tem “esperança em melhores dias, porque isto não está fácil. Agora só queria saúde para a minha mulher, que fez um novo tratamento de quimioterepia e foi-se muito abaixo, nunca a tinha visto assim.”

Neste dia a visita do TAPAS deixou “alguns miminhos para o filho do casal, uns chocolates e coisas assim”, explicou Patrícia Silva, que recorda ainda que “a determinada altura trouxemos-lhe uma sopa de caldo verde, e agradeceu-nos imenso.

Por vezes, nem conseguimos avaliar o valor de um simples prato de sopa para quem precisa.

E esta sopa ficou como sendo ‘a nossa sopa’, e já está prometido que após tudo isto passar, o Vítor irá fazer uma panela de caldo verde para todos comemoramos.”


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