Opinião

Também faço chichi

Uma crónica de Vera Esperança.

Não, não são presentes. Os animais não são presentes. Os animais são seres vivos dotados de interesses e cuja satisfação de vida tem de ser garantida por quem os acolhe.  Não é agora virem buscar o desgraçado do cão ou do gato, que é tão fofinho, para depois o devolverem em janeiro, só porque faz chichi e cocó, tal como o seu detentor.

É para consciencializar quem pouca consciência tem que muitas associações suspendem os seus programas de adoção no Natal. Não venha cá buscar o seu “presente”, porque não há embrulhos, nem laços. Na verdade, também não temos presentes, temos vidas que precisam de cuidados, atenção e muito amor. Saiba que uma vida não é um presente!

Se quiser um companheiro, daqueles com quem pode sempre contar, lembre-se que um amigo patudo larga sempre o seu pelo, se for pequenino vai chorar, precisa de passear, precisa de comer e beber, precisa de cuidados veterinários, de ser ensinado, de uma cama e brinquedos, de higiene, desparasitações, chips, registos, seguros e de muito do seu tempo. Precisa ainda do consentimento dos pais de um menor, caso pretenda entregar um animal aos cuidados de uma responsável e amável criança. Em média, por ano, um cão bem tratado pode representar uma despesa de 1.007€ e um gato ronda os 865€ – é esta a conclusão de um estudo da Deco. Por isso, conte também com o dispêndio de alguns euros.

Infelizmente ensina a experiência que depois da época natalícia a devolução de animais ou o seu abandono aumenta substancialmente. O espírito de natal foi embora e com ele levou toda a fraternidade, paz e amor. Ah, e levou também o cão, o gato e o periquito porta fora…

E com isto, lá ficou a criancinha sem o seu presente fofinho de natal, porque afinal, e contra todas as expetativas, não tem um botão off e não é efetuada troca mediante a apresentação do recibo. Tá mal!

O aumento de uma família deve passar por uma reflexão prévia de todos os seus membros, pois não vão querer os meninos e as meninas que o papá ou a mamã sejam punidos na qualidade de criminosos por abandonarem o fofinho que foram buscar na véspera de natal, pois não? Lembra-se de um anúncio, já muito antigo, em que um bonito homem corria atrás de uma mulher e a voz off dizia: e se alguém de repente lhe oferecer flores isso é … então, vá lá malta, isso é…. lembram-se, por certo…. é…. UM IMPULSO!!!

Por isso, o papá e a mamã, ou para que todos me entendam e sendo até mais correta e extensiva na designação dos inconscientes, o pai natal, deve abster-se de entregar seres vivos mediante impulsos. Na verdade, e analisando bem esta figura pagã, deveria até andar a pé e deixar as renas em paz. Podia ser que já conseguisse passar pela chaminé, tornando-se em simultâneo numa figura mais saudável, simpática e amiga dos animais.

Ter um animal é ter um amigo para toda a vida, é poder rir e brincar, é ter sempre uma companhia, é poder passear e conviver, é poder cuidar e amar. E sim, é também sofrer quando ele se magoa ou quando está triste ou doente e, acima de tudo, quando nos deixa porque por certo se transformou naquela estrela que ansiamos ver no céu sempre que a noite cai.

No final de todas as contas vai ser sempre sensacional.

Voltarei, porque, afinal, “somos todos iguais”.


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