‘Somos militares e há que estar preparados para tudo’
O 49.º exercício da NATO no Mar Báltico – BALTOPS 2020 foi pela primeira vez comandado a partir de Portugal, no novo Centro de Operações Conjunto da STRIKFORNATO, em Oeiras, num panorama bastante diferente dos anteriores devido à pandemia de covid-19.
O exercício contou com três mil militares comandado a partir de Portugal (a cerca de 3000 km de distância), e terminou esta terça-feira, com um convite à comunicação social para um balanço, onde o Diário do Distrito esteve presente.
Na renovada sala de operações foram feitas as apresentações dos elementos nacionais e estrangeiros que permitiram que este exercício decorresse em segurança, usando novos recursos como a partilha em tempo real de informação em rede, sistemas de compilação do panorama tático e operacional conjunto, comando e controlo aéreos, plataformas comuns de transmissão de imagem e teleconferência de suporte ao trabalho colaborativo.
O Contra-Almirante Guy Robinson, da Royal Navy, comandou pela segunda vez este exercício que classificou de “um verdadeiro êxito”, apesar de lamentar ter acompanhado o mesmo “em terra, porque sou marinheiro e gosto de estar no alto-mar com os meus camaradas, mas um dos momentos altos do meu comando foi também poder interagir com todos através dos meios tecnológicos”.
O Contra-Almirante elogiou também todo o apoio prestado pela Marinha e Exército portugueses “num cenário muito mais difícil, em que tivemos de mudar muitos aspectos, como o cancelamento dos exercícios em anfíbios, que levariam ao desembarque em certas zonas, os desembarques em algumas zonas ou a participação de outros navios nos exercícios, como acontece por vezes, para evitar qualquer tipo de contaminação.”
O exercício levou um ano a ser preparado “e iria iniciar-se precisamente quando se iniciou em Portugal o ‘Estado de Emergência’. Ponderámos se este avançaria ou não, contactámos com os países participantes e estes decidiram que devia ser realizado, e todos ficaram agradados com a decisão de prosseguirmos.”
Os próximos dias serão de “reflexão profunda sobre o que correu bem e o que correu menos ‘Somos militares e há que estar preparados para tudo’positivamente, uma parte critica também deste exercício”.
O Capitão-de-mar-e-guerra Boliqueime da Conceição, da Marinha Portuguesa, explicou depois as medidas de segurança e higiene que foram implementadas quer nas embarcações participantes, quer no Centro de Comando, “que resultaram em que não foi detectado qualquer caso positivo em qualquer um dos elementos ou no Comando em Portugal.
O covid-19 foi um novo desafio mas somos militares e temos de mostrar que estamos preparados para tudo e isto demonstrou isso mesmo.”
No Mar Báltico estiveram 28 navios, 28 aeronaves e cerca de 3.000 militares de 19 países aliados e parceiros da NATO, a realizar exercícios de treino real que incluem operações de defesa aérea, interdição marítima e contramedidas de minas.
Os países presentes foram Canadá, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Letónia, Lituânia, Holanda, Noruega, Polónia, Portugal, Espanha, Suécia, Turquia, Reino Unido e EUA.
Portugal contou com a participação 15 militares da Marinha, Exército e Força Aérea, em ações de comando e controlo do exercício, onze dos quais pertencem ao staff permanente da STRIKFORNATO, e os restantes quatro foram destacados para apoio em áreas de coordenação e gestão técnica.
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