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SMAS Almada confirma avarias na ETAR da Quinta da Bomba mas deixa críticas à autarquia do Seixal

A população do Miratejo, Seixal, tem vindo a queixar-se de maus cheiros e sujidade nas águas do sapal de Corroios.

O assunto foi também levantado nas reuniões camarárias e assembleia municipal no Seixal, com o presidente Joaquim Santos a afirmar que o problema deriva da «má gestão» por parte da Câmara Municipal de Almada, e acusando a autarquia vizinha de «crime ambiental contra o Seixal. Há mais de uma década que não havia queixas da população relativamente à poluição naquele local, como há agora.»

Em resposta a um pedido de esclarecimento do Diário do Distrito, a autarquia do Seixal explica que «a gestão do funcionamento da ETAR da Quinta da Bomba é da responsabilidade dos SMAS de Almada, que controla a qualidade do efluente» e ainda que «a gestão da rede de esgotos em alta, no território do Seixal está sobre a responsabilidade da entidade Simarsul».

Sobre os problemas ambientais é referido que «as últimas análises realizadas à água da Baía do Seixal ocorreram no dia 26 de agosto e dos 5 locais avaliados, constatou-se que 4 apresentaram resultados bons, bastante inferiores aos valores limite. Apenas no ponto junto ao Moinho de Maré de Corroios os valores são muito elevados, muito acima dos valores limite, demonstrando resultados muito maus.»

Na mesma nota a autarquia do Seixal afirma que tem estado em contacto com as duas entidades, para garantir «quer os parâmetros legais de descarga de efluentes, quer a necessidade em se adequar o regular funcionamento dos sistemas, para evitar ao máximo descargas de efluentes durante as ações de manutenção dos equipamentos» e ainda que «trabalha em parceria com a disponibilização dos meios e recursos necessários, nomeadamente através de ações inspetivas».

Já sobre as possíveis causas para o ‘crime ambiental’, considera a autarquia que «a visualização de resíduos na água do estuário poderá estar relacionada com eventuais ações de manutenção corretiva em estação elevatória, ou mesmo por algum problema decorrente do funcionamento da ETAR da Quinta da Bomba».

Contactada pelo Diário do Distrito, a Simarsul também remeteu esclarecimentos para a Câmara Municipal de Almada, como entidade gestora do equipamento intermunicipal, embora frisando que «a referida ETAR sofreu há muito pouco tempo uma reabilitação profunda».

ETAR apresentou «avarias no espessamento e desidratação»

E foi esse o esclarecimento que procurámos junto do vereador Miguel Salvado, responsável pelo SMAS na autarquia de Almada, que admitiu a gestão almadense sobre a ETAR da Quinta da Bomba e ainda que esta apresentou «avarias no espessamento e desidratação durante o mês de agosto e setembro» e que «a mais grave ocorreu no final de agosto: avaria elétrica no QE do espessamento que causou grandes constrangimentos na extração de lamas desta ETAR.

Esta avaria foi parcialmente resolvida, no entanto causou uma acumulação anormal de lamas nos decantadores primários, secundários e nos filtros de areia. É verdade que estas ocorrências que podem ter causado maus odores na zona da ETAR, no entanto não é por falta de manutenção dos equipamentos.»

Segundo o vereador «os SMAS de Almada têm estado bastante atentos a este problema e de forma a minimizá-lo, o espessamento e a desidratação estão a funcionar quase em contínuo para tentar recuperar a qualidade do efluente final».

Miguel Salvado refere ainda que têm sido feitas visitas ao local por parte dos serviços «que também verificaram uma obstrução no coletor da Câmara Municipal do Seixal afluente à ETAR da Quinta da Bomba.

Por essa razão o caudal está a ir para um descarregador e encaminhado para um coletor pluvial, drenando diretamente no Sapal podendo causar problemas ambientais e maus cheiros. Mais uma vez irão verificar-se constrangimentos nos próximos dias e que não são da responsabilidade dos SMAS.»

Valores de pagamentos à Simarsul/SMAS Almada

O presidente da edilidade seixalense declarou também que «é por este serviço (tratamento de efluentes em Miratejo) que «o município do Seixal paga mais de seis milhões de euros por ano para a gestão da ETAR intermunicipal da Quinta da Bomba, no Miratejo, e é o que temos, constantes queixas de maus cheiros e com análises legais que têm ultrapassado valores de concentração de porcaria».  

No seguimento dos contactos efectuados, obtivemos por parte da Simarsul o esclarecimento de que «os pagamentos anuais da Câmara Municipal do Seixal rondam os 4 milhões de euros», valor destinado «entre outras coisas, ao investimento efetuado pela SIMARSUL e também ao pagamento dos gastos operacionais resultantes do transporte e tratamento dos efluentes do sistema multimunicipal, bem como o pagamento ao SMAS de Almada do tratamento dos efluentes do Município do Seixal encaminhados para a ETAR da Quinta da Bomba, gerida pelos SMAS de Almada.»

Miguel Salvado esclareceu ainda que «sobre os valores pagos pela Simarsul aos SMAS de Almada adianto que os custos anuais de exploração em 2018 foram de 278.795,11€ e em 2019 foram 261.141€».

Miguel Salvado critica declarações de Joaquim Santos  

Acerca das acusações proferidas por Joaquim Santos sobre esta situação, o vereador de Almada considera as mesmas «lamentáveis», e acrescenta que «sobre os resultados das análises à água da zona do sapal basta dizer que as análises não foram efetuadas de forma correta.

As amostras efetuadas e que a CMS refere são recolhidas junto ao Moinho de Maré, no entanto foram comparadas com as análises recolhidas nas Zonas Balneares (tal como deve ser feito), e é obvio que os valores nunca poderão ser idênticos, por isso que está estipulado as análises serem feitas nas zonas balneares.»

Miguel Salvado considera que «estamos perante uma situação que não é mais do que um aproveitamento de uma avaria na ETAR para a criação de um facto político.

O que a Câmara Municipal do Seixal deveria explicar é que todo este alarido é devido à sua insistência em querer classificar a zona da ponta dos corvos e outras como praias sendo que estas zonas não obtém os resultados necessários para puder obter essa distinção por parte da APA.»


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