Atualidade

SIM acusa Governo de ‘brutal sobrecarga’ sobre médicos de família

A evidência é apresentada pelo SIM – Sindicato Independente dos Médicos em comunicado, no qual garante que a dificuldade no acesso a consultas nos Centros de Saúde «é o resultado prático e visível da política seguida pelo Ministério da Saúde nos últimos anos de ignorar a enorme sobrecarga dos Médicos de Família, agora enormemente aumentada com a atribuição de inúmeras novas tarefas no contexto da pandemia de COVID-19».

Esta é uma situação que tem sido «repetidamente» denunciada pelos sindicatos médicos quando «alertaram que a atribuição de 1.900 utentes a cada Médico de Família é incomportável, resultando inevitavelmente em uma de duas situações: utentes sem consulta em tempo útil ou trabalho extraordinário invisível, não remunerado, por parte dos Médicos de Família para tentarem dar resposta a todos os pedidos de consulta», a que se veio juntar a situação causada pela pandemia.

A título de exemplo, o SIM aponta que «durante o mês de julho de 2020, os Médicos de Família portugueses fizerem quase um milhão de consultas não presenciais a mais do que em igual período do ano passado».

A sobrecarga fica a dever-se ao facto destes serem confrontados com a necessidade de «realizarem as consultas habituais aos seus doentes; as consultas em atraso do período de confinamento; as consultas a doentes de outros Médicos de Família que estão deslocados para Áreas Dedicadas à COVID-19 e as consultas a mais de 1 milhão de doentes sem Médico de Família».

A esta sobrecarga acresce a necessidade de seguirem os doentes com COVID-19, os doentes suspeitos de COVID-19, responderem a contactos telefónicos de doentes que não conseguem consulta presencial em tempo útil em consequência das tarefas anteriormente elencadas e a emails de doentes que passaram a optar por esta via de contacto.

«A agenda dos Médicos de Família não tem espaço para todas estas tarefas. A manta não estica por mais que o Ministério da Saúde faça por ignorá-lo» acusa o sindicato.

«A resposta do Ministério da Saúde é a prova máxima da incompetência: promete 30 mil telemóveis para os Centros de Saúde. Sim, é verdade que os profissionais dos Centros de Saúde têm de utilizar os seus telemóveis pessoais para contactar os seus doentes. No entanto, a sobrecarga atualmente existente manter-se-á absolutamente inalterada com mais ou menos telemóveis.»

Entre as propostas para resolver os problemas de acesso dos doentes à consulta, o SIM propõe que o Ministério da Saúde atribua «menos tarefas a cada Médico de Família ou contratar mais Médicos de Família, libertando assim tempo para a realização de mais consultas presenciais».

Outra proposta passa pela atribuição dos contactos telefónicos a utentes suspeitos de COVID-19 ou utentes com COVID-19 sem critérios de gravidade, para equipas de profissionais de saúde contratados para o efeito.

«As Áreas Dedicadas à COVID-19 (ADC) devem ter um quadro de médicos próprio. O Ministério da Saúde teve meses para fazer essa contratação. O cenário atual de deslocar Médicos de Família dos Centros de Saúde para as ADC ao mesmo tempo que se exige que os doentes desses Médicos de Família tenham consulta nos Centros de Saúde, não é razoável.»


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