Distrito de Setúbal

SETÚBAL – AHBVS celebrou 135 anos de existência com sessão solene e almoço-convívio

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal realizou este domingo uma sessão solene e um almoço convívio para celebrar o 135.º aniversário, durante a qual tomou também posse oficialmente o novo Comandante do Corpo de Bombeiros, José Lourenço Palhas.

Brissos Lino

José Luís Bucho

Brissos Lino, presidente da Assembleia Geral, salientou o facto “de muitas instituições centenárias terem vindo a desaparecer ou a descaracterizar-se, algo que não aconteceu com esta Associação, que tem vindo a renovar-se, e esperemos que assim se mantenha, para cumprir os seus objectivos, e aquilo que está no seu ADN: o socorro, protecção e prevenção.”

A necessidade de “desenvolver novas competências, capacidades e recursos”, bem como “a necessidade de atrairmos novos sócios, desafio que deixo aos actuais, não pelo valor da quota, mas pelo suporte humano que todos precisamos”, foram outros dos aspectos referidos por Brissos Lino.

No seu discurso de tomada de posse, o Comandante José Lourenço Palhas destacou “o sentimento de grande responsabilidade de prosseguir com um legado centenário” e também focou “as dificuldades que temos de enfrentar com as alterações climáticas que nos põem à prova para garantir o socorro com eficiência” e ainda “a dificuldade que encontramos no recrutamento de novos bombeiros. Preciso de homens e mulheres em quantidade suficiente mas também com elevada qualidade.”

Para o novo comandante, que iniciou funções em Junho deste ano, “é também necessário um maior envolvimento da comunidade com os seus bombeiros”, dando como exemplo o que ocorre com o destacamento de Azeitão, “onde os comerciantes garantem vários apoios, até refeições quentes, que permitem aos nossos bombeiros irem para as suas missões reconfortados e não comerem apenas pão com pão.

Mas cabe também aos bombeiros dar para receber, já não é o tempo dos peditórios na rua, não estamos a pedir nada, estamos a partilhar o nosso conhecimento na protecção das populações.”

Relativamente ao futuro, o Comandante garantiu que “irei assegurar ainda durante 2018 novos recrutamentos e a realização de cursos de Técnicos de Ambulâncias de Socorro. Dêem-me meios e tudo farei para que a massa humana seja uma realidade. Mas precisamos também de novos equipamentos, sobretudo ambulâncias, e aqui deixo o apelo à sociedade civil e empresas para nos ajudarem na sua aquisição e assim podermos melhorar o socorro.”

«Estou zangado»

O presidente da Direcção da Associação Humanitária, José Luís Bucho, repetiu conforme o próprio afirmou “a frase que digo sempre nestas ocasiões: estou zangado. E continuo zangado, enquanto pagarmos mais impostos ao Estado do que aquilo que recebemos; enquanto os bombeiros continuarem sem estatuto socio-profissional e uma carreira; enquanto a Lei Geral de Trabalho continuar a ser aplicada a uma profissão de protecção dos outros e sem ter em conta a disponibilidade permanente; enquanto não tivermos um comando único que represente os bombeiros; enquanto os responsáveis continuarem a olhar para as Associações Humanitárias e corpos de bombeiros como há vinte anos atrás; enquanto houver subserviência para com o Governo e a ANPC; enquanto dirigentes das Associações Humanitárias forem condenados a penas de prisão suspensa, por optarem por não pagar os impostos e garantirem os salários dos seus bombeiros; enquanto os nossos governantes só se lembrarem de nós em alturas de fogos ou catástrofes e continuarem a evitar o reconhecimento que merecemos. Enquanto assim for, continuarei zangado.”

José Luís Bucho referiu ainda que “esta situação não vai mudar, se tivermos em conta que no Orçamento de Estado 2019, os Bombeiros Voluntários de Setúbal vão ter um aumento entre Zero a 34 euros por mês.”

Sobre a corporação frisou que “temos um passado que nos orgulha, e um futuro que com enorme vontade de todos continuará neste espírito de inter-ajuda” e na saudação ao novo comandante solicitou que “termine com o espírito derrotista, mas reconheço que tem pela frente um plano de trabalho exigente”.

O comandante distrital de Operações de Socorro de Setúbal garantiu que “todos os que envergam a farda de bombeiros têm enorme orgulho nesta” e acrescentou ainda a importância da “complementaridade entre as instituições, porque hoje em dia nenhuma entidade responsável pelo socorro consegue actuar sozinha”.

Por sua vez, o vereador da Protecção Civil, Carlos Rabaçal parabenizou o novo Comandante e a Associação Humanitária “pela dedicação e empenho como guardiões da segurança das populações” reconhecendo que “há muito trabalho para fazer ainda, e a autarquia de Setúbal já começou, sendo uma das que mais investiu ao longo dos anos nos dispositivos de segurança e bombeiros.”

Sobre este assunto, o autarca aproveitou para criticar a “lei que permitiu que fosse aplicada a taxa municipal de Protecção Civil, e que passou a ser inconstitucional, levando a que a autarquia tenha de devolver o valor, depois de já ter feito largos investimentos. Por outro lado, sabemos que o OE2019 prevê um novo contributo municipal para a Proteção Civil, o que significa que o Governo percebeu que errou e que esta verba é necessária”.

Na cerimónia foi ainda reconhecido Luís Dâmaso, da AICEP Global, que durante anos tem vindo a apoiar com bens a corporação, e foram entregues quatro fardamentos para intervenção urbana e capacetes aos bombeiros.


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