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Setúbal – A (Des)Capitalização de um distrito

Segundo dados da Comissão Europeia, o crescimento económico de Portugal para o próximo ano de 2023 em matéria de PIB situa-se nos escassos 0,7%, sinal da fraca capacidade de expansão e crescimento que caracterizam a nossa economia.  Perspetivando-se a manutenção de um valor elevado da taxa de inflação, que se situará nos 5,8% no próximo ano, o custo de vida continuará a agravar-se para os portugueses.

Neste cenário de parco crescimento económico, Setúbal continua a ser um dos distritos mais penalizados na perda de rendimentos per capita, dado comprovado quando observamos a taxa de desemprego (c. 6%). Tudo isto seria justificável numa região geográfica escassa em recursos, marcada por fatores de interioridade e condições estruturais adversas ao salutar desenvolvimento social e económico da região. Ora, o distrito de Setúbal, como brevemente irei expor, é exatamente o oposto a isto, e o que hoje observamos deverá ser alvo de reflexão por partes dos responsáveis políticos da nossa região.

1. O subaproveitamento da nossa costa e dos recursos que lhe são inerentes com o desprezo progressivo pelos nossos pescadores. Neste âmbito requer-se um programa concertado de incentivo a esta profissão, com medidas de apoio não só materiais e financeiras, mas também de formação e capacitação profissional junto das nossas instituições de ensino e formação profissional.

2. A dimensão agropecuária do nosso distrito, onde se insere a indústria da cortiça, a indústria da produção de carne, a atividade frutícola e a atividade vinícola. Requer-se também nestes setores um investimento de apoio, capacitação e formação profissional que possibilite aos habitantes locais do nosso distrito o ingresso neste setor e o seu desenvolvimento, invertendo a lógica de importação de mão-de-obra asiática de baixas qualificações.

3. As potencialidades turísticas que o distrito de Setúbal oferece têm vindo cada vez mais a ser rentabilizadas, consagrando-o como um destino de eleição do turismo nacional e internacional, abrindo-se assim uma janela de oportunidades para investimentos nacionais e estrangeiros que permitam a consequente criação de postos de emprego. Talvez este seja o setor que ainda tenha merecido alguma atenção, embora mais possa ser feito.

4. A localização estratégica de uma grande parte dos seus municípios colocam o distrito de Setúbal a cerca de uma hora (ou menos) de Lisboa, abrindo espaço para um processo de deslocalização de várias empresas sediadas na capital, para os concelhos do nosso distrito.

Pelo pouco que se disse, e que por si só já seria suficiente, o distrito de Setúbal é o reflexo de má gestão governativa e má gestão autárquica no que respeita ao desenvolvimento da nossa região.

Como diria o simples ditado popular «povo que não semeia, não colhe».

É urgente dar esperança ao distrito de Setúbal. É urgente levar Setúbal a bom porto.

Ricardo Pão-Mole, Vice presidente da comissão política Distrital de Setúbal


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