Cultura

Serralves mostra sete décadas de trabalho de Louise Bourgeois em “Deslaçar um Tormento”

O Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, inaugurou uma exposição dedicada à artista franco-americana Louise Bourgeois (1911-2010) que inclui 32 obras representativas das sete décadas de trabalho da artista.

Um dos destaques da exposição “Deslaçar um Tormento”, que abre ao público na sexta-feira e fica patente até 20 de junho, é “Maman”, uma aranha de aço e bronze com patas com cerca de 10 metros de comprimento.

“Maman” é uma das obras “mais representativas” da carreira da artista e talvez “a mais emblemática” das suas “famosas aranhas”, lê-se no dossiê de imprensa entregue hoje à comunicação social, durante uma conferência de imprensa de apresentação da mostra.

Segundo a coorganizadora da exposição Paula Fernandes, a aranha de aço e bronze, com oito patas, carrega no abdómen uma “bolsa com 20 ovos em mármore” e é uma “ode à sua mãe”, que considerava a sua melhor amiga e que foi uma tecelã.

A obra, que pode ser vista no ‘parterre’ central do Parque de Serralves, é uma espécie de “metáfora de reparação”, pois tece a sua teia e repara-a quando danificada.

“Tal como a aranha protege os seus ovos que carrega abdómen, uma mãe tem de proteger os seus filhos”, explica a nota de imprensa, referindo que Louise Bourgeois via a aranha como um “autorretrato”, que constrói a sua própria arquitetura a partir do seu corpo, tal como ela criava esculturas a partir do seu interior psicológico.

A exposição tem curadoria da diretora do museu norte-americano Glenstone, Emily Wei Rales, e conta com um total de 32 obras, entre esculturas, têxteis, desenhos, livros e instalações arquitetónicas.

Uma das instalações que o diretor do Museu de Serralves, Philippe Vergne, destacou, foi “A Destruição do Pai”, de 1974. A obra, onde aparece uma gruta habitada por formas redondas de látex moldado e mergulhadas em luz vermelha, é considerada a “primeira instalação” de Louise Bourgeois e aborda o “canibalismo”, um tema reincidente na obra da artista, conta Philipe Vergne.

“A cena retrata o resultado de uma fantasia de infância, na qual Bourgeois com a ajuda da mãe e dos irmãos se vinga do seu pai adúltero e tirano, esquartejando-o e devorando-o à mesa ao jantar”, explica a nota de imprensa, referindo a artista se sentia “muitas vezes traída e abandonada por ele”, dando largas à “profunda raiva contra o pai e contra o patriarcado opressor nas suas múltiplas formas”.

A exposição “Louise Bourgeois – Deslaçar um Tormento” revela vivências e acontecimentos traumáticos da infância da artista, como a sexualidade, o corpo, a morte e o inconsciente, mas apesar de autobiográfica, a obra de Bourgeois é também capaz de “transmitir emoções universais e a vulnerabilidade das nossas vidas quotidianas”, descreve o museu, referindo que sentimentos, como “insucesso”, “receios”, “inveja” ou “opressão”, encontram nas suas obras uma “forma física”.

A exposição foi organizada pela Fundação Serralves e o Museu Glenstone, dos Estados Unidos, em colaboração com The a fundação Easton, e coproduzida com o Voorlinden Museum & Gardens, nos Países Baixos.


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