Sociedade

Senhores e senhoras, façam barulho! Porque a campanha vai começar.

Confesso que me sinto desiludido com a pré-campanha eleitoral. Está morna, sem alma. E se me sinto desiludido tal resulta de uma expectativa que assumi a qual, ao fim e ao cabo, por ora, não verifico.

Assumi que o Partido Socialista iria ter uma frente de combate pujante com vista a não obter a almejada maioria absoluta. Mas não. Em relação à esquerda, é notório o uso de pinças porque o futuro ninguém o viu e convém não afrontar os amigos do passado par anão comprometer a (eventual) amizade futura.

À direita, Costa encontra dois líderes que jogam em duas frentes, sendo uma delas interna. A outra, de que a primeira depende, implica que Cristas e Rio precisam subir. O CDS não pretende voltar a ser o partido do táxi, ainda que tal consideração seja, da minha parte, meramente figurativa e, por sua vez, o PSD não pretende descer a níveis incomuns para um partido de poder.

Numa alusão futebolística, permitam, considerando as sondagens às quais temos tido acesso, diria que há um partido que assumiu a candidatura ao título e sagrar-se-á campeão, mas pretende sê-lo com larga vantagem sobre os demais adversários para ir sozinho à liga dos campeões; outro garantirá o acesso à liga europa sendo um natural residente da liga dos campeões, o que decepciona os adeptos; outros dois asseguram claramente acesso às competições europeias; um quinto, que costuma andar pela europa, tenderá a ficar a meio da tabela; e por fim, um recém primodivisionário, augura ascender a outros campeonatos e tudo faz crer que o irá conseguir. Paralelamente, dois deles, dicotomicamente, jogam campeonatos internos e, fruto deles, quiçá, ocorram chicotadas psicológicas.

Posto isto, resumidamente, direi que quer a pré-campanha, quer os debates estão longe de galvanizar os cidadãos. O PS teme que o (bom) fantasma da maioria absoluta lhe retire mobilização. E teme bem. Os partidos que, por outro lado, mais carecem daquela são o PSD e o CDS. Joga-se o tudo ou nada nas próximas semanas. E neste jogar de trunfos, importa dizer que Rui Rio tem estado muito bem nos debates televisivos. Não maçando com números e/ou estatísticas, tem sido a sua naturalidade na abordagem dos temas que o tem beneficiado. E sim, venceu Costa no debate dos debates.

Sem embargo, o problema de Rio e Cristas é outro. É que o eleitorado indeciso paira à direita e, se Rio tem reiterado até à exaustão que o PSD não é um partido de direita, que é de centro, é bom lembrar que o eleitorado que pode colher não está ao centro. Esse vota maioritariamente PS.

Paralelamente, não vislumbro encantamento da direita com Assunção. A este nível – não poderia deixar de o escrever – Assunção não pode negar as evidências e/ou a matriz ideológica do partido, porque isso defrauda os eleitores. A este propósito esteve francamente mal quando, questionada em directo numa entrevista televisiva sobre a identidade de género, nomeadamente sobre declarações do candidato a deputado Francisco Rodrigues dos Santos, remeteu-se ao silêncio. Cara Assunção, São Thomas More preferiu perdeu a cabeça a negar a sua fé. Retire conclusões…

E são algumas incoerências que poderão ditar uma queda abrupta. Não é certo que João Rebelo, também deputado municipal no Seixal seja eleito em Faro e Nuno Magalhães em Setúbal sendo cabeça de lista. Espero estar errado, nomeadamente por João Rebelo.

Ora, com estas vicissitudes, o trabalho dos partidos à direita do PS terá de ser este: captar o eleitorado que, tradicionalmente, tem sido o seu. Só aqui poderão captar votos ou, à contraio, não os perder.

Imaginar mais uma legislatura à esquerda, é uma má visão. O nepotismo, a aculturação, o clientelismo, são notas soltas de uma má pauta. Se se viu um PS refém de um acordo parlamentar, tal não significa que as políticas mais radicalizadas sejam obra dessa conjugação. Afira-se, a título de exemplo, as medidas que se pretendem implementar nas escolas públicas, mesmo contra a Constituição que proíbe ao Estado a implementação de ideologias. Em boa hora se requereu fiscalização sucessiva. Como isto quero dizer que o PS nem sempre se manifesta moderado, o que confere desconforto. E eis que se visionam dois cenários, um de maioria e independência para implementação de medidas sem que sejam mitigadas, e outra semelhante à pretérita legislatura, sendo que, na minha opinião, Costa foi certeiro quando qualificou o PCP como o partido mais maduro e fiável. É-o de facto. Mas não nos esqueçamos do fenómeno urbano PAN que poderá ser a terceira via de Costa.

Poucas notas breves e finais sobre os intervenientes principais. Jerónimo está muito cansado. Não é, definitivamente, o Jerónimo de Sousa de outros tempos e isso é notório. Catarina não parece Catarina. Vemos uma Catarina low-profile, delicodoce que nada tem a ver com o registo habitual. Ter-se-á evaporado a verdadeira? André Silva assume o seu registo verde. É ali a sua área de conforto. Fora do verde, perde-se. E isso foi notório no primeiro debate, como na entrevista ao Expresso. Por exemplo, questionado sobre uma medida do seu próprio programa (barragens) não conseguiu responder assertivamente e divagou. O que pensa o PAN sobre o país? Não sabemos. Tudo quanto sabemos são medidas avulso que, à onda de maiores ou menores críticas, vão sendo moldadas. Tenho alguma expectativa sobre os pequenos partidos. O fenómeno PAN conferiu expectativas renovadas aos pequenos partidos. Tenho curiosidade sobre os votos da Iniciativa Liberal.

Cito, por fim, e para contrastar com o status quo, Filomena Cautela: senhores e senhoras, façam barulho! Porque a campanha vai começar.


ÚLTIMA HORA! O seu Diário do Distrito acabou de chegar com um canal no whatsapp
Sabia que o Diário do Distrito também já está no Telegram? Subscreva o canal.
Já viu os nossos novos vídeos/reportagens em parceria com a CNN no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Siga-nos na nossa página no Facebook! Veja os diretos que realizamos no seu distrito

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *