ReportagemSeixal

Seixal | ‘Falta de democracia’ e ‘Fuckthepolice’ em espectáculo de 25 de Abril criticados pela oposição

A celebração do 25 de Abril no Seixal recebeu críticas dos eleitos do PS e PSD na reunião camarária que teve lugar na tarde desta quarta-feira.

O presidente Joaquim Santos teceu várias considerações sobre as celebrações, numa saudação, onde frisou “a democracia conquistada com a revolução”, mas admitiu “que há ainda aspectos e direitos que não foram alcançados, quer a nível nacional, quer mesmo ao nível do município, por mais que nos esforcemos por isso”.

Destacou também “a necessidade de lutar contra o fascismo, cada vez mais presente no mundo, na Europa e em Portugal, o qual devemos rejeitar em todas as suas formas”.

Nas intervenções da oposição, a vereadora Elisabete Adrião (PS) lamentou “a falta de democracia num concelho onde ainda falta cumprir Abril no que respeita ao pluralismo político.

Mais uma vez apenas se ouviu a voz do Partido Comunista nas comemorações, quando o PS havia proposto que este ano, à semelhança de muitos outros municípios, tivessem voz todos os eleitos na Assembleia Municipal. A essa proposta, o presidente respondeu que seria uma decisão desse órgão, mas nem o presidente da Mesa da Assembleia Municipal, Alfredo Monteiro, teve qualquer intervenção. A pluralidade é que representa os valores de Abril.”

A mesma posição teve o vereador Bruno Vasconcelos (PSD), considerando que “o caminho que anda falta percorrer de Abril, passa por dar liberdade à oposição, permitindo por exemplo participar no Boletim Municipal, como fez a Câmara Municipal de Almada.

A liberdade de Abril cumpre-se também com a transmissão das Assembleias Municipais e das reuniões de Câmara online; com o cumprir das deliberações apresentadas pela oposição e aprovadas na Assembleia Municipal, e com a descentralização das reuniões, de forma a que o executivo esteja mais próximo da população. É por isto que o PSD diz que ainda falta cumprir o 25 de Novembro.”

Em resposta, o presidente Joaquim Santos admitiu “que faz sentido o que os vereadores aqui colocam, porque em cada 25 de Abril poderemos vir a equacionar termos, para além das comemorações de rua, um momento de reflexão em que cada partido eleito possa elaborar sobre o seu sentimento acerca da Revolução”.

Também sobre as reuniões descentralizadas Joaquim Santos considerou “existirem condições para voltarmos a esse modelo, se bem que as actuais decorrem com uma elevada participação do público”.

Mas as criticas às celebrações não se ficaram por aqui, e Bruno Vasconcelos apontou também o dedo ao espectáculo “não de Agir, que até trouxe algumas canções de intervenção, mas sim de Julinhho KCD, que no refrão de uma das canções dizia umas quatro vezes ‘fuck fuck the police’, isto perante os agentes de autoridade que estavam no local a garantir a segurança de todos, e o que causou muito mal estar entre as forças da ordem.

Toda a gente sabe as condições que as autoridades enfrentam e acho isto uma vergonha. Espero que a Câmara Municipal, na pessoa do presidente, se retrate ou apresente um pedido de desculpa pelo que foi cantado. Isto é um tema sério e deve ser levado a sério.”

Paulo Silva explicou que “não cabe à Câmara Municipal avaliar as letras dos artistas convidados, isso acontecia antes do 25 de Abril com a censura. O Julinho foi contratado por proposta das associações de estudantes, que foram ouvidas para proporem o artista da segunda parte do espectáculo.

Mas na próxima reunião que tiver com o movimento associativo juvenil irei dizer-lhes que o vereador considerou a sua proposta como ‘vergonhosa’”, afirmação que Bruno Vasconcelos rebateu: “não foi aos estudantes que dirigi o termo ‘vergonhosa’, foi à passividade da Câmara Municipal perante o mal-estar que esta situação gerou nas forças da autoridade. Mas o senhor vice-presidente pode ir difamar-me como e com quem quiser.”

Joaquim Santos colocou ‘água na fervura’ e salientou “o respeito e a consideração total que as forças de segurança nos merecem. A estas agradecemos todo o esforço que dedicaram nestes dias de celebração, e por trabalharem cada vez mais no nosso concelho.

Estamos também empenhados em obter-lhes as melhores condições e por isso instamos com o governo pela construção de mais e mais dignas instalações.

Mas também temos de compreender o que é a música. Já todos fomos jovens e já todos cantamos músicas com letras se calhar menos próprias. E temos de ter algum lastro democrático.”


ÚLTIMA HORA! O seu Diário do Distrito acabou de chegar com um canal no whatsapp
Sabia que o Diário do Distrito também já está no Telegram? Subscreva o canal.
Já viu os nossos novos vídeos/reportagens em parceria com a CNN no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Siga-nos na nossa página no Facebook! Veja os diretos que realizamos no seu distrito

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *