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Seixal | Apupos, aplausos e suspense na cerimónia de instalação dos órgãos autárquicos

A cerimónia de instalação dos órgãos autárquicos no Seixal teve lugar esta terça-feira à noite e não foi falha de alguma «fricção», que incluiu vaias e suspense na hora da votação para os membros da mesa da Assembleia Municipal.

A cerimónia foi dirigida por Alfredo Monteiro, presidente cessante da Assembleia Municipal, perante um pavilhão repleto, da colectividade Portugal Cultura e Recreio, e que agradeceu “à nossa população que, em mais um acto eleitoral, elegeu os seus representantes no poder local democrático, que sublinha a conquista do povo português”.

Saudou os eleitos que vão iniciar o novo mandato e os que cessaram as suas funções, e garantiu que “saberemos cooperar com todos para responder às necessidades da população, bem como na reivindicação junto do poder central de várias necessidades, uma delas o Hospital no Seixal. Contamos convosco, contem também connosco.”

Seguiu-se a intervenção de Joaquim Santos, reeleito para o seu terceiro mandato como presidente da Câmara Municipal do Seixal, que também agradeceu aos eleitos que terminam mandato e saudou os novos eleitos, deixando a garantia de “trabalhar com todas as forças eleitas, unindo-nos na luta pelos desafios do presente e futuro, pela melhoria da vida da população.”

Apesar da ‘boa vontade’ demonstrada, Joaquim Santos não deixou de criticar “os eleitos do PS e do PSD que gritam muito nas Assembleias Municipais mas pouco fazem pelos interesses da população na Assembleia da República”, e relembrou ainda o ocorrido em 2018, “quando uma maioria negativa se uniu para reprovar o orçamento da Câmara Municipal, criando mais um obstáculo à gestão do município”.

Desejando que “não se repita a guerra permanente que ocorreu no anterior mandato”, o presidente apelou “à convergência e à paz política nos órgãos autárquicos” e enumerou os projectos realizados ao longo do mandato, bem como os que estão previstos e anunciados para o que agora se inicia.

Os eleitos tomaram então posse, registando-se aqui o primeiro ‘momento’ da longa noite, quando o nome de Eduardo Rodrigues, cabeça-de-lista pelo PS foi chamado e das bancadas se ouviram assobios.

Joaquim Santos, presidente reeleito na Câmara Municipal do Seixal

Alterações climáticas, abstenção e habitação

 

A cerimónia prosseguiu com as intervenções dos líderes de bancada dos partidos eleitos, por ordem de votação obtida, iniciando-se com Ivo Gomes, do PAN, o único discurso que no final recebeu aplausos das várias ‘fações’ presentes.

Na sua intervenção, Ivo Gomes frisou os resultados obtidos “que não foram os desejado, sobretudo depois dos que obtivemos, pela primeira vez, em 2017 e que demonstrou o interesse da população em mudar por um maior respeito pela Natureza, o que chamamos «Efeito PAN», cada vez é mais necessário, tendo em conta as alterações climáticas que já se fazem sentir e que terão efeitos no concelho.”

O eleito do PAN alertou para o facto de que “na Assembleia Municipal, apenas um terço das propostas do PAN foram realmente executadas, mesmo que a maioria tenha aprovado muitas mais. A CDU deve manter melhores relações com a oposição e cumprir o que é aqui aprovado” e deixou ainda uma mensagem ao CDS, “que neste mandato perdeu a sua representação, mas que fazem falta à democracia”.

Mário Macedo, eleito pelo BE realçou o problema da abstenção no Seixal e referiu que “temos um programa alternativo para o concelho, para que seja mais inclusivo, e com maior defesa da liberdade, contra a intolerância e os discursos de ódio”.

Considerou “inconcebível que no ano de 2021 ainda existam situações como o Bairro de lata de Santa Marta, o Bairro Judeu e o Bairro da Jamaika; que faltem creches e auxiliares no pré-escolar, e que no caso do Hospital no Seixal, embora adiado por sucessivos governos, o executivo CDU não tenha conseguido lidar com os atrasos.”

Relativamente ao papel enquanto oposição, Mário Macedo frisou que “não seremos o apoio de ninguém, apenas estaremos ao lado das medidas que forem positivas para a população. Saberemos ser oposição aos caminhos que não tragam desenvolvimento ao Seixal.”

Nuno Capucha interveio em representação do Chega, e também abordou a questão do Bairro da Jamaika “onde seres humanos não deviam viver naquelas condições”, e afirmou que “o Seixal não pode ser apenas um bonito postal com um espelho de água que tapa as misérias ou a poluição como a produzida na SN.”

O eleito do Chega não deixou de abordar as atitudes com a quais o partido tem sido «brindado». “Acusam-nos de ser fascistas, mas porque não nos chamam corruptos? Porque não compactuamos com isso. Somos uma lufada de ar fresco, a quem a direita fofinha queria abafar, e não iremos vacilar, por mais que nos queiram denegrir.

Será inabalável a nossa vontade de mudar o Seixal e combater, voto a voto, o que for prejudicial para o concelho, mas também estaremos dispostos a encontrar soluções em prol da população.”

 

Troca de acusações e promessas para novo mandato

 

Rui Belchior Pereira, líder de bancada do PSD garantiu que “no anterior mandato apresentámos mais de cem propostas, contrariando os que dizem que o PSD nada propõe; exigimos a concretização das promessas que têm vários anos, e que o executivo cumpra as deliberações aprovadas pela maioria, como as transmissões em directo das Assembleias Municipais”.

O assunto dos bairros degradados foi também abordado, “um inaceitável atentado à dignidade humana que dura há décadas”, bem como a alternativa à NC10, “competência do poder central mas uma promessa da CDU, e se promete, tem de cumprir”, e ainda a construção “de mais centros de saúde à semelhança de outras autarquias. A CDU no Seixal opta pela reivindicação, mas na Assembleia da República aprova os Orçamentos de Estado.”

O “dispêndio exorbitante em propaganda de outdoors, jornais, redes sociais e televisões”, bem como as “avenças exorbitantes e assessorias com verbas que são um autêntico escândalo numa das mais endividadas autarquias do país”, foram outras das críticas do social-democrata.

Ficou também a garantia de que o PSD “não irá aceitar qualquer pelouro, apesar do convite endereçado pelo presidente. Não queremos tacho e recusamos a subserviência ao poder instalado.”

A penúltima intervenção da noite coube ao PS, através de Samuel Cruz, que protagonizou o segundo ‘momento’ da cerimónia.

A iniciar o discurso, solicitou um “forte aplauso para todos os funcionários da Câmara Municipal que estiveram na linha da frente de um dos mais difíceis momentos das nossas vidas”, proposta que não foi acatada por parte dos espectadores.

O socialista criticou “a continuidade dos turnos duplos nas escolas primárias e a falta de investimentos nestas; a aposta em empreendimentos imobiliários para reformados estrangeiros e para os mais abonados dos abonados, sem fazerem nada para acabar com bairros degradados ou promoverem a habitação jovem. E qualquer dia até vão dizer que a Rota da Seda começa na China e acaba ali no Pinhal das Freiras, porque querem dar mais uma facada imobiliária nessa zona.”

O assunto que galvanizou o público presente foi o da publicidade institucional “que levou a CNE a condenar o presidente, e obrigou a Câmara a tapar outdoors, porque embora sabendo que a partir de 7 de Julho tal lhe estava proibido, não se coibiu de violar a lei, e gastar mais do dobro de todos os partidos políticos juntos gastaram em campanha.

Só para tapar os outdoors, foram gastos 37.398 mil euros. Quanto mais não terá gasto em publicidade institucional à margem da lei? Estas eleições foram ganhas pela CDU com batota!”

Foi esta afirmação que levou a que Samuel Cruz tivesse de interromper o discurso, recebendo assobios e apupos por parte do público.

Alfredo Monteiro presidente da Assembleia Municipal reeleito.

Paula Santos, líder de bancada da CDU, concluiu a cerimónia garantindo que o executivo da maioria “pretende encontrar respostas para a população. Não nos movem interesses pessoais, mas continuamos o caminho iniciado com a Revolução de Abril. Para a CDU é uma prioridade servir as nossas populações e trabalhadores.”

Num discurso marcado pelos pilares da luta do PCP, Paula Santos não deixou de frisar que “este será um mandato extremamente exigente, devido aos problemas levantados pela pandemia de covid19, a juntar a outros que já existiam anteriormente sem serem resolvidos”, e relembrou que “as autarquias não foram ainda ressarcidas pelas despesas que tiveram no combate à pandemia e no apoio a quem esteve na linha da frente”.

Paula Santos enumerou também as várias obras “da responsabilidade do Governo e que a CDU irá sempre reivindicar, que passam por estabelecimentos escolares, pavilhões desportivos, acessibilidades, como a EN10, que iremos continuar a reivindicar. Há gente que gostaria de terminar com a qualidade reivindicativa da população.”

A noite terminou com a eleição da Mesa da Assembleia Municipal, à qual concorreram duas listas, da CDU e do PS. A primeira venceu, reelegendo assim Alfredo Monteiro, com 17 votos, contra 15 obtidos pela segunda lista. Foram ainda registados 5 votos em branco.


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