Opinião

Querem lítio? É pôr a serra a arder!

Uma crónica de Bruno Fialho

A nossa Serra da Estrela, o pulmão de Portugal, está a arder há uma semana, de uma maneira nunca antes vista.

Começo por dizer que, quem tem tentado denunciar os esquemas, a corrupção, a má preparação, a falta de conhecimento de quem toma as decisões para aqueles que estão no terreno, mas que está sentado numa secretária em Lisboa, ou até a surreal inexistência de meios adequados para combater os gigantescos incêndios que estão a acontecer, imediatamente, é ameaçado para se calar.

É por demais ofensivo ver os nossos governantes a tentar esconder a incompetência e os erros cometidos pelos seus boys, nomeadamente aqueles que foram escolhidos a dedo e que sabem tanto de apagar fogos, como eu sei da cultura de pepinos.

A título de exemplo, a Secretária de Estado do Ministério da Administração Interna, Patrícia Gaspar, afirmou à RTP 1 que não existiu descoordenação no combate aos incêndios, quando todos já percebemos que o Governo pouco ou nada fez para salvar a Serra da Estrela, pelo que, ao fazer essas falsas afirmações, devia ser alvo de uma averiguação por parte Ministério-Público.

Entre as muitas situações de incompetência e descoordenação que têm acontecido, houve uma em particular, de que tive conhecimento por intermédio de amigos e que me deixou atónito.

Sabia que um helicóptero de combate aos fogos efectuou uma aterragem de emergência e, como não existe coordenação ou equipamentos fiáveis, teve 4 bombeiros, completamente desnorteados, à procura do aparelho, de povoação em povoação, sem a mínima ideia onde é que ele poderia ter aterrado? Isto aconteceu, mas a Secretária de Estado acha que são coisas normais.

Depois, ouvir a mesma Secretária de Estado dizer que os erros são inevitáveis, é assustador! É este tipo de gente incompetente que está a governar o país? São estes “carolas” que decidem sobre a vida de milhares de bombeiros e operacionais?

Esta Secretária de Estado e, já agora, todos os restantes membros do Governo, que não tenham a ideia de pôr os pés na Serra da Estrela, porque alguém lhes poderá dar a lição que merecem.

Infelizmente, o que aconteceu em Pedrogão não nos serviu de nada. Continua tudo igual, ou pior, sendo que, desta vez, já não há “Cabritas” a vender golas anti-fumo, mas temos o PS que continua com as “Costas” largas, porque tudo é feito à nossa frente e são muito poucos aqueles que verdadeiramente se indignam.

Como já tenho dito várias vezes, por muito menos, em 1974, uns oficiais do quadro permanente das Forças Armadas, uns convencidos pelos comunistas que iriam perder dinheiro para os oficiais milicianos, outros porque genuinamente queriam mudar algo no nosso país, fizeram uma revolução.

Olhando para trás vejo que os portugueses só se revoltam depois dos ditadores morrerem, portanto, como o António Costa ainda tem muitos anos de vida, vamos continuar a sofrer às mãos do PS.

Mas, os incêndios na Serra da Estrela não afligem toda gente, já há quem esteja a esfregar as mãos de contente com a possibilidade de transformar os parques florestais da Serra da Estrela em locais de prospecção e exploração de lítio.

E quem são os grandes defensores da exploração de lítio em Portugal? É o Governo PS, que colocou alguns boys em empresas estratégicas para controlar os milhões que vão ser negociados entre empresas e o próprio Governo.

Repito, quem tenta denunciar o que se está a passar, imediatamente é ameaçado para se calar, porque estão em jogo milhares de milhões de euros.

Se me acontecer alguma coisa nos próximos tempos, os leitores do DD já sabem o que foi.

E o que tem este metal (lítio) a ver com os incêndios da Serra da Estrela?

Começo por recordar que os Estados Unidos da América afirmam que Portugal tem a maior reserva de lítio da Europa e a sexta maior do mundo.

Depois, o Ministério do Ambiente já veio a público dizer que considera que a prospecção e exploração de lítio é uma oportunidade única para o país, no contexto de uma aposta global na descarbonização.

O que não nos podemos esquecer é que o Ministério do Ambiente foi quem mandou encerrar as centrais de carvão em Portugal, que serviam para produzir energia, para agora, só no primeiro semestre deste ano, andarmos a comprar mais de mil milhões de euros em energia a Espanha, em grande parte produzida em centrais de carvão espanholas.

Quanto ao facto de a exploração de lítio provocar enormes danos no ambiente e nas paisagens, promover a contaminação dos solos e reduzir a qualidade do ar, o Governo português contrapõe de que é um verdadeiro “negócio da China”.

Mas, se é um “negócio da China” e o Chile, a Argentina e a Bolívia são o chamado “triângulo do lítio”, concentrando cerca de 68% das reservas desse metal, por que razão estão em pior situação económica do que Portugal?

Se analisarmos a lista de países do mundo classificadas pelo produto interno bruto (PIB) em paridade de poder de compra (PPC) per capita, verificamos o seguinte: Portugal está em 38.º lugar, o Chile no 55.º, a Argentina no 62.º e a Bolívia no 114.º.

Se o lítio fosse o novo petróleo, como muitos nos tentam convencer que é, acha que os países do “triângulo do lítio” estavam numa posição tão abaixo daquela em que está Portugal?

Termino este artigo enviando um abraço sentido a todas as populações atingidas pelos incêndios, dizendo que podem contar com os portugueses para ajudá-los a recuperar tudo o que perderam, e respondendo com a minha opinião à pergunta que deixei acima: considero que era necessário fazer arder a Serra da Estrela, para criar condições para aumentar as áreas de prospecção e exploração de lítio, nomeadamente as que se situam nos distritos da Guarda e Castelo Branco.

É por isso que escolhi o título, QUEREM LÍTIO? É PÔR A SERRA ARDER!


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