Opinião

QUE COMAM BRIOCHE, NOS BAIRROS SOCIAIS…

Uma crónica de Bruno Fialho

O início da frase, supostamente, é da autoria da rainha mais conhecida de França, Maria Antonieta, casada com Luís XVI de 1970 a 1793. A rainha era odiada pela nobreza, por ter nascido na Áustria, e pelo povo, devido aos gastos excêntricos que fazia, o que lhe valeu uma execução na guilhotina.

Os historiadores dizem que a frase “comam Brioche” foi proferida por Maria Antonieta ao saber que o povo não tinha pão para comer. Ao dizer esta atrocidade, a rainha demonstrou um total desprezo pelo povo que governava e uma inaceitável ignorância por desconhecer que a falta deste alimento básico (pão) não era devido à pobreza existente, mas porque havia uma ausência do mesmo em França, o que até impossibilitava a confeção de brioches.

Cerca de 227 anos depois deste episódio, a Presidente da Câmara de Almada, que por acaso também já viveu em Paris, proferiu esta semana a seguinte frase: “Eu própria, amanhã, ia viver para o Bairro Amarelo com aquela vista maravilhosa”.

Tal como Maria Antonieta, Inês de Medeiros, que também tem esbanjado muito dinheiro e feito pouco ou nada pela cidade que governa, demonstrou um total desprezo pelos portugueses e, principalmente, pelos Almadenses, e uma falta de conhecimento sobre o que é viver num bairro social.

Em primeiro lugar a autarca não tem noção do que é viver num bairro social porque, usualmente, são bairros conhecidos pela criminalidade existente, o que causa pavor a quem não envereda por esses caminhos tortuosos, e onde têm sido mortos muitos polícias que defendem os portugueses que cumprem a lei.

Depois, essencialmente vivem em bairros sociais dois tipos de pessoas, aquelas que, por algum infortúnio da vida ou devido aos péssimos governos que temos tido nas últimas décadas, trabalham arduamente, muitas vezes sem conseguirem ver os filhos durante 6 dias, mas que, mesmo assim, não conseguem ter rendimentos para conseguirem pagar uma renda noutro local ou aqueles que nada fazem e vivem à conta do RSI e do negócio do crime.

Penso que ninguém escolhe viver num bairro social. Apenas se vive nesses locais pelas razões acima referidas.

A questão económica é de fácil resolução, pois quem trabalha devia poder ter uma vida digna e conseguir pagar uma renda em local diferente de um bairro social. Mas, para isso é necessário acabarmos com a desigualdade social que se verifica no nosso país, com os baixos salários e com as péssimas condições de trabalho que afecta milhares de portugueses, que apena aumentam os lucros daqueles que não sabem ser empresários. Vejam o exemplo do Comendador Rui Nabeiro, que é conhecido como sendo um empresário de sucesso e que remunera e trata de forma justa os seus trabalhadores.

Relativamente à criminalidade também existem várias soluções, a primeira será proibir que os políticos possam defender criminosos ou ser associados a eles. Outra, será dar meios para que as forças da autoridade não sejam cercadas, ofendidas e agredidas sem que se possam defender, com medo de represálias e processos disciplinares, como aconteceu esta semana em Alcabideche.

Quanto ao RSI, seria fácil de imitar a solução praticada pela grande maioria dos emigrantes portugueses que viveram em França antes do 25 de Abril. Ou seja, devíamos aproveitar quem recebe RSI para executar aqueles trabalhos que mais ninguém quer fazer, tal como faziam os nossos emigrantes, mas pagando condignamente aos beneficiários do RSI, como é evidente.

Caso o beneficiário do RSI não quisesse trabalhar, então perdia o direito ao subsídio. Mas, atenção, a aplicação desta medida não é assim tão simples, porque existem situações, a título de exemplo, de mães solteiras, sem família directa, que se forem obrigadas a trabalhar por uns míseros 600 euros, depois não têm dinheiro para pagar a creche dos filhos ou a alimentação. Por isso, muitas vezes já disse que é necessário pagar um salário digno, caso contrário estaremos a fazer tudo errado.

Ou seja, para conseguirmos acabar com o RSI não basta dizer palavras de ordem ou clichés, é necessário outro trabalho de base, mas comentar esse assunto dá pano para outro artigo.

Por último, penso que temos de saber perdoar a Senhora Presidente da Câmara de Almada, porque, garantidamente, ela nunca deve de ter passado perto de um bairro social para ver como se vive aí, excepto quando em campanha eleitoral e guardada por dezenas de polícias, pois iria perceber que nesses bairros, são poucos os que comem brioches.


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