Insólito

Quando o Natal foi cancelado e um rei decapitado

Não, não se trata do título de nenhum filme de Natal. Aconteceu no longínquo ano de 1647, quando Carlos I, rei da Inglaterra, foi executado pelos próprios apoiantes por tentar alterar o Natal.

Foi uma revolta que decorreu na Europa quando, perto do final da Guerra Civil Inglesa ocorreu uma forte disputa entre os seguidores do rei Carlos I, que comandava a Inglaterra, Escócia e Irlanda, e os apoiantes do Parlamento britânico, liderado por Oliver Cromwell.

As preferências religiosas de cada lado estavam no cerne da questão. A monarquia era ligada ao Catolicismo, enquanto o Parlamento estava alinhado ao Presbiterianismo, e foi esta fação que ganhou, quando o britânico Oliver Cromwell conseguiu derrubar o rei Carlos I, da Inglaterra.

Na altura, a época de Natal era a maior festa do ano, e decorria durante doze dias (já deve ter ouvido a canção natalícia «Twelve Days of Christmas»), entre 25 de dezembro a 5 de janeiro, com as ruas decoradas e festas entre amigos e familiares, além do comércio a fechar mais cedo.

No entanto, após chegarem ao poder, os presbiterianos entenderam que este longo período de festas era excessivo, e tomaram atitudes para mudar este cenário, e por meio de um decreto oficial,  em 1647, os novos líderes ingleses decidiram que o Natal deveria ser utilizado para jejuar e reflectir nos pecados.

Foram proibidas as festas e decorações nas ruas e o comércio devia manter-se aberto.

Mas apesar de ser lei, os ingleses pouco lhe ligaram e para alguma coisa serviu, foi para acirrar ainda mais os protestos de uma população que estava farta das restrições e dificuldades económicas da governação protestante.

E os protestos não se fizeram esperar, com jovens armados de paus com pregos a percorrerem as cidades de Ipswich e Bury St Edmunds, para forçar os comerciantes a manterem as lojas fechadas como acontecia antes, e no condado de Kent foi preciso accionar o exército para conter a festa que se espalhara ao longo daqueles 12 dias. 

Quando os prevaricadores, que participavam nas festas, foram presentes aos juízes, os veredictos castigadores apenas levaram a que os cidadãos se rebelassem ainda mais contra o Parlamento.

Os motins e rebeliões que aconteceram entre o final de 1647 e início de 1648 levaram a uma segunda guerra civil.

E esta levou à decapitação do Carlos I, que até então se havia refugiado na Escócia, país que era maioritariamente protestante.

O monarca negociou um acordo com os escoceses, decretando que, caso voltasse ao trono, reconheceria o presbiterianismo como religião oficial de ambos os reinos, uma atitude que foi considerada como uma traição pelos seus apoiantes, que não hesitaram e guilhotinaram Carlos I em janeiro de 1649. 

Apesar disso, apenas 11 anos depois o Natal voltaria a ser totalmente do agrado dos folgazões, com os 12 dias de festa, após terem sido restauradas as monarquias inglesa, escocesa e irlandesa em 1660, e todos os actos do anterior Parlamento desconsiderados. 

Curiosamente, quem assumiu o poder foi Carlos II, filho do rei executado.


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