Editorial

Qual a diferença do aeroporto e das dragagens?

As Câmaras Municipais do PCP na Península de Setúbal receberam ordens expressas do Comité para que se posicionem contra o aeroporto que o Governo e a Vinci querem instalar no Montijo.

Mas a questão impõe-se do porquê deste bloqueio das câmaras de Palmela, Setúbal e Sesimbra?

Cinco câmaras contra e quatro a favor do novo aeroporto no Montijo, claro que as ‘do contra’ são todas elas do PCP e segundo a ordem da Margem Norte do Tejo, o voto tinha que ser de bloqueio.

Mas ao analisarmos esses votos, três deles deixam-nos a pensar.

Palmela é um dos municípios que está ao lado dos restantes, a explicação para o bloqueio vai dar todo ele ao mesmo caminho, ambiente e aves, mas ao analisarmos bem toda a situação podemos ver que nos últimos tempos a região de Palmela tem sido fustigada pelo corte de árvores, dou-vos um exemplo, as árvores que estavam localizadas no parque de estacionamento das piscinas de Palmela, todas elas foram arrancadas, até houve vozes populares que se levantaram a gritar pelo PAN e PEV, mas esses se manifestaram.

Depois, para se colocar um monumento que já foi apelidado pelas crianças do ensino básico de Palmela de ET, lá se voltou a cortar uma árvore de grande porte, a desculpa foi a segurança.

Já na freguesia de Pinhal Novo, há quem diga que o presidente da Câmara de Palmela não gosta de palmeiras, tal não foi o vendaval de vozes que se levantaram de residentes em Vila Serena aquando o abate de algumas dessas palmeiras, pese embora neste caso a infestação pelo escaravelho estivesse na necessidade do corte.

Espera-se agora que os lugares vazios possam ser preenchidos por outras espécies arbóreas.

Isto é defender o quê? O ambiente certamente que não o é.

Depois coloca-se outra questão, a Câmara de Palmela faz bloqueio só porque sim? Ainda não se ouviu uma explicação plausível, de que forma afectam os aviões do aeroporto no Montijo a região de Palmela? Talvez o município tenha que gastar mais dinheiro em iluminação de segurança no Castelo de Palmela, mas não me parece que seja esse o problema.

Depois viramo-nos para Setúbal, Maria das Dores Meira, presidente daquele município em tempos, na brincadeira ou mesmo a sério, dizia num evento que não se importava de receber os aviões, porque já estava a receber os navios, depois os paquetes, só faltava mesmo receber aviões.

Também é um dos municípios do PCP que está contra o aeroporto no Montijo, a desculpa volta a levantar vozes e a dizer que é por causa do ambiente. Analisando bem as coisas, a presidente será que está mesmo preocupada com o ambiente?

É que no Sado já morreram golfinhos… será que as dragas nada terão haver com o ambiente?

Temos também que Setúbal tem recebido lixo de grande parte da Europa, já para não falar dos cheiros que certas indústrias lançam há décadas para o ar.

Quais as diferenças? Talvez para a presidente da Câmara de Setúbal não passe mais de um abanar de cabeça para fazer bonito ao seu partido.

Por último, Sesimbra, uma outra Câmara Municipal que levantou o cartão vermelho ao aeroporto do Montijo, e a razão é sempre a mesma, o ambiente.

Será que o senhor presidente conhece bem o seu território? Zona de Santana e Maçã, pleno Parque Natural da Serra da Arrábida, onde existem dezenas de pedreiras, essa indústria é amiga do ambiente?

E aterro a céu aberto, no Zambujal de Cima? E as toneladas de CO2 que são diariamente emitidas em pleno centro histórico de Sesimbra, com a chegada de turistas.

Se isso é ser amigo do ambiente, parece-me que não.

Mas vamos lá seguir a linha diretiva do PCP que é mais bonito bloquear o desenvolvimento económico de uma região que sempre foi o patinho feio da Área Metropolitana de Lisboa. Vejam só que até o terminal de contentores que foi bem aceite nos tempos de Carlos Humberto (CDU) para o Barreiro, até isso ficou pelo caminho.

Na altura, muitos criticaram o saudoso Mário Lino e o seu «jamais! jamais!» para o aeroporto na margem sul do Tejo, mas quer-me parecer que são os mesmos que prefeririam que esta mesma margem continuasse para sempre a ser «o deserto» desse ministro.


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