País

Portugal é alvo de grupo de cibercriminosos pró Kremlin 

Um grupo de hackers “muito próximo” do Kremlin, identificado como Killnet, está a promover uma série de ataques aos países pró-Ucrânia e Portugal faz parte dessa lista. Este grupo emitiu hoje o apelo ao recrutamento de novos membros, revelou o presidente da empresa Visionware à Agência Lusa.

O Chief Executive Officer (CEO) da Visionware, Bruno Castro, referiu que esta é a segunda vez num período inferior a uma semana que o grupo apela ao recrutamento. Na quinta e sexta-feira passada (26 e 27), um ataque organizado pelos cibercriminosos afetou instituições ligadas à área da Saúde em vários países, incluindo Portugal, tendo sido atingidos os portais da Direção Geral de Saúde (DGS) e da Faculdade de Farmácia.

“A relação que a Killnet tem com o Estado russo, ou muito próxima do Kremlin, passa pela ideia de que ou é subcontratada como mercenária ou é mesmo por afiliação política. Estão a fazer ações ultraviolentas direcionadas a tudo o que são infraestruturas críticas e de forma contínua. Houve aqui uma onda de ataques que teve bastante sucesso”, explica Castro.

O sucesso está diretamente ligado aos ataques que de certa forma acabaram por tornar o nome do grupo midiático, dando-lhe um maior relevo na sua identidade quando surgirem novos e eventuais ataques.

“[O sucesso] serve para [a própria ‘killnet’] se autopromover como autor ou origem dos ataques e para poder recrutar mais soldados para aumentar a sua força, por um lado, e, ao mesmo tempo, aumentar também a capacidade de destruição e de ataque para as novas ondas que virão a seguir”, acrescenta

“A guerra cibernética já existe há muito tempo. O que tem vindo a acontecer é o automatizar e profissionalizar destes grupos cibercriminosos para poderem fazer este tipo de ações em prol de um Estado. Será o próximo passo e, tipicamente numa analogia muito de pirata convencional, dependente de qual é o livro de História que lemos, tanto posso ser visto como um pirata malicioso, criminoso ou ladrão como posso ser visto, do outro lado da História, como um herói militar”, sustentou.

“Este [ataque] foi claramente mediático e fizeram questão que assim fosse. Já houve aqui outro ‘call to arms’ de outros grupos cibercriminosos ou de ‘lone wolves’ [lobos solitários] que queriam também apoiar a ‘causa’ e isto será um processo contínuo, que irá continuar, em que Portugal se encaixa neste contexto porque é declaradamente pró-Ucrânia e fará parte, em teoria, dos próximos alvos do Killnet ou de outros grupos cibercriminosos apoiantes da Rússia”, acrescentou.

“Trabalhamos muito a componente preventiva, a de ‘awareness’, sermos capazes de analisar e monitorizar em constante o que se passa neste submundo criminoso e, em paralelo, estarmos, continuamente, a ‘stressar’ as infraestruturas de segurança dos nossos clientes, bem como a dar atenção aos mecanismos internos para reagir e recuperar de ataques cibernéticos”, explicou. 

“A partir daí, [a intenção é] criar instabilidade imediatamente na população, através do pânico e de incutir o sentido de terror e de insegurança na população através da interrupção dos serviços básicos, como a energia, comunicações, água, transportes, banca. É isto que sustenta os pilares básicos de uma sociedade que, quando interrompidos numa lógica de guerra digital, tem impacto e, às vezes, é mais violento do que uma guerra convencional, bélica”, concluiu.


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