Palmela viveu revolução dos cravos
Palmela continua a ser um concelho de Abril e foi ao ritmo da música da SFUA, que o povo saiu à rua para assinalar os 49 anos da revolução com os olhos postos no meio centenário
O povo concentrou-se na manhã do 25 de Abril para assistir à sessão solene da Assembleia Municipal, que mobilizou deputados, autarcas e movimento associativo, que viveram a festa ao ritmo da SFUA, com o tema “Grândola Vila Morena”.
Os jovens do Centro de Apoio Integrado da Fundação COI deliciaram as centenas de pessoas no Largo de S. João com o tema “Depois do Adeus”, uma das senhas da revolução. O presidente da Assembleia Municipal, José Carlos de Sousa, começou por “valorizar a capacidade dos líderes na escolha do espaço e das intervenções”.
A jovem deputada do BE, Tânia Ramos, lembrou a necessidade de “homenagear os ativistas, políticos e combatentes, que resistiram à ditadura”, que “permitiram a construção de um país mais justo e solidário”, lembrando a necessidade de “haver uma saúde pública, os direitos laborais” e em que “as casas são para viver e não para especular”. A bloquista concluiu destacando “queremos ter mais democracia”.
Pedro Miguel Barão, do Chega, lembrou aqueles que combateram nas ex-colónias, considerando que “a descolonização continua a ser uma ferida aberta e os militares sentem-se defraudados e esquecidos”. O deputado lembrou “no tempo da guerra colonial a economia cresceu em média cinco por cento e após 1974 apenas cresceu dois por cento e continuamos fortemente endividados”. Terminou reconhecendo que “o 25 de Abril foi determinante para a democracia”.
Mónica Piçarra, do PSD, considerou que “o poder autárquico foi a maior conquista do 25 de Abril”, mas não deixou de alertar que “muitas das proteladas conquistas não passaram de meras intenções”. Fez referência aos rankings onde “o índice de felicidade dos portugueses caiu acentuadamente”.
Diamantino de Sousa, do Movimento de Cidadãos de Palmela lembrou a necessidade de se cumprirem “novos desafios e caminhos para Portugal”, destacando que “o poder local foi essencial para a criação das infraestruturas”, alertando “não podemos ignorar os populismos da extrema direita” e concluiu “lembramos os que sofreram com a falta de liberdade”.
A humildade de Salgueiro Maia
A deputada socialista Maria Dulce Marques, visivelmente emocionada, saudou “mais um ano de liberdade e democracia” e lembrou “ a humildade de Salgueiro Maia”, não esquecendo Otelo Saraiva de Carvalho, manifestando a “esperança nas juventudes de hoje”. A jovem socialista revelou “continuo a ser uma pessoa inconformada”, porque “a luta pela liberdade não terminou com a revolução dos cravos” e lembrou a necessidade de “uma sociedade mais justa” para que “as gerações futuras possam usufruir do 25 de Abril. Ousemos recomeçar e não fazer tábua rasa das conquistas de Abril”.
Joaquim Pires, da bancada CDU, lembrou que “a revolução de Abril foi “um marco histórico do nosso país e abriu a porta da modernidade em Portugal”. O deputado comunista destacou “o clima de profundas e inquietantes preocupações” e é preciso “recentrar Portugal no caminho do futuro”, exemplificando como prioridades “a falta de habitação, o aumento de salários e pensões” e “existe uma vontade de mudança cada vez mais forte”. Para Joaquim Pires “o poder local é quem mais tem contribuído para o desenvolvimento do país” e “a população de Palmela confia nos seus autarcas” porque “é um concelho de Abril e onde cada vez mais apetece viver”.
Os alunos da turma de artes da Secundária de Palmela participaram com a leitura de textos alusivos à guerra colonial, pide e prisões e o fim da tirania.
Só há liberdade a sério…
O presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, lembrou “assinalamos o quadragésimo nono aniversário do 25 de Abril de 1974, já de olhos postos nas comemorações dos 50 anos da eterna Revolução dos Cravos” e destacou “uma flor desabrochou e fez-se símbolo desta Revolução pacífica, que ecoa, ainda, pelo mundo”.
O edil de Palmela lembrou Sérgio Godinho, considerando que “só há Liberdade a sério quando houver a Paz, o Pão, Habitação, Saúde, Educação. (…) quando houver Liberdade de mudar e decidir. Quando pertencer ao Povo o que o Povo produzir».
Álvaro Amaro destacou “a falta de recursos humanos para fazer face às necessidades, desvalorização dos profissionais, o direito à habitação versus interesses imobiliários, dificuldades no acesso a bens essenciais”. E realçou a “geração de jovens mais formada e preparada de sempre, mas que não consegue ultrapassar a precariedade e reunir condições para ser independente. Uma nova pobreza, envergonhada e inaceitável, constituída por famílias que não conseguem, com o seu trabalho e salários, fazer face ao aumento do custo de vida”. E não deixou de alertar “nos tempos de crise e descontentamento, os movimentos populistas encontram terreno fértil para a desinformação e a violência, para fazer de quem está mais vulnerável “bode expiatório” dos problemas, para coartar o que havia sido conquistado e promover o fascismo”.
Já a pensar no próximo ano, o presidente da autarquia, sublinha que o “concelho de Palmela está fortemente empenhado em assinalar os 50 anos da Revolução através do extenso programa já em implementação e a decorrer até final de 2024”, numa “grande organização que conta com o contributo inestimável da Comissão de Honra” e “mobilizando um largo número de agentes do território”, onde “prestamos homenagem aos Capitães e Militares de Abril, e a todos os homens e a todas as mulheres que participaram e empenharam as suas vidas na luta”.
Alternância no Poder Local
José Carlos de. Sousa, presidente da Assembleia Municipal, encerrou as intervenções, começando por citar Manuel Alegre com o seu poema a Abril e lembrando “era e é um Abril de esperança”, porque “o que nos dá a identidade é a memória” e não deixa de lembrar a necessidade “da criação da Assembleia de Jovens”. O presidente socialista considera que “existem laivos de cansaço nas ações” e defende “a alternância no Poder Local que é o oxigénio da vida democrática” e tem que se “ter os políticos certos com a melhor forma de salvar a democracia (…), que não pode ser uma utopia”.
A sessão solene terminou que todos a cantarem em coro “Grândola Vila Morena” e o Hino Nacional.
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