Palmela | “Ideias para adiar o fim do mundo”, o mote que ecoou no S. João
O espetáculo “Bom Anfitrião”, da coreógrafa Filipa Francisco, decorreu em Palmela, no Cineteatro S. João, na noite de 8 de outubro. Progressivamente, os presentes entraram, sentaram-se e aguardaram, mas não esperaram em silêncio, porque desde o momento em que se entrava na sala principal, ouvia-se chuva.
Vale relembrar que o mote do espetáculo são as alterações climáticas e que, conforme a própria coreógrafa confessou ao Jornal Concelho de Palmela: “mais do que uma mensagem, o que pretendemos é que as pessoas entrem no espaço e que sintam, que consigam imaginar e fazer a sua própria história, dentro de um ambiente que, por um lado, tem a ver com a natureza, por outro, com situações mais apocalípticas”. O cenário, foi este.
A língua gestual percorreu todo o espetáculo, com a inclusão a estar patente desde antes do início de cena, até ao final. Também a interação com o público foi uma constante, com a pergunta principal a ser repetida várias vezes, a ponto de refletir profundamente sobre a questão “ideias para adiar o fim do mundo”.
O público participou, com Iza da Costa, no meio da sua performance, ressalvar que “a dança” é a sua “revolução”. E assim se dançou e encenou. O ritmo alterava-se e os movimentos acompanharam a batida, mais intensa e agressiva ou mais ténue e suave. Os presentes ficaram intrigados, mas envolvidos, ao longo de toda a performance, que juntou 4 artistas de 4 regiões distintas de Portugal.
No final, foi pedida uma reflexão, que tinha por objetivo fechar os olhos e transportar a nossa memória e imaginação até outros tempos que vivemos e até ao futuro que ainda não aconteceu: “que mundo queremos deixar para as gerações que veem depois? Vamos ser bons anfitriões?”.
A questão, ficou em aberto, com a ponderação de cada pessoa que vive o agora, a pensar no depois. Os aplausos sentiram-se intensamente, e a mensagem foi recebida com entusiamo e deixada escrita num mural presente no hall do S. João.
Ouviu-se, viu-se, leu-se e escreveu-se. Várias ilustrações, palavras e frases cobriram um pano branco. As ações de cada um vão declarar se o futuro será da mesma cor ou se ficará pintado de negro.
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