Palmela

PALMELA – Autarquia informa sobre corte de palmeiras em Pinhal Novo

A Câmara Municipal de Palmela organizou na noite de quarta-feira um encontro com a população de Pinhal Novo para explicar o que ocorreu com o corte de palmeiras em Vila Serrana e Val’Flores, admitindo que alguns dos cortes “foram feitos com base na informação de que estávamos perante uma praga e que era necessário proceder à sua remoção”.

Álvaro Amaro fez um pouco do historial da urbanização e da opção pela colocação de palmeiras na Avenida dos Ferroviários, “que davam até a impressão de estarmos a entrar num local tropical, algo de que todos gostámos, embora os técnicos e arquitectos paisagísticos da autarquia tivessem desaconselhado este tipo de árvores, mas foi uma opção do loteador em 2008 e 2009.”

Após os casos detectados por todo o país de problemas que surgiram com pragas nas palmeiras, “cerca de 2010/2011 tivemos alguns alertas fitossanitários por causa do estado dessas palmeiras por parte dos nossos técnicos, mas fomos tentando solucionar com alguns tratamentos de pulverização e microinjeção e conseguimos retardar os efeitos mas não evitámos que vários espécimes desaparecessem. Da minha parte considero que fomos até ao limite para tentar manter as palmeiras em Vila Serena e Vale Flores, mas chegou ao ponto de, até em cumprimento da legislação, termos de proceder ao corte” referiu o edil.

“Foi por esse motivo que abrimos o procedimento público para ‘abate de palmeiras’, mas que servirá também para o corte e aparamento de outras árvores que os nossos serviços camarários não têm capacidade para fazer.

Fizemos uma divulgação com a Associação de Moradores de Vale Flores, e procedeu-se ao abate. Este gerou reações menos positivas por parte dos moradores e por isso assumimos que não faríamos mais abates sem necessidade extrema, e avançámos com a decisão de realizar este estudo que nos vai permitir avaliar o que fazer: se as 150 palmeiras na Avenida dos Ferroviários têm de ser abatidas, ou se têm tratamento e se há solução de tratamento iremos investir nisso, mas é um assunto que iremos discutir com os moradores quando tivermos o relatório final.”

Relativamente às palmeiras já abatidas “iremos reunir com os moradores e conversar sobre o assunto, escolhendo depois as espécies que melhor se vão adaptar para procedermos à reposição da mancha verde”.

‘Luta muito difícil’

Ana Paula Ramos, engenheira agrónoma doutorada em Patologia Vegetal apresentou depois o procedimento que está a ser realizado para o relatório final “que será apresentado o mais rapidamente possível, mas que está dependente também das culturas de fungos que estão a ser feitas e vão ser feitas em laboratório, das amostras já recolhidas”.

Referiu depois o trabalho que o Laboratório realiza em avaliação fitossanitária de risco de rotura de árvores, e a avaliação que foi feita em cinco das cento e cinquenta palmeiras da Avenida dos Ferroviários.

“Foram examinadas as palmeiras nos primeiros dias da semana passada, e identificámos duas na Avenida Natália Correia e três na Avenida dos Ferroviários que serão abatidas no imediato para análise, porque para detectarmos certas doenças e pragas, só o conseguimos fazer acedendo ao interior da árvore. Depois da colheita feita, serão examinados no laboratório, onde já estão outras partes que retiramos, e nas quais detectámos vários problemas.

Desde logo o ataque do Rhynchophorus Ferrugineus Olivier, uma praga cujo combate é obrigatório por lei, podridão interna por fungos fitopatológicos, apodrecimento de raízes por rega excessiva, tecidos externos com cavidades de vários centímetros, podridão interna do espique que causam problemas estruturais graves, e ainda uma segunda espécie de escaravelho em várias fases do ciclo de vida, e que estamos a tentar identificar.”

Para a especialista “esta é uma luta muito difícil, porque eu posso tratar as minhas dez palmeiras e basta que outra pessoa não o faça com uma, para as minhas estarem em risco. E depois os tratamentos não podem ser descontinuados, e vemos que por vezes no caso das autarquias, estes são suspensos porque é preciso avançar com novos concursos públicos e basta parar durante três meses para condenar as palmeiras.”

A noite de chuva afastou muitas pessoas, com a sala da Junta de Freguesia do Pinhal Novo a registar cerca de vinte munícipes presentes, que colocaram questões relativas à fiscalização, reposição de árvores e demonstraram descontentamento pelo processo de corte das palmeiras na urbanização Val’Flores.

‘População pode dar exemplo’

Na questão do repovoamento arborícola, Ana Paula Ramos frisou que “os moradores de Pinhal Novo e destas duas urbanizações têm o privilégio de poder dar o exemplo para o resto do país porque estão em posição de escolher e orientar a melhor forma de arborizar a zona”.

Explicou depois que “durante anos optou-se por arborizar as áreas urbanas com árvores das mesmas espécies e até com o mesmo ADN, o que em casos de doenças, enfraquece-as e pode levar à morte de toda a zona. Com espécimes cuidadosamente escolhidos consoante a zona urbana, e sobretudo, com biodiversidade, está a garantir-se o sucesso e a saúde destes.

Por exemplo, quem nos diz que se na Avenida dos Ferroviários não existissem árvores que albergassem pássaros que pudessem alimentar-se dos escaravelhos ou vegetação na qual crescesse algum fungo que os eliminasse, esta praga aqui não estaria controlada?”.


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