Palmela

Palmela assinalou 47.º aniversário da Revolução dos Cravos

Numa cerimónia que reuniu apenas algumas dezenas de pessoas no Cine-Teatro S. João, em Palmela, e foi transmitido em directo pelo canal do Youtube da autarquia, a Assembleia Municipal de Palmela assinalou o 47.º aniversário da Revolução dos Cravos.

“O ano passado apenas pudemos fazer uma cerimónia simbólica, para dizer que ‘estamos presentes’ e que nem a pandemia nos devem afastar de assinalar o 25 de Abril. Este ano achámos que havia condições para o fazer de forma um pouco diferente”, explicou Ana Teresa Vicente, presidente da mesa da Assembleia Municipal de Palmela.

“Queríamos ter feito a cerimónia na rua, porque o 25 de Abril é rua, é alegria e gente, mas não foi possível devido à meteorologia. Por isso viemos para o S. João, mas limitando ao máximo o número de pessoas nesta sala, não partilhando a iniciativa com os munícipes e forças vivas do concelho.”

Ana Teresa Vicente relembrou também que “este é a última cerimónia do 25 de Abril neste mandato”, e deixou o pedido para que os presentes “levem lá para fora o que aqui for dito e recordado, de quem obviamente sentimos falta, e do movimento associativo e entidades que sempre se celebraram connosco”.

Acerca do vídeo que foi transmitido no início da cerimónia, Ana Teresa Vicente referiu que “não consigo olhar sem emoção para esta breve história dos últimos 20 anos, com a participação das populações nas comemorações. Estamos lá muitos e faltam muitos outros, mas todos tiveram um papel importantíssimo na construção deste nosso território.”

Os discursos da tarde, dos representantes partidários na Assembleia Municipal, evidenciaram os problemas levantados pela situação pandémica que o país e o mundo atravessa, a necessidade de reforçar o poder local democrático, mas também o crescimento dos movimentos extremistas, tocando ainda um pouco na luta política agora que as eleições autárquicas se aproximam.

Tânia Ramos, em representação do Bloco Esquerda, destacou os problemas “da minha geração, que vivem o 25 de Abril pelos livros e pelas histórias dos avós; a que dizem ser das mais preparadas, mas a quem roubaram a estabilidade no emprego, que vive sem contratos, e a recibos verdes que não representam a esperança, em nome da ‘austeridade’ e ‘flexibilidade’.”

Representando o MIM – Movimento Independente pela Mudança, Mário Rui Baltazar frisou que “há 47 anos atrás seria impossível estarmos aqui, com todas estas diferenças políticas. Passaram 47 anos das perseguições políticas, da opressão e da guerra colonial.

Mas cabe-nos ainda a todos impedir que o fundamentalismo tome conta da sociedade. Será que falta cumprir Abril? Essa é uma tarefa inacabada.”

Maria Rosa Pinto representou a coligação PSD/CDS-PP, invocou as figuras de Adelino Amaro da Costa e Sá Carneiro, bem como o acidente que os vitimou “e que ainda hoje continua a despertar tantas interpretações diferentes”.

Destacou ainda a importância da discussão na diferença de opiniões, “mas sem arruaça, porque os exemplos que damos na vida pública, influenciam muitos dos comportamentos de afastamento da política por parte dos nossos concidadãos.

Abril não é propriedade de ninguém, embora tenha tido autores.”

Em nome do PS, José Carlos Sousa recordou as suas memórias em Palmela da data, e do que se seguiu “durante uma juventude em liberdade” e as políticas económicas que se seguiram, deixando “a pergunta que tem de se fazer: o que é que Abril trouxe para Palmela. Que pensamento e planeamentos estratégicos estão pensados?”.

Referiu ainda que “liberdade é democracia, mas tem de ser saudável e capaz de se renovar, e tendo ao leme os protagonistas escolhidos pelos cidadãos, sem dramatismos. Caso contrário a liberdade e a democracia adoecem. E o primeiro sintoma disso é a abstenção, muito preocupante como em Palmela, com mais de 50 por cento.”

Depois de dirigir críticas à gestão política do concelho, o eleito do PS criticou “a sensação que temos é que Palmela estagnou e perdeu-se num emaranhado de interesses”.

A terminar as intervenções dos eleitos da Assembleia Municipal esteve António Mestre, pela CDU, e presidente da Junta de Freguesia de Quinta do Anjo, invocando “quem contribuiu para por fim a um regime opressor em 1974, quando foi derrotado o obscurantismo.

Para que Abril se cumpra, é preciso viver os valores conquistados no nosso quotidiano. Ignorar isso faz surgir as aproximações ao passado e abre caminho aos extremismos.”

A sessão solene foi encerrada pelo presidente da Câmara Municipal, Álvaro Amaro, que não deixou de comentar as críticas lançadas pelo eleito do PS, depois de homenagear “quem lutou pela Liberdade, um povo que demonstrou a resistência e a resiliência contra quem procurou amordaça-lo sob décadas de miséria e censura.”

Lamentou também “o crescimento dos discursos populistas que colocam todos os políticos ao mesmo nível e como corruptos, com efeitos perversos. Não somos todos iguais.”

Destacou depois “o papel do poder local democrático nas conquistas de Abril” e os desafios que se colocam neste momento, “como uma descentralização feita sem condições para as autarquias, que as coloca como meras tarefeiras, ou uma regionalização que continua por cumprir, ou ainda a desagregação das freguesias como a Marateca e o Poceirão”.

Álvaro Amaro alertou ainda para que “a pandemia não pode servir de desculpa para a retirada de direitos e para promover a precariedade. Por isso não podemos deixar fechar as portas que Abril abriu.”

No âmbito do programa comemorativo do 25 de Abril, Carlos Alberto Moniz sobe esta noite, às 22h00, ao palco do Cine-Teatro S. João, em Palmela, para apresentar o espetáculo “50 Anos Depois… 25 de Abril em Palmela”, com transmissão em direto no Youtube Palmela Município.


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