Opinião

Os Sacanas na PSICOPATOLOGIA da VIDA QUOTIDIANA

Combater a impunidade com que os meninós, meninás ou meninés fazem maldades aos seus concidadãos é cada vez mais uma questão decisiva para a sobrevivência! É óbvio que deixar difundir o espírito da sacanice, a corrupção e o abuso de poder, acabarão inexoravelmente por determinar a desgraça dos meninos bonzinhos.

A luta pelos bons costumes, tem que fazer parte da primeira linha de combate político, moral e afectivo em todos os níveis de organização social. O medo da morte tem que ser superado pela indigna vergonha da desonra. O prestígio, a dignidade, a eloquência, a sabedoria, a saúde e o respeito pelo bem-estar do vizinho, têm que ser um mote permanente, no supermercado, no sexo ou na universidade! Não podemos deixar perverter a milenar lei de ouro:   não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.

Bonito, não é? Mas  como fazer?

A coisa passa por construir critérios de diagnóstico que se apliquem nas diferentes circunstâncias, mas também necessariamente pelo cultivo diário de valores bons e respeitáveis. A simples convivência com os designados sacanas deve ser evitada a todo o custo, mesmo quando eles não estejam no exercício dos seus atributos. Quanto mais não seja porque na base dos seus procedimentos existe uma perturbação do caracter, ou seja da sua estrutura global, o que resulta na perpetuação da tendência para a asneira.

Neste aspecto, a distinção entre sacanas, sacaninhas e sacanões, também não altera em nada a gravidade da questão. Não se trata apenas da teorização do Caos, onde fenómenos mínimos podem determinar macro acontecimentos. Senão vejamos: do grupo dos sacaninhas ou sacanóides, fazem parte os que acham que as suas atitudes são desculpáveis por ser mínima a dimensão dos danos desferidos ou insignificante o grau de responsabilidade que lhes é imputável. No sector dos sacanões, estão habitualmente indivíduos mais diferenciados, que dominam conhecimentos ou detalhes que escapam aos outros e que provocam danos, tardiamente identificados. Mas qualquer que seja o caso, trata-se de um procedimento enviezante e de má fé, de onde mais tarde ou mais cedo acabarão por brotar consequentes sarilhos, feridas, azares, lapsos ou outras malformações da vida.

É claro que tudo isto é particularmente grave no caso dos indivíduos que gostam de mandar nos outros. De facto, quem assume responsabilidades de grande envergadura, não pode depois escudar-se nos pequenos males dos anónimos e insignificantes congéneres da sua espécie. Quem manda, não pode ser um menino do coro e ao contrário dos que são mandados, tem a responsabilidade de mandar bem e à primeira, para assim evitar consequências desastrosas que não podem ser revertidas com um simples pedido de desculpas. Não se admitem asneiras gordas nem lapsos magros, a quem tem o descaramento de querer gerir por atacado o interesse de inúmeras de pessoas, tão diferentes nos seus recursos, nos seus saberes, nas suas circunstâncias ou nas suas necessidades. A isso chama-se responsabilidade e os leaders não podem ser irresponsáveis.

Assim sendo, se a corrupção é reprovável nos sacanitas, ela torna-se escandalosamente insultuosa nos altos cargos e o conluio ou a passividade face a estes comportamentos inscreve-se no âmbito da cobardia. Pergunto-me se toda esta manietação será um hábito, um estilo ou se é já uma verdadeira doença social. Porque se for uma doença, quem diagnostica?  Quem trata? Quem zela pelas suas vítimas? Quem operacionaliza a sua erradicação? …. Serão os juízes? Os policias? Os políticos? Ou serão os médicos? Os assistentes sociais? Os enfermeiros? …. Ou seremos todos? E como? E quando?

Vamos lá então olhar para o elefante branco da sacanice e da corrupção, numa perspectiva de saúde mental…

Simplificando, diríamos que existem cinco grandes grupos de perturbações em saúde mental: os orgânicos, os afectivos, os psicóticos, os neuróticos e os caracteriais.

Os primeiros, resultariam da existência de alterações somáticas, vulgo doenças físicas, que conduziriam à avaria do aparelho mental, determinando a desorganização intelectual, a incoerência e a confusão. É o caso das demências. Estes identificam-se porque desejam normalizar o seu dia-a-dia e procuram os médicos. Tratam-se !

Os segundos, prender-se-iam com as oscilações da vitalidade e do humor com impacto em torno da disposição afectiva, o que se reflectiria na constância, intensidade e adequação de sentimentos. É o caso da doença depressiva ou da euforia mórbida. Aqui, a dor da alma é tão intensa que só não se tratam os que não sabem ou não podem. Tratam-se !

Os terceiros, fazem interpretações ou convicções estranhas, injustificadas e inadequadas, que se desenquadram da realidade e que não cedem a uma contra-argumentação lógica, ética e sensata. É o caso dos delirantes. Nestes, a destruturação imposta à sua volta acaba por determinar a procura do tratamento, nem que seja por imposição dos circunstantes. Tratam-se !

No quarto grupo estão os que valorizam os sentimentos e os procedimentos de forma tão exagerada que acabam por determinar comportamentos desproporcionados face a estímulos insignificantes ou banais. É o caso das reacções ansiosas. Também aqui o mal-estar é intenso e em geral todos se tratam de bom grado.

Mas o último grupo é diferente em muitos aspectos. Nele se inscreve um conflito de interesses que opõe as motivações individuais às normas sociais. Assiste-se então a uma intensa, perversa e sistemática desconsideração pelo bem-estar dos outros, que não se compadece nem com o prejuízo nem com sofrimento o alheio. Incluem-se neste sector os sociopatas e/ou psicopatas e/ou os que sofrem de sacanice nos seus diferentes graus e qualidades.

Estes indivíduos evidenciam frequentemente de uma elevada auto-estima e são difíceis de identificar porque embora peguem fogo ao matagal e lixem os outros pela calada da noite, têm o cuidado de se apresentar como cidadãos exemplares. Estes não frequentam habitualmente os psiquiatras e usam diariamente camuflados de boa qualidade.

Há vantagem uma técnica em subdividi-los em função da inteligência: os burritos e os espertotes. Antigamente os primeiros eram apanhados, presos e humilhados à luz dos bons costumes enquanto os segundos, eram aproveitados com discrição, para cargos de chefia, embora mantidos sob a alçada de outro chefe que, com plenos poderes, os mantinha controlados pelo sistema de rédea curta.

Actualmente os critérios mudaram e o que conta realmente é mesmo a quantidade de dinheiro que movimentam. Os pobres são largados por aí e, se for o caso, até se lhes atribui um subsídio de uma insuficiência qualquer, desde que não aborreçam muito.  Esta mais-do-que-modernice, assenta em grande parte no argumento de que o coitado além de ser humano, pertence a uma categoria oficialmente respeitável e que a consequência dos seus estragos está muito provavelmente coberta por um fundo social europeu. Mas se, entretanto, o fundo não pagar, pagarão os contribuintes, que ninguém sabe quem são porque aparentemente não protestam e por isso  nunca se tem que lhes dizer o que andam a pagar. É habitualmente a segurança social que se encarrega destes detalhes.  Agora preenche-se um formulário na internet e talvez um dia aconteça qualquer coisa.

O subgrupo dos mais abonados obedece a um modelo mais requintado e tem vindo a consolidar a sua importância na organização político-administrativa global, graças a um prestigiado estatuto empresarial.  Neste bloco inserem-se algumas das mais impolutas e prestigiadas figuras da sociedade quotidiana, que no essencial pagam um valor razoável, em dinheiro ou géneros, para não serem chateados por médicos, por fiscais ou por outros plebeus encarteirados. Os seus procedimentos estão de acordo com os mais rigorosos e sofisticados sistemas internacionais e são implementados através de rendas, enganos, descuidos, presentes e outro tipo de piruetas, frequentemente consolidados por corrupção escrupulosamente edificada em todos os andares da organização social. Tudo em nome da eficiência, do bem-estar e … do compadrio.

Mas afinal ninguém tem a responsabilidade desta brincadeira? Os que vão ao leme não estarão a pecar por omissão ou negligencia? Não serão já eles também sacanões?

Por curiosidade, sacana em Japonês … significa peixe, pelo fica a sugestão:  Não se acobarde, não sacrifique os seus bons valores, ponha os pés em terra, aprenda a identificar o pescado e distancie-se do frenesim dos tubarões … e se eles se aproximarem… não deixe de os arpoar com toda a sua honra e dignidade…


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