Opinião

Os refugiados da guerra

Uma crónica de Bruno Fialho.

Por Bruno Fialho | Presidente do ADN

Sabia que em 2021 existiam mais de 83 milhões de refugiados deslocados no mundo e a maior parte das pessoas não quis saber deles e continua indiferente ao seu desespero?

Sim, leu bem, são 83 milhões de pessoas que estão em campos de refugiados, onde as violações sexuais, o tráfico de órgãos humanos e atentados à humanidade são o prato do dia, mas que, por demasiadas vezes, vemos partidos políticos serem contra a vinda de umas dezenas de refugiados para Portugal ou até muitos portugueses a defenderem que não é um problema nosso e que ajudem primeiro os nossos cidadãos.

Sempre fui defensor que devemos ajudar os que estão cá e os que vêm de fora por causa de uma guerra, pois é possível fazer ambas as coisas ao mesmo tempo.

O problema é que os apoios em Portugal não são para os portugueses que mais necessitam, mas sim, na maior parte das vezes, para os parasitas que conseguem usar o sistema a seu favor e para os políticos e os seus amigos (lembram-se do caso Raríssimas?) que usam as instituições, particulares ou do Estado, para enriquecerem.

Evidentemente que, depois, é compreensível que muitos portugueses fiquem furiosos quando não ajudamos nacionais e “damos tudo” aos que vêm de fora.

Quem acompanha os meus artigos de opinião sabe que condeno a invasão da Ucrânia, mas também recrimino veemente os Governos, governantes e a classe política em geral que têm opinado sobre esta guerra e feito uma gestão criminosa da nossa política externa, que apenas tem contribuído para prejudicar o nosso país e, inclusive, o escalar do conflito armado.

E todos aqueles que se afirmam a favor da paz, contra a pena de morte, contra o aborto, os devotos religiosos e até as pessoas que se hajam de bem, que de repente querem ir pegar em armas e combater num país estrangeiro ou mandar assassinar um presidente de um país, a eles, pergunto o seguinte: é isso que é tentar encontrar uma via para a Paz ou é irem contra tudo aquilo que, pelos vistos, hipocritamente, defendem?

Considero que devíamos ter tido outra postura diplomática em relação à Rússia e a Ucrânia, potencializando a Paz e nunca a guerra, independentemente de condenarmos a invasão.

Assim, vou tentar escrever somente o máximo de factos e reduzir ao máximo as minhas opiniões sobre as consequências desta e de outras guerras, para que todos possam reflectir um pouco mais e tentarem perceber se efectivamente estão interessados em ajudar o povo ucraniano ou apenas em ser uns Rambos por trazer por casa para terem mais gostos/likes e comentários nas publicações que fazem nas redes sociais.

Começo por perguntar se sabem quantas guerras estão a acontecer neste momento e desde há alguns anos a esta parte e quantos refugiados existem?

Quanto às guerras que estão a acontecer no mundo, informo que são dezenas de conflitos armados que continuam a persistir enquanto estão a ler este artigo.

Esclareço antecipadamente que não vou revelar se apoio um lado dos conflitos dos países que vou colocar abaixo, pois, tal como tenho defendido na guerra da Ucrânia, as pessoas deviam era se concentrar mais na procura da Paz e não em quem tem razão ou se existem razões para atacar ou defender determinando país.

Quanto ao número de refugiados, vocês já sabem, como escrevi acima, são mais de 83 milhões, mas vamos dissecar alguns dos países de onde vêm o maior número de refugiados.

Na Síria estão contabilizados mais de 6,4 milhões de refugiados no estrangeiro e 4 milhões dentro do próprio país. Os refugiados sírios, ao longo de uma década, têm enfrentado dificuldades extremas que poucos refugiados enfrentam e já são contabilizados mais de 560 mil mortos.

Na Venezuela existem mais de 4 milhões de refugiados, vítimas de um sistema e ditadura comunista, mascarada de democracia, que arruinou aquele que um dia foi o 4.º país mais rico do mundo.

No Afeganistão os refugiados são cerca de 2,6 milhões e em Portugal foram recebidos cerca de 764 que fugiam das atrocidades cometidas pelos fanáticos religiosos desse país e que o Ocidente os deixou à mercê deles.

O número de refugiados do Sudão do Sul atinge os 2,2 milhões de pessoas, mas como poucos sabem onde fica o Sudão, isso pouco tem interessado à comunicação social.

A Líbia trouxe-nos mais de 1 milhão de refugiados, o mesmo número que o Iêmen, que tem mais de 16 milhões de iemenitas a sofrer com a fome extrema.

E, por último, em Mianmar, também surgiram mais de um milhão de refugiados Rohingya, os quais têm fugido da violência nesse país. Os Rohingya são uma minoria muçulmana apátrida de Mianmar.

Em relação aos refugiados sírios, venezuelanos, afegãos, sudaneses do sul, libaneses, Iemenitas e os Rohingya de Mianmar e todos os outros que aqui não estão representados, gostava de perguntar quantos de vocês se voluntariaram para os ajudar?

E quantas sanções têm sido defendidas nas redes sociais contra os países que fazem guerras e ajudam a criar esses refugiados?

E quantos portugueses colocaram a bandeiras dos países dos refugiados acima referidos nas suas redes sociais e/ou estiveram em manifestações de solidariedade em frente às embaixadas dos países que são alvo dessas guerras ou invasões militares ou dos ditadores que as mantêm?

Se alguém me conseguir explicar esta dualidade de critérios ou qual a razão para apenas agora as pessoas terem acordado, e ainda bem que acordaram, para começarem a dar ajuda humanitária a refugiados, eu ficarei agradecido.

Agora, o que é realmente importante perceber é que não é com mais ódio ou incentivos à guerra que vamos conseguir que a Ucrânia tenha paz na próxima semana ou até nas próximas décadas.

Assim, àqueles que, como eu, sem o publicarem, têm tentado ajudado refugiados ucranianos e não só, mesmo tendo acontecendo, por vezes, serem a favor de uma das partes do conflito, o meu muito obrigado, pois, vocês são verdadeiramente a favor da Paz, porque o refugiado, seja ele de país for, nunca tem culpa dos erros dos políticos que estão em gabinetes rodeados de luxo.

Finalizo este texto apelando à PAZ e a dizer que, na minha opinião, quase todos os políticos e os cidadãos que sentados no sofá e atrás do teclado têm incentivado à guerra, a pegar em armas ou a exigir sanções irracionais contra o povo russo, têm, para sempre, responsabilidade pelo sangue derramados dos inocentes (ucranianos e russos) nas vossas mãos.


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