Editorial

Os deuses devem de estar loucos!

Será que a Ordem dos Advogados está a ajudar ou a enterrar mais os profissionais?

Depois de uma larga e vasta ausência de editoriais, aqui estou eu a retomar novamente estas lides no Diário do Distrito, e neste retomar não posso deixar de falar do protocolo que a Ordem dos Advogados realizou com a entidade bancária BPI, um protocolo que diz beneficiar 33 mil advogados.

Ao ler a notícia deixada pelo senhor Bastonário da OA, despertou-me a atenção e fui ver se compreendia qual a prenda que a OA iria dar a esses 33 mil advogados.

Pelo que li consegui ver que o protocolo assinado entre as duas instituições, terá objetivos de manter um serviço aos associados com produtos bancários. Mas um protocolo que vai servir quem? Sim porque a maioria dos advogados estão com a corda na garganta e com necessidades extremas, existem casos em que o desespero é total que leva a que esses profissionais tomem uma das decisões mais duras da vida, decisões essas que não são solução, bem sei, mas com a crise que o setor vive atualmente, com as regras impostas pela CPAS e até pela própria OA, é cada vez mais complicado um simples advogado que até tem o seu escritório numa das divisões de sua casa, exercer com rigor e dignidade que a profissão deveria ser.

Mais à frente consigo ver que o protocolo ainda contempla o apoio à gestão da sua atividade profissional, com a conta Valor Commerce, mas será que este protocolo foi pensado para todos os profissionais que estão associados à OA?

Quando li que a OA tinha realizado um protocolo, fiquei todo contente, sim, confesso que pensei, é desta que a OA está a ver os seus associados com rigor e respeito, a instituição irá ser mais amiga dos advogados, mas afinal enganei-me.

Trata-se antes de um protocolo que, como a gíria popular diz “é um presente envenenado”, são produtos financeiros com mais despesas bancárias, e com o tal apoio à gestão que vai acumulando juros bancários. Então deixo aqui uma questão muito simples: Quantos advogados estão capazes de selar um acordo com o BPI?

A OA teve a preocupação de fazer um levantamento real das necessidades atuais dos seus associados?

Protocolo seria um em que a OA baixasse a quota mensal a todos os associados, ajudasse no sistema dos descontos da CPAS e até fizesse um protocolo com a Segurança Social para que os seus associados pudessem escolher na hora de descontar e contar com baixa médica, desemprego e reforma digna.

Agora, protocolos com entidades bancárias nesta altura de maior crise? Não, obrigado.

O benefício será sempre para aquelas grandes sociedades de advogados que trabalham com avenças de várias empresas e que não passam necessidades, agora para o comum advogado de província, o protocolo é meramente para a fotografia.

Tudo isto leva-me a questionar se a OA não pretenderá mesmo a total extinção dos advogados de «bairro», entregando assim, de «mão beijada» todos os casos às grandes sociedades de advogados, estrangulando ainda mais o acesso à justiça do povo português.


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