Opinião

OS CARROS DE LUXO DA NOSSA PRESIDÊNCIA DA UE

Uma crónica de Bruno Fialho.

Mais uma vez vou citar Francisco Assis, ex-deputado e militante do Partido Socialista, quando, em 2012, ele disse: «Qualquer dia querem que o presidente do Grupo Parlamentar do PS ande de Clio quando se desloca em funções oficiais».

Não sei se Francisco Assis tem uma aversão aos carros “Clio” ou se apenas está habituado a viver num país em que os sucessivos Governos preferem gastar milhões em viaturas de luxo; em jantares ou viagens em suposta representação do país, onde centenas de políticos e os seus amigos são presença constante nas respectivas comitivas; em renovações dos interiores dos gabinetes dos membros do Governo de cada vez que são nomeados; em avenças a milhares de assessores inúteis vindo das “jotinhas”, muitos dos quais, como se diz em bom português, “nem para lavar escadas servem”; em ajudas de custo milionárias, atribuídas a quem vive em Paris, quando devia de estar na Assembleia da República a trabalhar e em muitas outras coisas mais, que apenas satisfazem os bolsos de quem está na governação do nosso país há 46 anos.

Assim, ao bom sabor do despesismo Socialista, foi descoberto que a garagem do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde fica a sede da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, recebeu dezenas de automóveis de luxo para uso da nossa classe política.

Foram adquiridos pelo nosso Governo, através do sistema de aluguer, 125 viaturas. 40 Mercedes Classe E300, 40 Mercedes V250, e 8 viaturas de alta segurança, Mercedes S Guard, 36 veículos Toyota e um Lexus, que ficam ao serviço da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

Evidentemente tenho de concordar (ironia) com o Francisco Assis, pois onde já se viu um deputado ou ministro, por exemplo, da Holanda, a andar de transportes públicos ou até de bicicleta?

E adquirir carros com valor abaixo dos 50 mil euros, jamais! Mas somos alguns pindéricos para ter de andar de “Clio”?

Infelizmente os meus pais nunca tiveram um carro, o meu pai por opção, porque nunca tirou a carta de condução e a minha mãe por razões de saúde.

Por essa razão e porque nasci no seio de uma família sem grandes posses, não compreendo como muita gente prefere não ter dinheiro para comer, mas tem de ter um carro de luxo ou aceita que quem devia de servir o país e não se servir dele (Políticos), tem coragem de pensar que um “Clio” não é digno de um presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Mas a competência dos nossos políticos aumenta por eles andarem em carros topo de gama? Se fosse assim, Portugal estava bem melhor do que a Austrália e o Canadá.

Evidentemente que não tenho uma visão miserabilista da governação de um país e considero que podemos ter alguns (muito poucos) veículos de luxo, para usar nas visitas oficiais que os Chefes de Estado de outros países fazem ao nosso país, pois há certos protocolos que têm de ser cumpridos.

Todavia, alguém considerar normal a aquisição de viaturas de luxo para que os nossos políticos as possam usar a seu bel-prazer e no dia-a-dia, isso não! É uma vergonha nacional!

Temos um SNS em colapso, não contratamos pessoal médico suficiente há décadas, alguns aparelhos não são adquiridos pelos hospitais porque nunca há verbas, filas de espera de anos para cirurgias urgentes, mas dinheiro para os carros de luxo há sempre, porque não podem deixar de ser adquiridos.

E porquê? Talvez porque são negócios que interessam manter, porque há sempre algum político que ganha com isso…

Porque ao fazer a compra ou o aluguer das viaturas em nome do Estado, é normal haver políticos que fiquem com um carro para ele ou para um familiar, sem ter de pagar (comissão).

É anormal que os portugueses não se indignem com estas coisas, mas adiram a campanhas mediáticas, como pintar os lábios de vermelho quando um político faz um comentário infeliz sobre uma sua opositora, ou acham normal que deputadas como a Cristina Rodrigues, ex-PAN, proponham a criação de Grupo de Trabalho para “conflito entre humanos e gaivotas” ou alterações ao Código de Trabalho que permitam a justificação de faltas por assistência aos animais de companhia.

Assim, com o aluguer destas viaturas de luxo, o Estado gastou cerca de 600 mil euros, quando por muito menos desse valor, os políticos poderiam andar de um lado para o outro, em viaturas de gama média.

O que vale é que uns gritam contra os ciganos, outros defendem e dão albergue a racistas negros que querem matar a polícia, outros chamam cobardes aos médicos, outros não fazem oposição e outros querem tudo privado, mas ninguém fala em mudar o que realmente é importante, ou seja, Portugal e a mentalidade dos portugueses, que aceitam tudo passivamente e lutam pouco.

Enquanto o povo estiver entretido com questões secundárias, os ilusionistas da política continuaram a mentir e a roubar o povo.

Até quando é que os portugueses vão consentir tudo isto?


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