Opinião

Os animais têm de ser protegidos! Mas, e os humanos?

Ninguém pode ficar indiferente à crueldade a que aqueles animais foram sujeitos, há quanto tempo é que a mesma durava, poucos devem de saber.

O que se passou em Santo Tirso foi uma enorme tragédia e os responsáveis pelas atrocidades que vimos terem sido cometidas contra os animais devem de ser formalmente acusados perante a justiça e condenados.

Depois desta tragédia, foram milhares os que se manifestaram em frente à Câmara Municipal de Santo Tirso a exigir a “cabeça dos responsáveis” e nestes últimos dias sucederam-se episódios de ataques violentos contra quem está acusado de maltratar animais.

Mas é aqui que tudo fica muito confuso e, por essa razão, questiono qual o caminho que sociedade portuguesa está a seguir, senão vejamos:

Quantas mulheres, em cada ano, morrem, são violentadas ou agredidas e não se vêem manifestações contra os seus agressores com o mesmo ódio visceral que temos observado nos últimos dias contra quem maltrata animais?

Quantas crianças são abusadas sexualmente todos os anos, ficando com a sua vida completamente destruída, quando os pedófilos levam apenas uma “bofetada na mão” do juiz e, na maior parte das vezes, ficam em liberdade com penas suspensas sem que, mais uma vez, observemos manifestações ou ataques violentos a quem comete um dos crimes mais atrozes da humanidade?

Quantos lares de idosos sem licença maltratam aqueles que deixam as suas parcas reformas nesses sítios sombrios, deixando-os a morrer lentamente e sem qualquer dignidade, sem que se façam ataques aos mesmos ou manifestações nas Câmaras Municipais a exigir o seu encerramento?

Poderia continuar com dezenas de exemplos, mas penso que estes 3 são o suficiente para conseguir transmitir o meu ponto de vista.

Mas, perante tudo o que se passou em Santo Tirso, existe algo ainda me inquieta.

Se aquele canil já tinha sido alvo de uma investigação e formalmente acusado de maltratos aos animais, pergunto o seguinte: por onde andavam os mais de 184 mil peticionários que, em menos de uma semana, assinaram a petição a apelar justiça pela falta de prestação de auxílio aos animais do canil cantinho 4 patas em Santo Tirso?

Qual a razão para que, só naquele canil, existissem tantos animais abandonados, já que 184 mil pessoas há muito que teriam conseguido adoptar todos os animais em Portugal que vivem em canis em condições degradantes.

E agora? Será que por milagre os canis ou abrigos deixaram de ter animais, pois os 184 mil peticionários deixaram de se manifestar ou de ter comportamentos violentos contra quem maltrata animais e acolheram todos aqueles que foram abandonados por donos egoístas?

Assim, questiono, sem menosprezar a importância de protegermos os nossos animais, como é que é  possível que o mesmo sentimento de revolta que fez milhares de pessoas assinarem a petição e muitas outras terem comportamentos extremamente violentos na defesa dos animais, não os fez assinarem as petições por Pedrógão Grande e outras similares ou sequer defender, com a mesma força, as mulheres, crianças e idosos indefesos deste país?

Considero a defesa dos direitos dos animais algo importante, mas a vida humana é muito mais importante.

Por último, penso que devemos reflectir sobre a razão para que muitos portugueses  estejam mais indiferentes ao sofrimento do seu semelhante e mais sensíveis ao sofrimento dos animais.

Os animais devem de ser protegidos, sem dívida! Mas, e os Humanos?


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