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OPINIÃO – Privilégios e imunidades no Seixalgrado

Esta semana, um artigo de opinião de Marlene Pires Abrantes, presidente da Concelhia do CDS-PP Seixal. 

O Seixal, denominado pela já não maioria CDU como o concelho de Abril, aquele que eu gosto chamar “Seixalgrado” da CDU (uma espécie de gosto desgostoso), tem sido uma vaca sagrada no país. No entanto parece que desde as últimas eleições autárquicas, aquelas em que a CDU teve de engolir o crocodilo da perda da maioria absoluta, que muito se tem sabido, não é fácil guardar segredo num município que emprega cerca de 1540 pessoas e consegue pagar mais de 1 milhão de euros por ano só em horas extraordinárias. Dito por funcionários da autarquia (anonimamente), fazem horas extra porque ganham mal. Ganham mal? Mas a CDU não defende vencimentos altos? Parece que aquela frase “no melhor pano cai a nódoa” assenta como uma luva no “Seixalgrado” da CDU.

É de saudar que a perda da maioria absoluta também tenha trazido a lume o desespero que leva a CDU a ter a necessidade de comprar publicidade às paletes, cujos números já referi no meu artigo de opinião anterior! Também é verdade que a CDU tem de manter junto de si aquela parcela de votantes que votam em si: os sindicados. Não foi por acaso que deu de mão beijada à CGTP um espaço na Mundet onde esta central sindical, possa ter um espaço de história, o que lhe deu margem para aproveitar a bolha imobiliária à moda do camarada Robles para fazer render 10 milhões de euros em imobiliário. Se recuarmos a 2012 foi diferida a autorização para disponibilização de um autocarro municipal para levar os sindicalistas às manifs. Vou lembrar-me disto sempre que me lembrar dos 10 milhões de euros que a CGTP encaixou com a venda de património.

É de saudar que a perda da maioria absoluta também tenha trazido a lume as opções e o passado recente da autarquia do “Seixalgrado” no âmbito dos realojamentos. Sabe-se que os moradores de Vale de Chícharos, julgo Jamaica, deveriam ter sido realojados ao abrigo do PER em 1993, e de acordo com Vítor Reis (ex-Presidente do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana), o “Seixalgrado” “só incluiu no PER algumas barracas térreas que existiam na parte circundante aos lotes inacabados do bairro da Jamaica”. Na mesma entrevista ficamos a saber que “em 2009, foi assinado entre o IHRU e o município um contrato de promessa compra e venda mediante o qual o IHRU lhe transferia várias parcelas de terrenos sobrantes da Quinta do Cabral e a autarquia realizaria os arranjos exteriores deste bairro e os do Fogueteiro. O município nunca deu execução ao contrato. Em maio de 2010, houve um pedido da Câmara Municipal para uma candidatura ao Prohabita, mas nunca foi remetido o ficheiro com o respetivo recenseamento, nem formalizou a candidatura.” Tão típico da gestão autárquica da CDU no “Seixalgrado”: denunciar problemas, exigir aos Governos a sua resolução, mas nunca dar seguimento aos processos (o mesmo acontece com a loja do cidadão) e assim se consegue arrastar problemas anos e anos para ter sempre algo para contestar e exigir. Também seria bom que o país e o concelho de Abril ponham os olhos nas condições precárias onde vivem também as pessoas de Santa Marta de Corroios.

É de saudar que a perda da maioria absoluta tenha igualmente trazido a lume situações ligadas à Festa do Avante. Também já escrevi um artigo de opinião sobre isto no âmbito o estacionamento desenfreado bem como os acampamentos descontrolados, sem acautelar os direitos dos moradores; no campo da discriminação contra homossexuais, a lamentar as agressões dentro do recinto designadamente pelo motivo da discriminação de género; e não menos importante a proibição da venda do livro de Luaty Beirão, sem uma tomada posição seja em que formato for dos “Mamadous” desta vida! E agora surgem, sob o véu de documentos comprovativos, indícios de más práticas da parte do executivo CDU Seixal: a promiscuidade entre o poder municipal e a festa privada do partido político PCP, o partido mais rico do país, com mais património e que rejeita liminarmente ter de pagar IMI. Sabe-se agora que, apesar de afirmarem desde sempre que a Festa do Avante era feita por voluntários, a verdade veio ao de cima: a festa que não paga impostos é feita com recurso ao erário público. E nem me estou a referir à recolha de lixo. São pagas horas extraordinárias, cujo montante a autarquia comunista se recusa a revelar, a funcionários municipais, quando a obrigação seria do PCP. É curioso que a Câmara Municipal do Seixal não se pronunciou sobre as notícias relativamente à precariedade no bairro da Jamaica, e sobre o artigo da Visão teve a autarquia o descaramento de comparar a Festa do Avante, partidária, fechada e paga (é sempre importante sublinhar estes factos) com as festas populares do concelho. E nunca no mesmo desmentido, desmentem o pagamento de horas extraordinárias aos funcionários, quiçá pertencentes simultaneamente ao município e ao PCP.

Provavelmente haverá muito mais a revelar sobre todas as omissões e mais algumas, e sobre pressões para se calar o que não agrada ao regime. Esperemos que sigam a velha máxima “não se utiliza a família como arma de arremesso”.

Atualmente o PCP do Seixalgrado tenta desviar atenções para o problema da poluição em Paio Pires, uma verdadeira ameaça à saúde pública, que sendo da responsabilidade da MEGASA ou não, a autarquia soube em audição no parlamento ontem chutar responsabilidades para o poder central e na reunião com a Administração da MEGASA desdramatizar as queixas da população e insistir no fator “comunicação”. A autarquia teima que a MEGASA deve abrir as portas à população para provar que é segura, ignorando o factor segurança. Mas a já não maioria absoluta também tem o seu “quê” de responsabilidade: sabendo que estava ali uma indústria, poluente ou não, não se inibiu de passar licenças de habitação nas redondezas. Posto isto, relembro as palavras do Presidente da Câmara Municipal do Seixal ao Boletim Municipal do Seixal (n.º 720) em novembro de 2018 na reunião/ visita à MEGASA: “«Uma fábrica desta importância tem sempre impactos ambientais e nesta visita pudemos constatar o investimento em tecnologia e sustentabilidade, que torna possível a coexistência entre a produção nacional e a qualidade de vida das Populações», explica Joaquim Santos.”

E sobre isso cabe a cada um tirar as suas conclusões.


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2 Comentários

  1. Pois o CDS deveria fazer muito mais do que faz na região. Não o oiço. O candidato de corroios não convencia ninguem. Corroios teve cerca de 50% abstenções. Não acredito que o parque Luso seja PCP. Há que motivar as pessoas a votar. So aí conseguem mudar
    Desejo-vos sorte

    1. Cara Otília, agradeço o seu comentário e informo que será tido em consideração de futuro. Em todo o caso, o CDS tem apenas 1 eleito na Assembleia Municipal, pelo que não tem muita margem para fazer muito mais. Cumprimentos

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