Opinião

O vírus, a economia e a luta pela nossa sobrevivência

“Esta é uma luta pela nossa sobrevivência”, foi de forma dramática que António Costa procurou fazer ver ao país o árduo caminho que temos pela frente, desta vez o governo não procurou menosprezar o problema, até porque a realidade era incontornável, de facto travamos uma luta pela vida.

O que eu não tinha percebido é que não se trata “apenas” de sobrevivência física, de saber quem morre e quem vive, trata-se também de uma luta por tudo o que damos por adquirido. O que eu não estava à espera era que num momento de tragédia como o que vivemos, estivéssemos agora a discutir o futuro da europa e do projecto europeu.

Quando é a nossa sobrevivência que está em causa não nos devemos desviar do foco: o combate àquilo que pode comprometer a nossa existência. Aquilo que põe a nossa vida em causa sabemos o que é, um vírus chamado SARS-CoV 2, o primeiro-ministro pode vir agora ensaiar o seu momento Pedro Nuno Santos, no seu agora mais cómico que trágico: “os banqueiros alemães até tremem se dissermos: não pagamos”, não é disso que precisamos agora, o que os portugueses exigem é a verdade, verdade essa à qual Costa faltou quando disse que “não falta nada nem é previsível que venha a faltar” no SNS, para logo a seguir ser desmentido numa carta aberta escrita pelos bastonários das Ordens dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos.

Faltam máscaras, faltam equipamentos de protecção individual, faltam viseiras, ainda não faltam ventiladores mas é possível, ao contrário do que disse António Costa que venham a faltar.

Fernando Fragata médico e vice-reitor da Universidade Nova, proferiu as seguintes declarações a 12 de Novembro de 2019, na Convenção Nacional de Saúde: “o SNS está muito perto do ponto de não retorno” e ainda “o subfinanciamento do SNS pode conduzir ao que se passou com o cavalo do escocês, que foi sendo alimentado cada vez com menos e com ração que o escocês ia cativando. Quando já estava acostumado, morreu”, https://observador.pt/2019/11/12/jose-fragata-diz-que-a-saude-esta-perto-de-ponto-de-nao-retorno-e-tem-de-ser-prioridade-da-legislatura/.

Não é de agora que faltam meios ao Serviço Nacional de Saúde, esse problema não é novo, naturalmente uma pandemia desta gravidade traz à superfície todas as carências acumuladas. Mas traz também o melhor que o SNS tem, as pessoas. Médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, farmacêuticos e auxiliares, são estas pessoas que fazem o SNS e naturalmente ficam estupefactas quando ouvem o primeiro-ministro dizer que não falta nada nos hospitais, já faltava antes senhor primeiro-ministro e agora falta ainda mais.

Os tempos que se avizinham são difíceis, reconheço que não queria estar no lugar dos membros do governo. O repto que lhes lanço é que não procurem inimigos externos, durante demasiado tempo procurámos lá fora, nos outros, a causa do nosso insucesso ou do nosso fracasso, felizmente a nossa situação não é ainda a situação de Itália, tivemos mais tempo que eles, temos a obrigação de fazer melhor.

Não nos podemos desviar do essencial, combater o vírus, salvar vidas e proteger a economia e não combater ministros das finanças estrangeiros. Não podemos morrer da cura. Ao contrário de Rui Rio, não aceito que a pandemia suspenda a democracia e iniba o líder da oposição de fazer o seu trabalho, apontar os erros do governos e dizer o que faria diferente. É exactamente agora que mais necessitamos de um líder da oposição corajoso e com um caminho alternativo. Se não for Rui Rio, outros o farão por ele.


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