Opinião

O preço do óleo

Uma crónica de Bruno Fialho

Há vários meses que os preços dos bens de primeira necessidade e outros que, mesmo não o sendo, são essenciais para mantermos uma vida digna, têm vindo a aumentar assustadoramente.

Por exemplo, 1 litro de óleo de fritar de uma marca de referência custava, em Janeiro passado, 1,49 euros e hoje em dia custa 3,99 euros, ou seja, mais do que duplicou o seu preço!

A juntarmos ao preço do óleo de fritar temos o aumento do preço dos combustíveis que, em Maio, ultrapassaram os 2 euros por litro.

O pão, cereais e carne, desde Janeiro, tiveram os preços agravados e a desculpa passou a ser a guerra na Ucrânia, quando na verdade são as sanções económicas impostas à Rússia que se voltaram contra a Europa.

Todavia, relembro que a decisão de manter a economia parada durante dois anos por causa de uma alegada pandemia, que nem sequer foi a principal causa de mortalidade nos vários países que adoptaram restrições irracionais, foi o verdadeiro motivo do descalabro económico em que nos encontramos.

Mas, ao contrário do que possa parecer, na verdade está tudo bem, pois não vemos convulsões sociais contra o aumento dos preços dos bens essenciais ou até dos combustíveis.

Ou seja, o Governo tem-nos bem amarrados à psicose de que nada se pode fazer contra o que é determinado pela Europa ou contra aqueles grupos económicos que comandam os destinos dos vários países europeus e nada faz em relação a uma redução do IVA ou outros impostos.

No entanto, percebo que António Costa pense que tem razão, pois, se ninguém ou muitos poucos reclamam, a sensação que ele terá é que o povo está contente com tudo o que se passa.

Aliás, ele venceu as eleições por maioria absoluta em Janeiro e isso já diz muito.

Eu próprio começo a duvidar se sou eu que estou a ver mal as coisas ou se, mês após mês, o dinheiro só reduz cá em casa.

Será que a resiliência natural dos portugueses e a sua facilidade em se adaptarem a qualquer adversidade é a causadora da falta de protestos contra o aumento dos preços ou será que passámos a ser um povo cobarde que aceita um novo estilo de ditadura?

Se um gato ficar preso numa árvore, milhares de pessoas se unem no local ou nas redes sociais e são capazes de fazer de tudo para que o gato seja salvo.

Se um português ou a sua família passa fome, a maioria é capaz de dizer que a culpa é mesmo dele, porque não conseguiu prover ao seu sustento ou da sua família, sem conseguirem pensar que 705 euros mensais, que é o actual ordenado mínimo nacional, não chegam para podermos ter uma vida digna e colocar comida (decente) todos os dias na mesa.

A humanidade tem vindo rapidamente a perder-se e a culpa não é da falta de dinheiro ou do aumento do preço dos bens, mas sim da incapacidade em nos revoltarmos contra a miséria e a escravatura em que os governos nacionais e até os europeus nos querem colocar, para que eles possam governar à vontade e roubar aquilo que quiserem sem qualquer escrutínio.

Em todos os séculos sempre existiram povos escravos, neste parece-me que, sem uma verdadeira revolta e não a que aconteceu em 1974, os portugueses irão ficar conhecidos como os novos escravos da Europa.

Fico a aguardar que o preço do óleo suba para os 5 euros e que o dos combustíveis também, pois, talvez, só nesse momento é que teremos a confirmação de que, afinal, somos um povo de cobardes ou um povo que tem a coragem para se revoltar contra o tipo de governação que há décadas nos tem vindo a tornar cada vez mais pobres e dependentes do que um grupo de famílias decide.

O verdadeiro preço do óleo é o da Liberdade e se a perdermos por completo vamos pagar muito caro pela nossa cobardia.


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