Opinião

O Desgoverno

Passaram-se cinco anos desde o trágico ano de 2017, em que Portugal andou nos tablóides internacionais pelas piores razões. De maio a outubro contabilizaram-se mais de cem mortes por incêndio florestal. Mais de cem! Leu bem o leitor e avivada a memória, custará até a acreditar na brutalidade dos factos.

Numa altura em que o Partido Socialista ainda tinha o mínimo de decoro político [vulgo vergonha], a Ministra da Administração Interna, apuradas as devidas responsabilidades na gestão de combate aos incêndios florestais, acabou por ser exonerado. Pelo meio, os portugueses ficaram a saber que havia um SIRESP e que o mesmo tinha falhado na prevenção ativa dos cidadãos.

O quadro parecia evidente, a falta de coordenação entre as várias forças de segurança e proteção civil imperava e o desprezo Socialista pelas forças de segurança levaria à destruição de uma vasta parte da nossa área florestal, e pior, levaria à perda de tantas vidas, que por si só justificariam a demissão do primeiro-ministro António Costa. 

Passaram-se cinco anos, e pelo meio o País ficou a saber que em matéria de combate aos incêndios florestais, os esforços do governo eram dirigidos à aquisição das famosas golas antifumo, tão envoltas em polémica como já nos habituaram os socialistas.

Esta semana Portugal voltou a ser arrasado por uma onda de incêndios e o nosso distrito sentiu-o na pele. Quarta-feira dia 13 de julho vimos os concelhos de Palmela e Setúbal serem devastados pelas chamas perante a sempre presente coragem e tenacidade dos bombeiros. A história repete-se, os autarcas atiram culpas ao governo e o governo arreda-se das suas responsabilidades. Valham-nos os bombeiros, que tão maltratados têm sido por este governo, arriscando ano após ano as suas vidas com condições laborais verdadeiramente precárias, quando há muito, as suas carreiras já deviam ter sido profissionalizadas. 

Por tudo o que acompanhei destes incêndios expresso aqui uma palavra de louvor pela forma rápida e solidária com que as populações locais (Palmela e Setúbal) acorreram aos quartéis de bombeiros levando bens alimentares.

Uma vez mais, a história repetiu-se. As populações viram uma parte das suas vidas assoladas perante a escassez de meios dos nossos bombeiros e a passividade governante. Palmela resistiu, mas há danos que são irreparáveis. Por tudo o que aqui se disse, é tempo dos portugueses se perguntarem: O que foi feito nestes cinco anos? Pouco, ou mesmo nada.

No fundo e para mal de todos nós, o habitual.

Ricardo Costa, vice-presidente da Comissão Política Distrital de Setúbal


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